O primeiro
apontamento que desejo partilhar com os meus caros leitores é de interesse
local e tem a ver com o que se está a construir na Av. Dr. Alfredo de Sousa, no
lugar da antiga esplanada “4 estações”.
Lembro-me que
há perto de 20 anos, quando foi construída a infra-estrutura de suporte à
anterior esplanada, os responsáveis políticos de então (eu incluído) tivemos o
cuidado de evitar que se construísse naquele local uma edificação de excessivas
dimensões, para que se desvirtuasse ao mínimo a beleza da nossa sala de
visitas. Optou-se então por uma estrutura o mais leve possível, ainda que
esteticamente tivesse sido discutível, mas capaz de ser retirada do lugar a
qualquer momento, sem esforço de maior, minimizando-se assim os custos do
prejuízo causado ao ambiente de “passeio público”, que a avenida tão bem
revela, ou de “picadeiro”, como carinhosamente lhe chamam muitos lamecenses.
Agora, para
grande consternação de muitos de nós, assistimos à construção de um imóvel
pesadíssimo, em ferro e cimento, de enormes dimensões (que mal cabe entre as
árvores do lugar), com todo o aspecto de uma imobilidade titânica completamente
desenquadrada e desrespeitadora das características ambientais da nossa
avenida.
A isto chamo eu
“regressão”!
Que abuso o
destes senhores, que nem se dão ao trabalho de indagar junto dos lamecenses se
porventura estarão de acordo com este tipo de construção naquele local, no que
considero ser um verdadeiro atentado de lesa-património à nossa bela avenida
central.
Recordo aqui
que esta é mais uma obra dos mesmos que já se preparavam para destruir completamente
o nosso Jardim da República, em atitude de completo autismo e desconsideração
pelas mais valias patrimoniais de Lamego.
E isto para não
falarmos no desleixo que grassa pelas bandas da autarquia… Este desleixo
exasperante que classifica muito bem os seus responsáveis. Há mais de um mês
que as festas terminaram, mas os ferros de suporte à iluminação ainda se
encontram montados ao longo da avenida, com ar de negligente abandono, para
desespero dos turistas que demandam a cidade nesta época do ano, e que não
podem sequer tirar uma fotografia decente ao Santuário dos Remédios.
Vê-se bem que
tudo isto é o resultado de um protagonismo meão de quem não é de cá, não vive
cá, nem faz tenções de cá viver algum dia, pouco ou nada se importando com a
qualidade, tipicidade e singularidade de vida na nossa vetusta e bela cidade.
A outra
consideração que aqui quero deixar expressa é de dimensão nacional e prende-se
com a atitude do Dr. Pedro Santana Lopes, quando decidiu dar por terminada uma
entrevista à SIC, após ter sido interrompido por um “directo” noticioso que
fazia a cobertura da chegada de José Mourinho a Portugal.
A importância
deste acontecimento pode ser aquilatada pelo tratamento humorístico que se lhe
seguiu, já que tanto o programa “Contra Informação” como o programa do “Gato
Fedorento” se referiu ao assunto. Estas referências foram elaboradas em termos
de “graçola”, certamente, não deixando de enunciar uma crítica mitigada à
conduta daquele canal televisivo, embora sem a clareza e a distinção
necessárias entre quem agiu correctamente e quem não teve o indispensável
discernimento para o fazer.
Um ou outro
comentário lateral, por parte dos sectores ditos “sérios” da nossa comunicação
social e comentadores políticos de serviço, e nada mais me parece que haja a
registar na abordagem mediática ao assunto, demonstrando-se assim a enorme fragilidade
e alguns complexos de natureza ideológica que atravessam as nossas elites
jornalísticas.
E no entanto,
se atentarmos bem ao comportamento daquele canal televisivo, facilmente
concluiremos pela extraordinária mediocridade que atravessa o nosso país, no
que respeita às prioridades noticiosas e à completa inversão (e subversão) de
valores que esta mesma atitude denota, de tal forma vergonhosa para todos nós
que chega ao cúmulo de se interromper uma conversa com um ex-primeiro-ministro
de Portugal (aprecie-se ou não o estilo e a pessoa), a propósito de um processo
político eleitoral referente ao maior partido da oposição (goste-se ou não do
partido), um dos pilares da nossa democracia representativa, para nos
“brindarem” com umas imagens, sem qualquer conteúdo noticioso relevante, de um treinador
de futebol acabado de chegar ao aeroporto da Portela.
Ainda que o
treinador seja excelente, e um orgulho nacional, isto é pura e simplesmente
inadmissível!
Fez muitíssimo
bem o Dr. Santana Lopes em ter tomado a atitude que tomou! Tivessem todos os
políticos a coragem que ele teve perante a comunicação social, e talvez a
classe política fosse mais respeitada do que é actualmente.
Agostinho
Ribeiro
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