Darei hoje por
concluída a minha análise ao relatório de gestão de contas referentes ao ano
económico de 2006, do Município Lamecense, para não incomodar em excesso os
meus leitores, uma vez que muito mais se poderia e deveria dizer a propósito
destes documentos, cuja interpretação consideramos fundamentais para
percebermos os propósitos deste executivo camarário.
No capítulo das
despesas, e dos investimentos que lhe são inerentes, podemos constatar que este
executivo cumpriu em 85,69% a sua previsão orçamental, no que toca às despesas
correntes, mas quedou-se por uns pobres 27,74% na sua capacidade executória ao
nível do investimento, já que se ficou pelos 7.187.147,25 € de despesa de capital
efectivamente concretizada. Isto significa que gastou demais, em modesto
entender, nas áreas em que devia gastar menos, e investiu de menos nas áreas
onde devia investir mais.
Para quem se
propunha investir mais de 25 milhões de euros (dotação corrigida) não haja
dúvida que esta gestão apenas pode ser considerada como a pior de sempre que
alguma vez passou pela Câmara de Lamego. Sem apelo nem agravo!
Para quem
esteja menos atento, convém ainda dizer que em 2005 foram executados
investimentos cujo grau de execução, em relação ao previsto, ultrapassou os
41%, o que nos dá uma ideia bem segura de quem é mais rigoroso e sério nestas
questões da gestão financeira e da respectiva execução orçamental dos dinheiros
que são de todos de nós.
E quanto aos
que esgrimem a quantidade de obras que por aí andam a ser propaladas, devo
dizer que ninguém porá em causa a necessidade ou a importância das mesmas, se
elas um dia se vierem efectivamente a concretizar, mas em relação ao que se vê,
por agora, apenas podemos afiançar que a sua esmagadora maioria já vinham a ser
preparadas pelo anterior executivo. Se o actual poder lhes deu seguimento, só
temos todos que rejubilar com tal atitude, e não fazermos de conta que nada se
fez no passado, o que é uma grande injustiça, porque todos sabemos que muita obra
foi realizada, ainda que pouco ou nada explorada em termos mediáticos.
Mas o que nos
deve preocupar neste momento é sabermos se a Câmara tem ou não capacidade
financeira para assumir os encargos decorrentes das obras que tem vindo a
lançar nestes últimos tempos, porque não há pior para a imagem de credibilidade
e seriedade de um Município que o não cumprimento dos compromissos assumidos
perante os seus fornecedores, sejam eles de bens ou serviços.
Neste
particular, recordo-me bem das permanentes críticas que fizeram ao anterior
executivo, e agora demonstram-nos que não só não corrigiram esses desvios como
ainda os agravaram, e muito, em desabono da boa imagem que a Câmara de Lamego
ainda ia tendo junto dos seus fornecedores.
Pergunto a
todos os que se interessam e se preocupam minimamente pela boa imagem de
Lamego, como é possível que, passados apenas dois meses de execução orçamental,
em 2007, e esta Câmara já tenha mais de 19 milhões de compromissos assumidos e
não pagos, quando em finais de 2006 tais compromissos não chegavam aos 12
milhões? Sete milhões em apenas dois meses de execução orçamental? Impossível,
diremos todos, a não ser que os acasos da gestão tenham feito cair, logo por
azar, tanta facturação em Janeiro e Fevereiro de 2007. Para bom entendedor…
É que, se
somarmos estes 19 milhões de compromissos assumidos aos mais de 10 milhões de
despesas correntes obrigatórias para 2007, facilmente concluiremos que as
despesas globais irão ultrapassar os 30 milhões de euros no corrente ano
económico, sendo certo que as receitas, a estimar pelos resultados dos anos
anteriores, não ultrapassarão os 20 milhões…
E ainda nem
sequer estamos a equacionar os célebres “factorings” e outros devaneios políticos,
como será o da construção do pavilhão multiusos que pretendem para a nossa
cidade, cujo custo nunca será inferior a 10 milhões de euros, calculado muito por
baixo, para uma rentabilidade mais que duvidosa, mesmo numa perspectiva de
gestão não lucrativa.
Se a lei
obrigasse o senhor Eng. Francisco Lopes, e restantes membros que lhe são
institucionalmente solidários, a assumir pessoalmente os prejuízos futuros
decorrentes da manutenção de uma infra-estrutura desta natureza, ainda que em
pequena percentagem do investimento decidido e por alguns anos subsequentes ao
seu funcionamento, e talvez estes senhores pensassem duas vezes antes de se
meterem em aventuras de nefastas consequências para o bolso e para a vida de
todos nós.
Mas já se está
mesmo a ver que estes senhores, depois, meterão as mãos nos bolsos e assobiarão
para o lado, como se nada fosse com eles, largando para outras paragens…
Os que cá
ficarem que o paguem, não é verdade?
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