quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Teatro Ribeiro Conceição (2).



Quando escrevi o meu artigo da semana passada, sobre o teatro, ainda não tinha conhecimento do resultado do concurso aberto para o preenchimento das vagas de director e de assistente de direcção para aquela entidade pública municipal.
Começo por referir que, sobre esse concurso, tive o cuidado de manifestar a minha opinião antes que estivessem em causa pessoas, como agora passou a estar, porque era mais que previsível que viesse a acontecer o que agora está a acontecer.
De facto, há alguns meses atrás e como alguns se lembrarão muito bem, expressei a minha maior preocupação pelo teor da abertura dos concursos em causa, sob a responsabilidade directa da administração da empresa municipal LamegoConvida, então presidida pelo Eng. Francisco Lopes, que não pode, em circunstância alguma, deixar de ser responsabilizado por mais este atentado ao bom nome de Lamego.
Considerei, nessa altura, que o mesmo concurso não possuía quaisquer exigências ao nível da formação académica e profissional dos candidatos, não remetia para qualquer grelha que definisse minimamente o perfil desejado, não esclarecia as funções e competências que os candidatos seleccionados iriam ter de assumir, para concluir, com inteira propriedade, que aquele anúncio não era sério!
Tive oportunidade de referir ainda que nem uma linha vinha naquele anúncio que nos esclarecesse sobre a composição do júri, sobre os métodos de selecção que iriam ser seguidos, nem do programa de provas de conhecimento ou do sistema de classificação final que iria ser utilizado.
Perguntava mesmo como seriam aplicados os métodos, e que critérios objectivos de avaliação iriam ser utilizados na selecção dos candidatos… Provas de conhecimentos? Avaliação curricular? Entrevista profissional de selecção?
E terminava o conjunto das minhas interrogações perguntando-me sobre se o próprio júri (que não se sabia quem era) integrava alguém da área em causa e/ou teria conhecimentos adequados que o permitissem avaliar, com seriedade, isenção, rigor e competência, os currículos dos candidatos…
Pois bem… A realidade que agora vem ao conhecimento público consegue ser bem pior que as minhas piores expectativas sobre o assunto, já que da leitura que fiz ao relatório preliminar de avaliação dos candidatos torna-se evidente a completa ausência de rigor e objectividade processuais, sem que se tenha acautelado devidamente um único item dos que então enunciei.
 Começa, desde logo, pela total e completa incompetência técnica e científica do júri, nas áreas que se propuseram avaliar, já que não são conhecidos quaisquer saberes, teóricos ou práticos, neste sector específico da gestão cultural, por parte do Dr. Paulo Correia e do Arq. Joaquim Miguéis. Ainda por cima um júri composto por apenas dois elementos é coisa que nunca se viu em lado nenhum do mundo civilizado, a não ser aqui em Lamego, o que nos leva de imediato a levantar as mais fundadas dúvidas sobre princípios fundamentais de isenção e imparcialidade que devem presidir a concursos deste género…
É que não é por uma questão de mero capricho ou de mania fundamentalista que os júris são compostos, no mínimo, por três elementos, em qualquer organismo ou entidade séria que se preze de o ser. E nem é necessário explicar a bondade deste modelo, tão evidente ela se nos apresenta…!
Depois, a total inexistência de uma grelha que nos desse uma ideia dos métodos e processos avaliativos reforçam a nossa convicção de estarmos perante um processo que, se não é totalmente ilícito, não andará longe disso, ficando arredada qualquer hipótese de poder ser considerado sério ou eticamente defensável.
E afirmo isto sem colocar em crise as competências, habilitações ou méritos de quaisquer concorrentes, até porque nem sequer conheço os contemplados, nem tive acesso aos currículos dos diversos candidatos, mas manda a verdade que se diga que este processo vem inquinado desde o início, conforme oportunamente denunciei publicamente neste jornal.
Exige-se, no mínimo, a anulação deste indescritível concurso, para posterior reabertura segundo os requisitos normais que costumam ser aduzidos a processos desta natureza.
Para o bom-nome de Lamego e dos lamecenses, que não estão habituados a ser tratados desta maneira por parte de quem tem as maiores responsabilidades na gestão das coisas públicas!

Agostinho Ribeiro

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