No meu artigo
de opinião de 1 de Junho deste ano, teci as considerações que achava
pertinentes acerca da empresa pública municipal, que então tinha acabado de ser
constituída, segundo a proposta formulada pela coligação PSD/CDS-PP.
Tive então
oportunidade de referir a má opção perfilhada, uma vez que a amplitude das
competências atribuídas a esta empresa mais se assemelhava a uma nova Câmara Municipal, não se
vislumbrando, à partida, quaisquer benefícios reais no desdobramento de
serviços e competências e, sobretudo, dos
custos redobrados para exercer as mesmas funções que os serviços municipais
já exerciam, ou podiam exercer, sem acréscimos significativos de despesa.
Isto porque,
como é evidente, serão sempre os contribuintes e cidadãos lamecenses a suportar
tais despesas, não sendo justo onerar
ainda mais os encargos financeiros das famílias lamecenses. Por isso éramos
favoráveis a uma empresa menos generalista e mais especializada na competência
para que tinha sido inicialmente pensada – ser uma empresa pública municipal
com a função de gerir a entidade “Teatro Ribeiro Conceição”, colocando à sua
frente gestores competentes nesta
área tão específica de saberes, com o objectivo estratégico de colocar esta
infra-estrutura ao nível do que melhor se faz neste País.
Chamei, na
altura, a atenção para o facto de, a optar-se por uma empresa que detém
competências em quase todos os sectores da própria actividade municipal, se
poder estar a criar um verdadeiro “monstro”,
sugador de recursos do município, sem que daí se adivinhassem mais valias
significativas ao cumprimento das tarefas públicas municipais.
E terminei
aquele meu artigo, tecendo as considerações que passo a citar:
“Esperemos apenas, para não dar de vez o
golpe final a esta tão inadequada opção empresarial, que se escolham gestores à
altura dos mais importantes sectores que o objecto da empresa contempla, porque
se, ao contrário, forem nomeadas pessoas sem qualificação e sem formação em
gestão, simplesmente porque apoiaram o actual poder autárquico, estaremos a
colocar Lamego ao nível dos piores exemplos da incompetência e do compadrio
político. Estou certo que não se chegará a tanto…”
Ora, manda a
verdade que se diga que conseguiram ir ainda muito mais longe do que aquilo que
eu próprio pensava, para esta inadequada
opção de gestão.
Então não é
que, ao ler a acta do executivo camarário do passado dia 4 de Agosto do
corrente, encontro a proposta do Sr.
Vice-Presidente da Câmara de Lamego, apresentando os Srs. Eng. Francisco Lopes
e Dr. Paulo Correia para, respectivamente, Presidente e Vogal desta empresa
municipal?
Para quem ainda
não o saiba, aquele senhor é o próprio Presidente da Câmara de Lamego e este, o
seu Chefe de Gabinete.
Significa isto
que, para “ajudar” o município de Lamego a desenvolver algumas actividades que
o mesmo não consegue, ou não se sente capaz de desenvolver (mesmo que por
razões de eficácia), se cria uma empresa municipal que vai ser gerida por dois dos responsáveis máximos (cada um na sua
esfera de intervenção) da instituição que não “sabe” como fazê-lo e que, por
não o “saber” fazer, cria esta nova entidade…!
Vão agora ter,
portanto, tempo e capacidade para fazer na empresa o que não conseguem ou não querem fazer no município que
dirigem.
Um absurdo
incongruente, onde se vislumbram já os mais directos beneficiários de tal opção – tanto o Sr. Presidente da
Câmara, como o seu Chefe de Gabinete, somarão às suas remunerações base chorudas despesas de representação,
viaturas e combustível à disposição, a
todo o tempo e sem restrições, telemóveis à discrição, e veremos quantas
mais benesses poderão estar ainda por surgir… E uma vez que um reside na Régua
e o outro em Viseu, já podemos começar a imaginar os “extraordinários”
benefícios que esta empresa municipal de Lamego vai dar… àqueles mesmos
senhores.
E quem paga
tudo isto? Nós todos, meu caro leitor…Nós todos, os lamecenses e cidadãos que
por aqui vivem e residem, e que veremos brevemente as nossas taxas agravadas, nomeadamente o IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis,
que o Sr. Presidente da Câmara de Lamego se prepara para fazer subir à taxa
mais elevada que a lei permite, enquanto aguarda uma nova viatura municipal de luxo, já adquirida por ele, mas paga por todos nós, após o furto da
anterior, cuja estranha ocorrência é ainda considerada, por muitos, bem mal
esclarecida.
Fantásticos,
estes contributos da coligação PSD/CDS-PP para o “bem-estar” de todos os
lamecenses…!
P.S. – O Sr. director do jornal do Douro, e
respectivos correligionários, continuam paulatinamente com o seu trabalho sujo
de tentar denegrir a minha imagem.
Como a história
do “cão” não pegou, vêm agora com as contas da Bienal.
Eu até acho bem
que as peçam, mas devem fazê-lo nos termos legais, nas instâncias próprias e a
quem de direito, como todas as pessoas sérias e honestas fazem, até porque as
contas nem sequer são secretas e estão ao alcance de todos os que as quiserem
ter de forma legítima.
Mas não
continuem a insinuar nada em relação à minha pessoa, nem tão pouco a fazerem a
“colagem” do meu nome a essa questão, porque eu contribuí com muito do meu
tempo, trabalho e dedicação para este projecto, gastando dinheiro do meu bolso com
a Bienal e não o contrário, conforme querem fazer passar para a opinião
pública.
E posso
prová-lo, quando se tornar necessário fazê-lo. Mas não estou disponível para
andar a toque de caixa seja de quem for, e muito menos de malfeitores que não
têm feito outra coisa senão a de tentar insinuar actos indevidos à minha pessoa.
São os mesmos
criminosos a fazerem a única coisa que, pelos vistos, sabem fazer – agir criminosamente
contra quem tem a coragem de lhes fazer frente!
Ao que
chegamos…
Agostinho
Ribeiro
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