quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Lamego ConVida?



No meu artigo de opinião de 1 de Junho deste ano, teci as considerações que achava pertinentes acerca da empresa pública municipal, que então tinha acabado de ser constituída, segundo a proposta formulada pela coligação PSD/CDS-PP.
Tive então oportunidade de referir a má opção perfilhada, uma vez que a amplitude das competências atribuídas a esta empresa mais se assemelhava a uma nova Câmara Municipal, não se vislumbrando, à partida, quaisquer benefícios reais no desdobramento de serviços e competências e, sobretudo, dos custos redobrados para exercer as mesmas funções que os serviços municipais já exerciam, ou podiam exercer, sem acréscimos significativos de despesa.
Isto porque, como é evidente, serão sempre os contribuintes e cidadãos lamecenses a suportar tais despesas, não sendo justo onerar ainda mais os encargos financeiros das famílias lamecenses. Por isso éramos favoráveis a uma empresa menos generalista e mais especializada na competência para que tinha sido inicialmente pensada – ser uma empresa pública municipal com a função de gerir a entidade “Teatro Ribeiro Conceição”, colocando à sua frente gestores competentes nesta área tão específica de saberes, com o objectivo estratégico de colocar esta infra-estrutura ao nível do que melhor se faz neste País.
Chamei, na altura, a atenção para o facto de, a optar-se por uma empresa que detém competências em quase todos os sectores da própria actividade municipal, se poder estar a criar um verdadeiro “monstro”, sugador de recursos do município, sem que daí se adivinhassem mais valias significativas ao cumprimento das tarefas públicas municipais.
E terminei aquele meu artigo, tecendo as considerações que passo a citar:
“Esperemos apenas, para não dar de vez o golpe final a esta tão inadequada opção empresarial, que se escolham gestores à altura dos mais importantes sectores que o objecto da empresa contempla, porque se, ao contrário, forem nomeadas pessoas sem qualificação e sem formação em gestão, simplesmente porque apoiaram o actual poder autárquico, estaremos a colocar Lamego ao nível dos piores exemplos da incompetência e do compadrio político. Estou certo que não se chegará a tanto…”
Ora, manda a verdade que se diga que conseguiram ir ainda muito mais longe do que aquilo que eu próprio pensava, para esta inadequada opção de gestão.
Então não é que, ao ler a acta do executivo camarário do passado dia 4 de Agosto do corrente, encontro a proposta do Sr. Vice-Presidente da Câmara de Lamego, apresentando os Srs. Eng. Francisco Lopes e Dr. Paulo Correia para, respectivamente, Presidente e Vogal desta empresa municipal?
Para quem ainda não o saiba, aquele senhor é o próprio Presidente da Câmara de Lamego e este, o seu Chefe de Gabinete.
Significa isto que, para “ajudar” o município de Lamego a desenvolver algumas actividades que o mesmo não consegue, ou não se sente capaz de desenvolver (mesmo que por razões de eficácia), se cria uma empresa municipal que vai ser gerida por dois dos responsáveis máximos (cada um na sua esfera de intervenção) da instituição que não “sabe” como fazê-lo e que, por não o “saber” fazer, cria esta nova entidade…!
Vão agora ter, portanto, tempo e capacidade para fazer na empresa o que não conseguem ou não querem fazer no município que dirigem.
Um absurdo incongruente, onde se vislumbram já os mais directos beneficiários de tal opção – tanto o Sr. Presidente da Câmara, como o seu Chefe de Gabinete, somarão às suas remunerações base chorudas despesas de representação, viaturas e combustível à disposição, a todo o tempo e sem restrições, telemóveis à discrição, e veremos quantas mais benesses poderão estar ainda por surgir… E uma vez que um reside na Régua e o outro em Viseu, já podemos começar a imaginar os “extraordinários” benefícios que esta empresa municipal de Lamego vai dar… àqueles mesmos senhores.
E quem paga tudo isto? Nós todos, meu caro leitor…Nós todos, os lamecenses e cidadãos que por aqui vivem e residem, e que veremos brevemente as nossas taxas agravadas, nomeadamente o IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis, que o Sr. Presidente da Câmara de Lamego se prepara para fazer subir à taxa mais elevada que a lei permite, enquanto aguarda uma nova viatura municipal de luxo, já adquirida por ele, mas paga por todos nós, após o furto da anterior, cuja estranha ocorrência é ainda considerada, por muitos, bem mal esclarecida.
Fantásticos, estes contributos da coligação PSD/CDS-PP para o “bem-estar” de todos os lamecenses…!

P.S.  – O Sr. director do jornal do Douro, e respectivos correligionários, continuam paulatinamente com o seu trabalho sujo de tentar denegrir a minha imagem.
Como a história do “cão” não pegou, vêm agora com as contas da Bienal.
Eu até acho bem que as peçam, mas devem fazê-lo nos termos legais, nas instâncias próprias e a quem de direito, como todas as pessoas sérias e honestas fazem, até porque as contas nem sequer são secretas e estão ao alcance de todos os que as quiserem ter de forma legítima.
Mas não continuem a insinuar nada em relação à minha pessoa, nem tão pouco a fazerem a “colagem” do meu nome a essa questão, porque eu contribuí com muito do meu tempo, trabalho e dedicação para este projecto, gastando dinheiro do meu bolso com a Bienal e não o contrário, conforme querem fazer passar para a opinião pública.
E posso prová-lo, quando se tornar necessário fazê-lo. Mas não estou disponível para andar a toque de caixa seja de quem for, e muito menos de malfeitores que não têm feito outra coisa senão a de tentar insinuar actos indevidos à minha pessoa.
São os mesmos criminosos a fazerem a única coisa que, pelos vistos, sabem fazer – agir criminosamente contra quem tem a coragem de lhes fazer frente!
Ao que chegamos…

Agostinho Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário