Confesso que começo
a ficar deveras desiludido com algum provincianismo atávico que se vai descortinando
no nosso próprio seio, a fazer prova da secular tendência que, pelos vistos,
temos bem interiorizada, de sobrevalorizar em excesso o que vem de fora e
menosprezar inadequadamente as capacidades e as competências próprias dos
nossos melhores.
Não deve haver zona
do País que viva tão intensa, quanto despropositadamente, essa pequenez rancorosa,
que me faz pensar sobre as razões que têm levado tanta boa gente, capaz e
competente, a procurar noutras paragens as condições ideais para exercitarem os
seus talentos, que não entre nós, por manifesto desajuste intelectual e
completo desconforto material para com a realidade social vigente.
Tenho a
impressão que em lado nenhum, como cá, se deve aplicar com tanta propriedade o
velho ditado que nos afiança que “santos da casa não fazem milagres”, porque
temos entranhado em nós a desconfiança visceral pelo vizinho que foi mais longe
que nós, passando a ser prioridade absoluta destrui-lo e fazê-lo descer ao
nosso mais baixo nível, em vez de tentarmos a nossa própria superação, esforçando-nos
por ascender ao estádio a que esse vizinho se conseguiu alcandorar.
O que é de fora
é que é bom! O que temos cá dentro não presta! Aplaudamos servil e
incondicionalmente quem, com boas intenções ou desprovido delas, nos vem
mostrar ou apontar os caminhos do progresso e do bem-estar social, económico e
cultural, transformando-nos assim em simples amanuenses, reconhecidos perante
tanta boa vontade, para nosso descanso absentista e eterna gratidão, obrigada e
rastejante!
Como em tudo,
também aqui há excepções, e algumas delas até muito honrosas. É certo também
que não podemos nem devemos generalizar, porque se é este o nosso genérico
destino colectivo, recuso-me a aceitá-lo, já que estou seguro de termos tantas
capacidades como os restantes, sobretudo quando vamos verificando que afinal muitos
desses messiânicos salvadores que por aqui aportam, não passam de falsos mitos
com pés de barro.
Veja-se o que
está a acontecer presentemente em Lamego, para termos a noção clara desta
realidade deprimente!
E por falar
nesta triste realidade de Lamego, quero deixar aqui publicitado que o senhor Presidente
da Câmara de Lamego, Eng. Francisco Lopes, intentou uma acção judicial contra
mim, acusando-me de difamação e calúnia em quatro artigos que escrevi neste
jornal. Como testemunhas de acusação nomeou todos (e apenas) os seus sequazes
políticos que, com ele, partilham as responsabilidades executivas, por eleição
ou nomeação política.
Terá usado os
dinheiros públicos para intentar esta acção contra mim, ou fê-lo a expensas
próprias? Era bom que as custas referentes a este processo fossem pagas por
ele, e não com os dinheiros da Câmara, já que me custa estar a custear uma
parcela dessa despesa em processo que aquele senhor moveu contra mim. E digo
isto porque os dinheiros da Câmara são de todos nós, e não devem ser usados em
benefício pessoal!
Devo ainda
acrescentar que não prestei quaisquer declarações quando fui chamado a
pronunciar-me sobre tais acusações, tendo-me sido agora comunicado que o
Ministério Público mandou arquivar o processo por não encontrar nesses artigos
nenhum ilícito criminal.
A ideia devia
ser a de tentarem fazer com que eu me sentasse no banco dos réus, para depois
propalarem aos quatro ventos que, afinal, também eu era arguido em processos de
ilicitude criminal… Imaginem portanto até onde vai o atrevimento e o
descaramento destes senhores…!
Correu-lhes mal
o intento, mas pelo que tenho vindo a constatar sobre o carácter destes
senhores, estou certo que ainda não foi desta que ganharam um pouco de vergonha!
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