quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Rede de Museus do Douro



Há uns tempos atrás tive oportunidade de escrever dois artigos a propósito dos museus de território, em especial sobre o surgimento e evolução do conceito, nomeando alguns dos protagonistas mais emblemáticos que contribuíram de forma decisiva para a sua construção e desenvolvimento, tanto no país como por todo o mundo fora.
Tenho o privilégio de conhecer pessoalmente algumas dessas personalidades da museologia, a nível mundial, e é-me grato poder partilhar com os leitores a informação da presença de Hugues de Varine entre nós, nos próximos dias 22 a 24 de Setembro, uma vez que este museólogo fará a conferência inaugural do I Encontro de Museus do Douro, correspondendo amavelmente ao convite por nós formulado.
Esta presença não podia ser mais auspiciosa para o novel Museu da Região do Douro, já que se trata, como também tive oportunidade de referir naqueles artigos, de um dos verdadeiros pais dos museus comunitários e de território, co-autor dos princípios conceptuais destas novas realidades museológicas, ex-presidente do ICOM (Conselho Internacional dos Museus) e uma figura incontornável da museologia internacional, mas que apenas se auto intitula, muito modestamente, como um “agente de desenvolvimento”, que vê nos museus de território instrumentos ao serviço das comunidades que servem e representam, como é desejável que aconteça também com o nosso Museu da Região do Douro.
É esta humildade dos genuinamente grandes que nos faz pensar na pobreza da vanglória dos pretensiosos que, ao pensarem que os outros são menos conhecedores dos assuntos ou menos capazes de os interpretar devidamente, se permitem à pesporrência de mimosear as pessoas com juízos opinativos que apenas nos demonstram uma confrangedora ignorância dos assuntos que abordam nos seus irrisórios escritos, já que afirmam completos despropósitos sem apresentarem quaisquer elementos, fundamentos ou justificações que validem tais juízos.
Todos têm o direito de publicitar as suas opiniões, e até é desejável que assim aconteça, para bem da sociedade democrática em que vivemos. Mas tais opiniões devem ser devidamente fundamentadas, demonstrando, ao menos, algum conhecimento dos assuntos que se abordam, porque nada mais fácil, fútil e falacioso pode haver do que escrever meia dúzia de baboseiras, sem qualquer rigor e seriedade, apenas porque se acha “que é assim, porque sim”!
Mas voltando ao assunto que agora nos interessa, este I Encontro de Museus do Douro, que se realizará nos próximos dias 24 e 25 de Setembro no pequeno auditório do Teatro de Vila Real, contará ainda com a presença de outras personalidades, que muito nos ajudarão à construção da nossa própria realidade museológica regional, esperando que o Encontro se traduza em contributos inestimáveis à melhor compreensão do potencial que estes museus encerram, e das metodologias que devem ser seguidas para obtenção dos melhores resultados práticos.
Nada melhor, portanto, que colher outras experiências que já deram provas de eficácia e sucesso, ou receber a informação privilegiada de quem se tem dedicado uma vida inteira à causa da museologia, nas suas diversas facetas constitutivas, sejam elas conceptuais ou operativas, de gestão, técnicas, científicas ou académicas, como é o caso, entre outros, da presença que muito nos honra do Dr. Manuel Bairrão Oleiro, presidente do Instituto dos Museus e da Conservação, da Dr.ª Graça Filipe, directora do Ecomuseu Municipal do Seixal, uma das mais enriquecedoras e importantes experiências museológicas nacionais no âmbito deste tipo de museus, ou da Prof.ª Alice Semedo, uma académica de reconhecidos méritos na área da formação museológica e do património.
É claro que não vou poder aqui nomear e discorrer sobre todos os intervenientes neste Encontro, e muito menos sobre as temáticas que cada um irá abordar, mas não posso deixar de expressar a minha forte convicção de estarmos, com a realização deste Encontro de Museus do Douro, a iniciar o cumprimento de um dos mais nobres objectivos do Museu da Região do Douro, ao proceder à reflexão e debate sobre a realidade dos museus existentes no espaço regional, para que possamos saber quantos somos, quem somos, que objectivos estratégicos pretende atingir cada uma destas unidades museológicas e que contributos pode cada uma delas dar ao projecto colectivo.
É o primeiro passo verdadeiramente estruturante, ao nível da reflexão teórica e da construção dos conceitos museológicos que, a par das obras físicas do núcleo sede da Casa da Companhia, concorrem para dar a visibilidade necessária à grandeza deste projecto colectivo de todos os durienses.

Agostinho Ribeiro

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