(Publiquei alguns comentários na cronologia do Grupo Lamego, a propósito das obras do Eixo Barroco, no centro urbano da nossa cidade. Como os comentários passam e depois será difícil reencontrá-los no conjunto dos sucessivos "posts" que se vão colocando todos os dias, entendi que seria oportuno mantê-los de fácil acessibilidade e leitura, para quem quiser ler, concordar ou contraditar. Por isso aqui os deixo exactamente como os escrevi, apenas omitindo os nomes dos destinatários e fazendo uma breve nota preambular quando o comentário corresponde a uma resposta a alguém.)
Estes foram os dois comentários colocados a seguir ao comentário de alguém que tinha remetido para o site do projecto Viver Lamego, onde o projecto da obra está sumariamente apresentado. O endereço é <http://www.viverlamego.com/espaco-publico-do-eixo-barroco>
O terceiro comentário, ainda que na sequência dos anteriores, já remete para outras questões de natureza municipal.
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Esta descrição aqui trazida por x é uma enorme mistificação do que vai acontecer, redigida com o propósito de validar com argumentos baseados em convicções não provadas nem demonstradas, nem testadas, como se pediu e não se fez, precisamente por saberem que estão (estavam) a laborar num profundo erro.
A história das árvores, por exemplo, que serão plantadas no eixo da via à frente do Teatro Ribeiro Conceição, ao invés de promover a visibilidade dos espaços urbanos vai, precisamente pelo contrário, fechar e destruir tal visibilidade, como é evidente, a não ser que plantem árvores transparentes.
Todo o património edificado, observável do Largo de Camões (frente ao Museu) vai ficar tapado pelas novas árvores que se vão plantar na zona e que servem para explicar porque razão irá haver mais árvores.
Do mesmo modo isso vai acontecer na zona da rotunda, com as árvores que ali serão plantadas e que fará perder a amplitude da visibilidade e fruição do edificado, como acontece agora. Ou será que não se aperceberam disso?
Por favor, pensem com a vossa cabeça e não com as verdadeiras tretas que naquele texto está escrito.
O passeio pedonal contínuo é um benefício absolutamente irrelevante perante os prejuízos que tal opção vai causar.
O passeio pedonal serve muito pouca gente (e eu até sou um dos privilegiados que irá beneficiar com isso, mas acho que o interesse público deve estar acima do interesse pessoal) e a verdade é que para haver esse passeio, terão que extinguir a rotunda e, por favor, pensem no que vai acontecer sem aquela rotunda a servir de escapatória imediata para o trânsito, sobretudo dos pesados.
É fácil imaginar o que vai ser, é só olhar para as centenas de viaturas que todos os dias pressionam o nosso centro e depois imaginar o que vai acontecer sem a rotunda, tendo todas as viaturas que circular pelas vias alternativas que não estão dimensionadas para suportar o trânsito que até hoje tem a escapatória permitida pela rotunda.
Fizeram-se testes de eficácia rodoviária às alterações produzidas? Sabemos como suportarão as ruas secundárias e residenciais (Fafel, Bernardo Pinto de Aragão, Columela, Justino Pinto de Oliveira e Alfredo de Sousa) ao aumento exponencial de viaturas que, no sentido descendente da Av. 5 de Outubro terão que sair por algum lado? Fez-se algum teste? Algum ensaio? Algum estudo prévio?
Assegurar que vai haver melhorias, mesmo comerciais, no centro urbano depois destas obras, é outra falsidade facilmente desmontável. Com menos estacionamento, muito menos do que o que existe (numa média de perda de 2 lugares para cada 3 actualmente existentes) a que se acrescenta o estreitamento de toda a via e a impossibilidade de paragens mesmo momentâneas ao longo de toda a extensão da via vai levar a um forte impedimento de actividade comercial no dia a dia dos estabelecimentos no lugar, como não pode deixar de ser. É claro que o lazer, sobretudo no período do Verão vai ser melhor, não temos dúvidas, mas isso irá contribuir para uma melhoria significativa da actividade comercial e residencial da zona? Pois eu, estou convencido que não!
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Ou seja, não gosto do projecto e tenho todo o direito de não gostar. Não encontro mais valias tão evidentes como as que nos querem meter pelos olhos dentro e é facilmente demonstrável a fragilidade das opções. Mas há um aspecto muito mais importante e que é o da destruição patrimonial, porque de destruição patrimonial, datada, histórica, romântica, se trata. Destruir não é requalificar - são duas coisas diferentes.
Claro que tenho paciência e não tenho outro remédio senão aceitar as asneiras feitas pelos actuais responsáveis camarários, porque foi o povo lamecense que os colocou lá, mas é bom não esquecer que o poder político não confere o direito às pessoas de fazerem tudo o que lhes apetece.
Vejam o que se está a passar com as grandes opções deste executivo, nomeadamente a empresa pública municipal que agora tem que ser extinta e o pavilhão multiusos que ainda não se sabe como vai ficar...
Mas acho bem que defendam o indefensável... Assim sempre terão menos problemas de consciência quando verificarem a enorme asneira que estão a fazer ao destruir a galinha dos ovos de ouro da cidade de Lamego! Obrigado.
Este terceiro comentário já foi mais de resposta genérica à capacidade que o senhor Presidente da Câmara tem para argumentar com muita bonomia e ligeireza, em defesa dos projectos. Mas falar bem não significa, tantas vezes, fazer bem...
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Este terceiro comentário já foi mais de resposta genérica à capacidade que o senhor Presidente da Câmara tem para argumentar com muita bonomia e ligeireza, em defesa dos projectos. Mas falar bem não significa, tantas vezes, fazer bem...
Será que ainda não percebemos que o Presidente da Câmara tem resposta para tudo? O problema não está nas respostas que ele tem, e que nos dá com muita proficuidade, mas sim nas consequências dos actos que ele vai cometendo, independentemente das respostas tão sábias que ele nos dá. Dou-vos 3 exemplos, sendo 2 que já atrás referi:
1 - A empresa pública municipal Lamego Convida era (e é) no entender dele um verdadeiro sucesso político, social e desportivo e cultural, a fazer fé no que dizia e ainda diz sobre ela. No entanto vai ter que ser extinta porque não cumpre sequer os mínimos requisitos exigíveis a este tipo de empresas. Imaginem que as receitas próprias da mesma não chegavam a custear metade das despesas que tinha e tem com o pessoal e, por isso mesmo, será extinta por força da lei;
2 - O Pavilhão Multiusos iria ser uma infraestrutura que, a partir dos finais de 2008, inícios de 2009, traria enormes mais valias à cidade, concelho e região. Em inícios de 2013 o Pavilhão ainda não está terminado, tem problemas gravíssimos estruturais (certamente que esses problemas não são de sua responsabilidade) mas a fazer fé nas iniciativas que já se fizeram lá, vai custar os olhos da cara estando fechado e muito mais custará de cada vez que se abrir para um qualquer evento. Ou seja, é um verdadeiro flop, analisado seja por que prisma for;
3 - Era absolutamente indispensável e necessário criarem 3 centros escolares no concelho, segundo a proposta do senhor Presidente da Câmara, mesmo sabendo-se que não iria haver alunos em numero suficiente para os utilizar devidamente. Mas os argumentos do senhor Presidente, sábios, como se vê, levaram à construção dos 3 centros. Hoje está demonstrado que dois chegavam e sobravam para as necessidades e até para a organização equilibrada e harmoniosa de todo o processo educativo para o Concelho de Lamego. Agora um dos centros vai ser ou já é uma espécie de centro paroquial...
Isto tudo para vos dizer que as respostas e argumentos apresentados pelo senhor Presidente da Câmara são sempre muito bons e excelentes, mas depois vem a realidade e desmente-os a todos, sem excepção. E não vale a pena dizer que não é assim, porque a realidade está à nossa frente, à vista de toda a gente e só não vê quem não quer, ou não pode, ver.
Mas sempre ouvi dizer que o pior cego é, precisamente, aquele que não quer ver!
Obrigado.
Agostinho Ribeiro
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