quinta-feira, 17 de maio de 2007

Museus e Património Universal



Todos os anos o ICOM – Conselho Internacional de Museus – propõe para o dia 18 de Maio, o Dia Internacional dos Museus, um tema integrador das problemáticas que preocupam os museólogos e, de uma maneira geral, todos os que se inquietam com as coisas do património, à esfera planetária.
Este ano o tema escolhido foi, precisamente, o dos Museus e Património Universal, propondo-nos, com tal temática, que abordemos as questões relacionadas com “o papel dos museus na preservação, estudo, documentação, valorização e comunicação de um património comum da Humanidade num mundo culturalmente tão diverso”.[1]
Num território como o nosso, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, nos idos de 2001, esta temática não podia ser mais actual e pertinente, já que meia dúzia de anos depois da sua classificação, se impõe uma reflexão séria sobre os efeitos, positivos ou não, que uma qualificação desta natureza possa ter operado no território duriense.
Como sabemos, são vários os museus existentes no Douro e é uma (e una) a sua natureza constitutiva que, na diversidade, formatou a identidade cultural que lhe deu corpo e lhe garantiu o sentido unitário de “paisagem cultural evolutiva e viva”. Fazia-nos bem reler o documento de candidatura e, a partir desta leitura, reflectir profundamente sobre as formas, meios e instrumentos utilizados, e/ou postos à disposição pelos poderes públicos, para assim procedermos a uma avaliação consistente do que soubemos fazer na defesa e valorização deste património universal, de que tanto nos orgulhamos, mas que tão pouco temos sabido tratar.
Na esfera museológica, propriamente dita, projectos como os do Museu da Região do Douro e do Museu do Côa, aquele em articulação com outros núcleos existentes ou em construção no território duriense, e este na sua relação umbilical com o Parque Arqueológico do Vale do Côa, constituem a matriz referencial em torno dos quais se começa a tecer uma rede museológica que há-de dar consistência e textura a este relacionamento vital entre os museus e o território onde estão inseridos.
Isto, claro, sem esquecer as realidades museológicas e monumentais clássicas e pré-existentes na região, como são os casos do Museu de Lamego e do Palácio de Mateus (para referir apenas os dois mais emblemáticos) e tantos outros monumentos civis, militares e religiosos, cuja integração, beneficiação e valorização se impõe em permanência, com vista à sua adequada fruição colectiva.
Já no que concerne ao plano global de apoio e incentivo ao desenvolvimento sustentado da região, o principal enfoque deverá ser dado, em modesto entender, à Estrutura de Missão para a Região Demarcada do Douro, criada por Resolução do Conselho de Ministros nº 116/2006, de 20 de Setembro, e cujo responsável é, como todos sabemos, o Eng. Ricardo Magalhães.
Neste particular, somos de opinião que começa a fazer-se sentir a premente necessidade de reunir o conselho consultivo desta estrutura para, conforme se expressa no respectivo documento legal que a criou, se pronunciar “sobre as acções e as prioridades de investimento a desenvolver na Região”.
Todo o resto, e o resto é tudo o que falta fazer, é um caminho que terá de ser percorrido… caminhando! E há-de ser longo e ainda penoso este percurso de afirmação da nossa região, na certeza de sabermos que existem muitas forças hostis, e até de resistências inexplicáveis e inadvertidamente inocentes, tantas vezes tomando, simplesmente, a nuvem por Juno.
Tanto o Museu de Lamego como o Museu da Região do Douro organizaram um conjunto de eventos, sobretudo vocacionados para os públicos escolares, mas aberto a todos os interessados, para comemorarmos mais este Dia Internacional dos Museus, um dia em que gostaríamos de testemunhar que a fruição do nosso património cultural faz parte da agenda dos durienses.
No dia 18 de Maio, não deixe de visitar um museu, ou uma exposição, perto de si…

Agostinho Ribeiro



[1] http://www.ipmuseus.pt/

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