terça-feira, 13 de novembro de 2012

Paga, lamecense, paga (que o teu pagar tem muita graça...)




A reunião de hoje do executivo camarário foi absolutamente exemplar das contradições e irresponsabilidades de uma coligação política que não sabe o que andou a fazer, não sabe o que anda a fazer, mas tem de perceber de uma vez por todas que tipo de malfeitorias está a permitir que se criem para o futuro de Lamego, sob a batuta do senhor Presidente da Câmara, que todos os dias nos surpreende com mais desacertos na gestão da coisa pública que buracos num queijo suíço...

Os exemplos repetem-se e traduzem-se em decisões lesivas das finanças e do interesse públicos, algumas a exigir mais atenção por parte do Ministério Público em Lamego, que não pode continuar a fazer de conta que nada se passa nesta terra, como se o bem público não fosse assunto de sua estrita competência.
Claro, já se sabe... Quem perde tempo a validar putativas difamações contra quem apenas diz a verdade (já judicialmente comprovada), não pode depois ter tempo para tratar das coisas que realmente interessam à causa e à vida públicas de Lamego... Pois com certeza!

Mas vamos ao que interessa:

1 – Este executivo decidiu manter a taxa máxima permitida por lei, de 1,5% de derrama para empresas com volume de negócios superior a 150.000 €, mesmo sabendo que as empresas estão a decrescer na sua capacidade operacional (por redução do volume de negócios ou por extinção de empresas), já que de 2011 para 2012 esta receita sofreu uma redução de 9%.
A situação é difícil, mas esta Câmara, “amiga” que é do empresariado lamecense, não dá margem de manobra aos empresários que apostam no nosso concelho, antes opta por manter a taxa máxima, mesmo sabendo que as receitas estão a diminuir drasticamente;

2 – Este executivo decidiu manter a taxa do IRS pela taxa máxima permitida por lei, em 5%, na participação variável para sujeitos passivos com domicílio fiscal no nosso concelho. A “amizade” deste executivo não se circunscreve às empresas mas abrange também as pessoas e as famílias lamecenses.
Quem servilmente agradeceu a recente decisão de redução da taxa do IMI de 0,5% para 0,4% com base no falso argumento de que a Câmara tinha que ser sensível às dificuldades das famílias lamecenses, quando podia e devia ter reduzido para a percentagem mínima de 0,3%, aqui tem a resposta cabal de tal sensibilidade – para uma obrigação fiscal também muito penalizadora dos munícipes, esta coligação assobia para o lado como se não fosse nada com eles;

3 – Já quanto à taxa municipal de direitos de passagem, que pouco ou nada afecta directamente os lamecenses, esta Câmara decidiu, e bem, não fixar qualquer taxa por, e cito “se entender que não devem ser os consumidores finais (público em geral) a pagar a taxa prevista naquela legislação...”.
Agora imaginem como não seria esta autarquia se fosse politicamente honesta e usasse estes mesmos fundamentos para todas as taxas e impostos, e não apenas para aqueles que nenhum benefício substantivo lhes confere financeiramente;

4 – Mas atenção, porque se a necessidade de arrecadar receitas impõe não deixar de penalizar os lamecenses pelas taxas máximas dos impostos possíveis, já quanto a tudo o que se relaciona com as empresas Lamego Convida e Lamego Renova a actuação é sempre para gastar e tentar “resolver” os interesses dos outros, que não os colectivos, não olhando a meios nem a métodos para o fazer.
Agora, este executivo aprovou uma proposta de aquisição, por parte da empresa pública municipal Lamego Convida, de TODAS as acções das empresas privadas da Lamego Renova, e cito “sempre que se revista de necessário acautelar a defesa do interesse público, na sequência de processos judiciais ou outros”.

5 - Portanto, para acautelar o interesse público, esta Câmara permite assim que a empresa pública municipal liberte os privados das suas eventuais responsabilidades futuras, neste processo rocambolesco, admitindo a aquisição de acções da TOTALIDADE dos parceiros privados de uma PPP, sem terem nenhuma informação técnico/jurídica que a sustente; sem saberem rigorosamente nada da gestão desta entidade, por inexistência de qualquer relatório de gestão desta empresa, previamente entregue ao município para análise das respectivas contas; e apenas com a certeza de que este negócio absurdo (para não dizer outra coisa) terá que ser previamente visto pelo Tribunal de Contas. É este o “conforto” que esta Câmara tem, para justificar uma anuência completamente despropositada e absurda.

6 – Mas também já chegou a autorização governamental para o Programa de Apoio à Economia Local (Programa II) o que significa que uma parcela substancial da dívida obscena que esta coligação contraiu junto de fornecedores (cerca de 16 milhões de euros), vai transitar para a banca. Mas transitar de vários credores para um único credor não significa que a dívida deixou de existir. Ela continua a existir, vai ter que ser paga, e o programa impõe regras muito restritivas e condicionadoras da actividade municipal. Com custos irreparáveis para muitos lamecenses, como dolorosamente veremos, não tarda muito...

Portanto, se a aplicação deste Programa servir apenas para aliviar momentaneamente a pressão dos fornecedores, para logo a seguir continuar a aumentar indefinidamente a dívida pública municipal, então não servirá para nada, porque a má gestão autárquica continuará a ser a “imagem de marca” desta coligação PSD/CDS, com resultados dramáticos para o nosso Concelho.

E no fim, quem paga tudo isto?

Agostinho Ribeiro

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