Quando, em Fevereiro deste ano,
escrevi neste blogue o texto sobre a empresa municipal, com o título “Lamego Convida, uma empresa ruinosa para os
cofres municipais”, já se sabia que esta empresa, mais cedo que tarde,
teria o destino de todas as restantes empresas públicas que apenas servem para
exaurir as finanças públicas – seria extinta, por razões de total e completa
insustentabilidade financeira!
É curioso que aquele texto que
então escrevi, particularmente crítico ao modelo de gestão adoptado para
algumas infraestruturas municipais, foi censurado
por um jornal regional, não o publicando, o que me levou a ter que o colocar
neste blogue criado por mim, para não ficar eu permanentemente dependente de actos de
censura por quem detém o poder de o fazer, não contribuindo assim para a
pluralidade de opinião e, certamente, para o exercício saudável da própria
vivência democrática.
Agora, foi-nos apresentado o
Plano de Actividades e Orçamento para 2013, na última reunião do executivo camarário, que é uma verdadeira brincadeira de
muito mau gosto, pela inenarrável projecção estimada das receitas que ali estão
consideradas.
Como todos sabemos muito bem, o
Documento Verde da Reforma da Administração Local já previa, nos idos de
Setembro de 2011, que as empresas públicas municipais que apresentassem “um
peso contributivo dos subsídios de exploração, por parte do respectivo
Município, superior a 50% das suas receitas” seriam extintas.
Ora a Lamego Convida sempre foi,
desde a sua fundação, absolutamente deficitária, com mais de 75% das suas despesas
a serem suportadas pelos subsídios de exploração.
É claro que sempre foi nosso
entendimento que a prestação dos serviços culturais e desportivos, na sua
componente social, deveria ser suportada pelo Município, mas noutros moldes
gestionários, que não fossem tão pesados nem financeiramente descontrolados para
a Câmara Municipal de Lamego.
Posto isto, verificamos que este
Plano prevê um encaixe de receita própria para este ano de 2012, na ordem dos
759.215 €, quando o ano passado teve de receita própria efectiva a verba
de 335.591 €. Mas alguém acredita
nisto? Um aumento de 126% em relação ao ano passado, que em lado algum se
demonstra ou justifica, porque precisamente não tem qualquer demonstração ou
justificação possíveis.
Curiosamente, ou talvez não, o
relatório intercalar de gestão, referente ao 1º semestre de 2012 desta empresa
pública municipal, não foi ainda apresentada ao executivo municipal, como se
impunha fazer logo que tais contas intercalares fossem encerradas... Percebe-se
agora porquê!
E é depois com base nesta
“estimativa” do corrente ano, falsa como se antevê que seja, que se prevê para
2013 uma receita própria que “dispara” para os 3.854.463,38 €. Sim, isso mesmo,
é o que está lá escrito – perto de 4 milhões de euros de receitas próprias, não
se sabe vindas de onde nem em que circunstâncias, ali colocadas apenas porque
“sim”, sem qualquer explicação que nos alimentasse a esperança de que pudesse
ser real e verdadeira esta sublime projecção.
Ainda pensei que haveria
fundamento nesta receita, através de um plano de acções e eventos
suficientemente pormenorizado, pelo uso do Centro Multiusos de Lamego, que
assim poderia ser a “salvação” desta empresa, mesmo sabendo que o Tribunal de
Contas tenha “chumbado” a cessação do processo de transferência da gestão da
Lamego Renova para a Lamego Convida.
Mas a verdade é que na secção
referente ao Centro Multiusos não está rigorosamente nada programado. Nada! Nem
um evento ali se encontra plasmado, a dar-nos bem conta do desnorte completo
dos gestores desta empresa municipal, que não sabem o que hão-de fazer ao
“monstro” que a coligação PSD/CDS-PP criou, a pagar por todos nós,
lamecenses...!
Concluindo, esta "engenharia financeira" grosseira, é construída para ver se dá a ideia, ainda que de forma irrealista, de uma "performance" gestionária capaz de a libertar do destino inexorável da extinção...
Concluindo, esta "engenharia financeira" grosseira, é construída para ver se dá a ideia, ainda que de forma irrealista, de uma "performance" gestionária capaz de a libertar do destino inexorável da extinção...
É caso para perguntar se isto é
tudo, portanto, “apenas” uma “coisa” falsa, mentirosa, enganosa, errática, irreal... ou
simplesmente uma brincadeira de mau gosto?
Mas convém sempre não esquecer o que o Tribunal de Contas tem vindo a dizer sobre esta e outras matérias relacionadas com o Município de Lamego e empresas a ele ligadas, como é o caso da prudente e explícita recomendação de não criarem mais "ilusões de suficiência" que dão no que dão... Mas pelos vistos há quem não aprenda, ou não queira aprender, com os erros cometidos.
Mas convém sempre não esquecer o que o Tribunal de Contas tem vindo a dizer sobre esta e outras matérias relacionadas com o Município de Lamego e empresas a ele ligadas, como é o caso da prudente e explícita recomendação de não criarem mais "ilusões de suficiência" que dão no que dão... Mas pelos vistos há quem não aprenda, ou não queira aprender, com os erros cometidos.
Eles, de facto, brincam connosco,
e o dramático disto tudo é que os lamecenses parece que gostam deste tipo
suicidário de brincadeiras...
Agostinho Ribeiro.
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