Todos os anos o
ICOM – Conselho Internacional de Museus – propõe para o dia 18 de Maio, o Dia
Internacional dos Museus, um tema integrador das problemáticas que preocupam os
museólogos e, de uma maneira geral, todos os que se inquietam com as coisas do
património, à esfera planetária.
Este ano o tema
escolhido foi, precisamente, o dos Museus e Património Universal, propondo-nos,
com tal temática, que abordemos as questões relacionadas com “o papel dos
museus na preservação, estudo, documentação, valorização e comunicação de um
património comum da Humanidade num mundo culturalmente tão diverso”.[1]
Num território
como o nosso, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, nos idos
de 2001, esta temática não podia ser mais actual e pertinente, já que meia
dúzia de anos depois da sua classificação, se impõe uma reflexão séria sobre os
efeitos, positivos ou não, que uma qualificação desta natureza possa ter
operado no território duriense.
Como sabemos,
são vários os museus existentes no Douro e é uma (e una) a sua natureza constitutiva
que, na diversidade, formatou a identidade cultural que lhe deu corpo e lhe
garantiu o sentido unitário de “paisagem cultural evolutiva e viva”. Fazia-nos
bem reler o documento de candidatura e, a partir desta leitura, reflectir
profundamente sobre as formas, meios e instrumentos utilizados, e/ou postos à
disposição pelos poderes públicos, para assim procedermos a uma avaliação
consistente do que soubemos fazer na defesa e valorização deste património
universal, de que tanto nos orgulhamos, mas que tão pouco temos sabido tratar.
Na esfera
museológica, propriamente dita, projectos como os do Museu da Região do Douro e
do Museu do Côa, aquele em articulação com outros núcleos existentes ou em
construção no território duriense, e este na sua relação umbilical com o Parque
Arqueológico do Vale do Côa, constituem a matriz referencial em torno dos quais
se começa a tecer uma rede museológica que há-de dar consistência e textura a
este relacionamento vital entre os museus e o território onde estão inseridos.
Isto, claro,
sem esquecer as realidades museológicas e monumentais clássicas e
pré-existentes na região, como são os casos do Museu de Lamego e do Palácio de
Mateus (para referir apenas os dois mais emblemáticos) e tantos outros
monumentos civis, militares e religiosos, cuja integração, beneficiação e
valorização se impõe em permanência, com vista à sua adequada fruição
colectiva.
Já no que
concerne ao plano global de apoio e incentivo ao desenvolvimento sustentado da
região, o principal enfoque deverá ser dado, em modesto entender, à Estrutura
de Missão para a Região Demarcada do Douro, criada por Resolução do Conselho de
Ministros nº 116/2006, de 20 de Setembro, e cujo responsável é, como todos sabemos,
o Eng. Ricardo Magalhães.
Neste
particular, somos de opinião que começa a fazer-se sentir a premente
necessidade de reunir o conselho consultivo desta estrutura para, conforme se
expressa no respectivo documento legal que a criou, se pronunciar “sobre as
acções e as prioridades de investimento a desenvolver na Região”.
Todo o resto, e
o resto é tudo o que falta fazer, é um caminho que terá de ser percorrido…
caminhando! E há-de ser longo e ainda penoso este percurso de afirmação da
nossa região, na certeza de sabermos que existem muitas forças hostis, e até de
resistências inexplicáveis e inadvertidamente inocentes, tantas vezes tomando,
simplesmente, a nuvem por Juno.
Tanto o Museu
de Lamego como o Museu da Região do Douro organizaram um conjunto de eventos,
sobretudo vocacionados para os públicos escolares, mas aberto a todos os
interessados, para comemorarmos mais este Dia Internacional dos Museus, um dia
em que gostaríamos de testemunhar que a fruição do nosso património cultural
faz parte da agenda dos durienses.
No dia 18 de
Maio, não deixe de visitar um museu, ou uma exposição, perto de si…
Agostinho
Ribeiro
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