quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Um novo logótipo para o município de Lamego



Como todos sabemos, o logótipo representativo do concelho de Lamego foi, até há bem pouco tempo, o do nosso castelo.
E havia, em boa verdade, razões verdadeiramente poderosas para assim continuar. O castelo de Lamego é um símbolo expressivo de uma súmula de características que identificam a nossa cidade e o nosso concelho, desde logo no que se refere à sua vetusta idade e à sua insubstituível representatividade no plano histórico da fundação da nacionalidade.
Podemos afirmar que poucos elementos existirão, na cidade de Lamego, capazes de sintetizar o seu valor e importância, no que de mais relevante esta cidade possuiu no inestimável contributo que deu para a construção do território nacional, para a fundação da nacionalidade portuguesa, bem como para a afirmação e triunfo do cristianismo, em oposição ao Islão.
Ou seja, o castelo de Lamego é o mais genuíno símbolo que possuímos para representar Lamego nas suas mais diversas componentes constitutivas – histórica, politica, administrativa, militar e religiosa – numa unidade que dificilmente se pode encontrar em qualquer outro monumento da nossa cidade.
O castelo, elemento central do nosso brasão, representa mil anos de história, e de existência, desta cidade plena de pergaminhos. E se bem que a nossa história possa ir muito para lá dessa marca temporal, não vislumbramos melhor símbolo que este para mostrar a nossa rica diversidade de elementos e a nossa incontornável identidade cultural que é apanágio de Lamego e dos lamecenses.
Dito isto, quero dizer que nada me move, em termos de preconceito, contra as mudanças, e muito menos contra esta mudança de logótipo. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é, de facto, um magnífico exemplar do barroco nacional, da segunda metade do séc. XVIII, expressão maior da religiosidade das nossas gentes e, seguramente, um dos monumentos que possuímos mais belos e mais representativos da nossa cidade.
Mas isto, em modesto entender, não faz do Santuário o melhor logótipo para o município lamecense. Desde logo porque reduz a amplitude simbólica que se pretende com a utilização de qualquer símbolo, ou seja, enaltece uma componente, a religiosa, mas omite todas as restantes componentes que deveriam existir no símbolo, de forma a caracterizar com justiça e propriedade a natureza diversa da nossa realidade.
Depois, porque mesmo sendo um excelente exemplar do barroco, como já se disse, projecta Lamego para um passado de pouco mais de duzentos anos, pouco condicente com a milenar existência do burgo lamecense.
Finalmente, e embora esta seja matéria de mera questão de gosto, relativa como todas as questões de gosto o são, o seu desenho é redutor, uma vez que distorce e avilta, precisamente, o que de mais bonito e brilhante o desenho do Santuário possui – os seus pormenores decorativos, aqui tratados com rudes e grosseiros traços, de fraca precisão no perfil esboçado, a tentar uma modernidade não conseguida, que nem sequer estou certo de ser desejável para o caso em apreço. Para não falar, evidentemente, da cor de fundo em que se plasma o desenho, que para além de ser má, em termos de opção estética, remete para uma associação de natureza politico partidária que deveria ser evitada num símbolo que deve ser representativo de todos e não apenas de alguns.
Parece, pois, existir uma fobia de mudança das coisas, apenas porque a ideia de mudança é, por si só, um bem desejável. Ora isto não é verdade – as mudanças só fazem sentido quando são, objectiva e criteriosamente, para melhor.
Esta história da mudança do nosso logótipo pode parecer de somenos importância para alguns, mas para muitos outros não o será – ela é bem ilustrativa do que pode fazer a ignorância, quando se atreve a fazer as coisas sem consultar a sabedoria, que a aconselharia certamente, a visitar a prudência…

Agostinho Ribeiro

Lamego ConVida?



No meu artigo de opinião de 1 de Junho deste ano, teci as considerações que achava pertinentes acerca da empresa pública municipal, que então tinha acabado de ser constituída, segundo a proposta formulada pela coligação PSD/CDS-PP.
Tive então oportunidade de referir a má opção perfilhada, uma vez que a amplitude das competências atribuídas a esta empresa mais se assemelhava a uma nova Câmara Municipal, não se vislumbrando, à partida, quaisquer benefícios reais no desdobramento de serviços e competências e, sobretudo, dos custos redobrados para exercer as mesmas funções que os serviços municipais já exerciam, ou podiam exercer, sem acréscimos significativos de despesa.
Isto porque, como é evidente, serão sempre os contribuintes e cidadãos lamecenses a suportar tais despesas, não sendo justo onerar ainda mais os encargos financeiros das famílias lamecenses. Por isso éramos favoráveis a uma empresa menos generalista e mais especializada na competência para que tinha sido inicialmente pensada – ser uma empresa pública municipal com a função de gerir a entidade “Teatro Ribeiro Conceição”, colocando à sua frente gestores competentes nesta área tão específica de saberes, com o objectivo estratégico de colocar esta infra-estrutura ao nível do que melhor se faz neste País.
Chamei, na altura, a atenção para o facto de, a optar-se por uma empresa que detém competências em quase todos os sectores da própria actividade municipal, se poder estar a criar um verdadeiro “monstro”, sugador de recursos do município, sem que daí se adivinhassem mais valias significativas ao cumprimento das tarefas públicas municipais.
E terminei aquele meu artigo, tecendo as considerações que passo a citar:
“Esperemos apenas, para não dar de vez o golpe final a esta tão inadequada opção empresarial, que se escolham gestores à altura dos mais importantes sectores que o objecto da empresa contempla, porque se, ao contrário, forem nomeadas pessoas sem qualificação e sem formação em gestão, simplesmente porque apoiaram o actual poder autárquico, estaremos a colocar Lamego ao nível dos piores exemplos da incompetência e do compadrio político. Estou certo que não se chegará a tanto…”
Ora, manda a verdade que se diga que conseguiram ir ainda muito mais longe do que aquilo que eu próprio pensava, para esta inadequada opção de gestão.
Então não é que, ao ler a acta do executivo camarário do passado dia 4 de Agosto do corrente, encontro a proposta do Sr. Vice-Presidente da Câmara de Lamego, apresentando os Srs. Eng. Francisco Lopes e Dr. Paulo Correia para, respectivamente, Presidente e Vogal desta empresa municipal?
Para quem ainda não o saiba, aquele senhor é o próprio Presidente da Câmara de Lamego e este, o seu Chefe de Gabinete.
Significa isto que, para “ajudar” o município de Lamego a desenvolver algumas actividades que o mesmo não consegue, ou não se sente capaz de desenvolver (mesmo que por razões de eficácia), se cria uma empresa municipal que vai ser gerida por dois dos responsáveis máximos (cada um na sua esfera de intervenção) da instituição que não “sabe” como fazê-lo e que, por não o “saber” fazer, cria esta nova entidade…!
Vão agora ter, portanto, tempo e capacidade para fazer na empresa o que não conseguem ou não querem fazer no município que dirigem.
Um absurdo incongruente, onde se vislumbram já os mais directos beneficiários de tal opção – tanto o Sr. Presidente da Câmara, como o seu Chefe de Gabinete, somarão às suas remunerações base chorudas despesas de representação, viaturas e combustível à disposição, a todo o tempo e sem restrições, telemóveis à discrição, e veremos quantas mais benesses poderão estar ainda por surgir… E uma vez que um reside na Régua e o outro em Viseu, já podemos começar a imaginar os “extraordinários” benefícios que esta empresa municipal de Lamego vai dar… àqueles mesmos senhores.
E quem paga tudo isto? Nós todos, meu caro leitor…Nós todos, os lamecenses e cidadãos que por aqui vivem e residem, e que veremos brevemente as nossas taxas agravadas, nomeadamente o IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis, que o Sr. Presidente da Câmara de Lamego se prepara para fazer subir à taxa mais elevada que a lei permite, enquanto aguarda uma nova viatura municipal de luxo, já adquirida por ele, mas paga por todos nós, após o furto da anterior, cuja estranha ocorrência é ainda considerada, por muitos, bem mal esclarecida.
Fantásticos, estes contributos da coligação PSD/CDS-PP para o “bem-estar” de todos os lamecenses…!

P.S.  – O Sr. director do jornal do Douro, e respectivos correligionários, continuam paulatinamente com o seu trabalho sujo de tentar denegrir a minha imagem.
Como a história do “cão” não pegou, vêm agora com as contas da Bienal.
Eu até acho bem que as peçam, mas devem fazê-lo nos termos legais, nas instâncias próprias e a quem de direito, como todas as pessoas sérias e honestas fazem, até porque as contas nem sequer são secretas e estão ao alcance de todos os que as quiserem ter de forma legítima.
Mas não continuem a insinuar nada em relação à minha pessoa, nem tão pouco a fazerem a “colagem” do meu nome a essa questão, porque eu contribuí com muito do meu tempo, trabalho e dedicação para este projecto, gastando dinheiro do meu bolso com a Bienal e não o contrário, conforme querem fazer passar para a opinião pública.
E posso prová-lo, quando se tornar necessário fazê-lo. Mas não estou disponível para andar a toque de caixa seja de quem for, e muito menos de malfeitores que não têm feito outra coisa senão a de tentar insinuar actos indevidos à minha pessoa.
São os mesmos criminosos a fazerem a única coisa que, pelos vistos, sabem fazer – agir criminosamente contra quem tem a coragem de lhes fazer frente!
Ao que chegamos…

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Algumas notas avulsas



Regressado a Lamego, após duas semanas de férias, sou confrontado com as mesmíssimas insinuações à minha pessoa, a raiar o insulto baixo e a demonstrar uma congénita falta de educação, por parte de quem insiste em pensar que eu serei da mesma natureza deles, dos que, porfiadamente, não olham a meios para atingir os tão almejados fins de denegrir a imagem dos outros, só porque se atrevem a pensar e a agir de maneira diferente.
Cada um tem os adversários que merece, mas eu confesso que estava convencido que merecia mais que este triste espectáculo de ser o alvo sistemático e preferido da coluna de um jornal cujo director acabou, há bem pouco tempo, de ser condenado judicialmente por crimes de difamação. Adiante... O tempo o dirá, e eu não me calarei na defesa da minha honra, quando para isso tiver que usar de todas as prerrogativas que o Estado Democrático e de Direito me confere, não deixando então de as exercitar até às últimas consequências.
Até lá, reitero a manutenção de um prudente silêncio para não prejudicar os interesses mais elevados de Lamego, sem nunca me vergar perante quem tem a plena consciência do que insinua e, consequentemente, dos resultados que daí podem advir.
Se a política fosse mais nobre, em Lamego, e alguns dos meus adversários (felizmente que nem todos assim são) fossem dotados de uma maior dignidade e decoro na forma de agir e de dizer as coisas, e talvez estivéssemos todos a discutir ideias e projectos de interesse superior para a nossa terra, como tenho tentado fazer nos meus artigos de opinião, e não andar enredado nas tramas que estes senhores vão urdindo, com os objectivos já bem conhecidos de todos nós, mas com as consequências judiciais também já conhecidas.
Estes senhores devem mesmo andar a necessitar de maior protagonismo ou, no minimo, a tentar obter maior visibilidade à custa dos outros, entenda-se, dos que têm dedicado uma vida inteira de trabalho honesto à causa pública, na maioria dos casos dispendendo recursos dos seus próprios bolsos, e que, em vez de serem minimamente reconhecidos, são vilipendiados por quem, de curriculo passado em defesa e em prol de Lamego, nos oferecem uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.

Costuma-se dizer que os actos ficam com quem os praticam, mas os actos que ferem a dignidade e a seriedade dos outros não podem, nem devem, morrer no esquecimento das pessoas de bem.
Da minha parte podem ter a certeza que o farei sem desfalecimentos, como jamais deixarei de tudo fazer para que os interesses colectivos se sobreponham, sempre, aos torpes interesses de algum, ou alguns que, a coberto de umas quaisquer vitórias eleitorais, se arvorem no direito de tentar espezinhar os adversários, de insinuar desmandos não provados, de vilipendiar tudo e todos, como se essa cobertura os transformasse em cidadãos com o privilégio de poderem viver ao arrepio e acima da lei, desrespeitando quem ousa opor-se às suas duvidosas aspirações.

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

O Museu da Região do Douro



É com indisfarçável satisfação e orgulho que hoje pretendo partilhar algumas considerações sobre o andamento do processo deste Museu. Este é certamente, como todos sabemos muito bem, um dos mais aliciantes e promissores projectos que o Douro tem em construção e que vai resultar numa enorme mais-valia cultural e económica para todo o território que serve.
Somos defensores de uma postura que assume integralmente a ideia de que a modernidade se constrói hoje na base da cultura, do conhecimento e da informação, elementos insubstituíveis na formatação dos instrumentos que provocam o desenvolvimento, sobretudo nas zonas mais desprotegidas e carenciadas, como é, ainda e infelizmente, o nosso Douro.
Numa verdadeira corrida contra o tempo, contra algumas infelicidades de percurso e outras tantas incompreensões, temos vindo a conseguir cumprir integralmente os objectivos a que a Fundação do Museu do Douro se propôs, desde a sua criação, em Março do corrente ano, de forma a não se perder nenhum dos recursos financeiros que o actual quadro comunitário ainda nos disponibiliza, nomeadamente no que se refere ao apoio financeiro do POC (Programa Operacional da Cultura) ao projecto de Concepção/Construção do Edifício Sede da Fundação Museu do Douro, com o objectivo de adaptar a Casa da Companhia, no Peso da Régua, a estas novas e dignas funções.
Sendo um projecto ambicioso, com um custo estimado em cerca de cinco milhões de euros, só para a componente de obra civil, à qual se terá que dar a devida sequência em mobiliário e equipamento administrativo, de função e museográfico, (sem falar, obviamente, nos custos de funcionamento) este é também um projecto exequível nas suas diversas vertentes constitutivas, já que a Fundação do Museu do Douro se assume como uma entidade dinâmica e promotora de acções que visam colocar o Douro no centro das atenções (e de saudáveis discussões) públicas, capazes de proporcionar a captação de interesses e investimentos, públicos e privados, no território duriense.
É reconfortante verificar que, no momento em que escrevo estas linhas sobre o Museu da Região do Douro, já mais de quinze empresas solicitaram o respectivo processo de candidatura, o que nos permite augurar um bom resultado final, até pela qualidade e rigor conhecidos da maioria das empresas/arquitectos que entenderam analisar o processo com vista a uma eventual candidatura.
Este Museu, que se não esgota, evidentemente, nas quatro paredes da Casa da Companhia, antes se deve e vai projectar por todo o território duriense, tem vindo a construir, em paralelo, uma equipe técnica dotada das competências necessárias a um desempenho de excelência, de maneira a que possa cumprir, a muito curto prazo, os objectivos estratégicos a que se propôs no início da sua existência.
Terei um enorme prazer em trazer, de vez em quando, notícias sobre a natureza, missão e objectivos deste Museu, bem como das acções em que o mesmo se encontra envolvido, até para podermos aquilatar da qualidade dos projectos que a mesma desenvolve.
Neste brevíssimo e tão parcelar apontamento apenas vos quis transmitir a informação de que o Museu da Região do Douro tem vindo a cumprir, zelosamente, o calendário que estabeleceu, em resultado do esforço de uma equipa onde todos se respeitam, fazendo o melhor do que sabem e podem, colocando sempre o projecto acima dos seus interesses pessoais, numa dádiva e entrega de rara beleza e sentido de serviço público, que já se não encontra em muitos lados.
Desde os membros do Conselho de Administração, passando pela totalidade da Equipa Técnica que o constitui (Museu), até ao conjunto de Fundadores que a compõem (Fundação), todos são, sem excepção, elementos imprescindíveis à construção deste Museu que é, também, o retrato vivo e dinâmico do Douro e dos durienses.

Agostinho Ribeiro