Amanhã, dia 27 de Novembro de 2012, será mais um dia negro para a História de Lamego, com o início do processo de destruição da imagem do nosso centro histórico (designado por eixo barroco).
Este executivo camarário ficará na história como o praticante de um crime de lesa património por destruição completa da magnífica imagem de marca da nossa cidade, considerada a sala de visitas de Lamego.
O actual executivo, em vez de construir obra nova onde não existe nada, insiste em destruir o existente, segundo padrões mais que duvidosos de uma pretensa "requalificação urbana", alterando uma das imagens mais belas e marcantes de Lamego, que faz as delícias e o encanto de todos os turistas que nos visitam.
A concepção romântica, datada, histórica e patrimonial, do nosso centro urbano será destruída e substituída por uma solução igual à que se tem praticado na esmagadora maioria das cidades portuguesas, dando cabo da nossa singularidade e diferença, para passarmos a ter uma imagem banal e igual à de dezenas de outros centros urbanos espalhados por todo o Portugal.
Assim se destrói o que é singular e único, e se constrói o que é trivial e comum em quase todo o lado, a pretexto de um "modernismo" que mais não é que um conceito foleiro e ultrapassado de pretenso desenvolvimento, que de desenvolvimento, em boa verdade, nada tem!
A Coligação PSD/CDS-PP, pelos senhores Eng. Francisco Lopes, Presidente da Câmara de Lamego, Dr. António Carreira, Vice-Presidente da Câmara e os senhores Vereadores Dr.ª Marina Valle, Prof.ª Margarida Duarte, Jorge Osório e Manuel Coutinho serão os carrascos da morte inqualificável de um centro histórico notável, de uma beleza inigualável em qualquer outra cidade de Portugal, e ficarão na História de Lamego como os responsáveis por este inqualificável atentado ao Património Histórico e Urbano da nossa Cidade.
Há uns meses atrás, o senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego garantiu-nos que nada seria feito sem se proceder a testes de eficácia ao circuito rodoviário, ensaiando os fluxos de trânsito com a supressão da rotunda do Soldado Desconhecido. Mas a verdade é que amanhã esta coligação se prepara para aprovar a execução da obra de "requalificação" deste "eixo barroco" sem que que algum teste tenha sido feito, como ficou prometido. A palavra do senhor Presidente da Câmara vale exactamente isto... nada!
A 20 de Março de 2012, deixei a minha consideração genérica sobre este assunto, optando pela abstenção por achar que o senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego honraria a palavra dada e procederia ao teste do trânsito rodoviário que se impunha fazer no centro da cidade. Amanhã, desfeitas as dúvidas sobre a sua falta de palavra, e com base nos mesmo pressupostos que usei nessa reunião da Câmara, votarei CONTRA este crime patrimonial que vai ser feito à cidade de Lamego.
Eis aqui o extrato da acta da Câmara de Lamego, de 20 de Março de 2012, que pode ser consultada no respectivo sítio internet da Câmara Municipal de Lamego:
"11-ASSUNTO: REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO DO EIXO BARROCO – RATIFICAÇÃO DE DESPACHO (COD 41)
Presente à reunião a proposta de deliberação n.º 122/41/12 do senhor Presidente da Câmara para que face ao teor da informação n.º 45, de 6 de março de 2012, emanada da Divisão de Obras Municipais, seja ratificado o seu despacho datado de 8 de março de 2012, no qual aprovou o projeto e demais peças a patentear ao concurso para “Requalificação do espaço público do Eixo Barroco” e autorizou a abertura de concurso público.
Deliberado: Aprovado, por maioria, com a abstenção do senhor Vereador Agostinho Jorge Paiva Ribeiro que proferiu a seguinte declaração de voto: “Abstive-me na presente deliberação por entender que o projeto de requalificação do centro histórico de Lamego possui muitas debilidades e aponta soluções de natureza urbanística com as quais não concordamos, já que destrói uma parte significativa e consolidada da “imagem” de Lamego, sem que as alternativas propostas denunciem efetivas melhorias ao existente. Não melhora, do ponto de vista estético, a beleza existente e que já é a “marca” de Lamego; não resolve, antes prejudica, a circulação rodoviária no coração da cidade; e destrói uma componente da história urbanística da nossa cidade, retirando-lhe identidade e singularidade, transformando o centro histórico de Lamego num espaço público idêntico a tantos outros que vemos em cidades de idêntica dimensão a Lamego. Não se vislumbrando quaisquer mais valias, a não ser as que decorrem da renovação e reparação de toda a rede de infraestruturas da zona baixa da cidade, que todos reconhecemos que precisa de ser “tratada”, mas reconhecendo que se torna necessário operacionalizar o que a coligação já decidiu anteriormente sobre este mesmo projeto, opto pela abstenção, na certeza de que será esta mesma coligação (PSD/CDS-PP) a única e exclusiva responsável pela destruição de mais uma parcela relevante do nosso património histórico citadino”.
O senhor presidente da Camara referiu que discorda totalmente da posição manifestada pelo senhor vereador Agostinho Ribeiro, pois não considera que pavimentos banais e degradados, iluminação antiquada e ineficiente, mobiliário urbano paupérrimo, estacionamento caótico onde deveria haver primazia aos peões e trânsito congestionado no centro da cidade possam ser considerados "imagem" consolidada ou "marca" de Lamego. A riqueza de Lamego é o seu património edificado e o dinamismo dos seus comerciantes e empresários, que necessitam e merecem a renovação e melhoria da funcionalidade das avenidas Visconde Guedes Teixeira e Alfredo de Sousa, à semelhança do que tem sido feito um pouco por todo o país.
Ausente o senhor Vereador António Pinto Carreira."
Nota final - consumada a decisão camarária, verificamos que tudo decorreu como eu previ neste escrito, à excepção do voto do senhor Vice Presidente da Câmara que, por ter estado ausente, não votou esta proposta de adjudicação. Que fique registado, para memória futura.
28 de Novembro de 2012.
Agostinho Ribeiro
Nota final - consumada a decisão camarária, verificamos que tudo decorreu como eu previ neste escrito, à excepção do voto do senhor Vice Presidente da Câmara que, por ter estado ausente, não votou esta proposta de adjudicação. Que fique registado, para memória futura.
28 de Novembro de 2012.
Agostinho Ribeiro