Há uns tempos
atrás tive oportunidade de escrever dois artigos a propósito dos museus de
território, em especial sobre o surgimento e evolução do conceito, nomeando
alguns dos protagonistas mais emblemáticos que contribuíram de forma decisiva
para a sua construção e desenvolvimento, tanto no país como por todo o mundo
fora.
Tenho o
privilégio de conhecer pessoalmente algumas dessas personalidades da
museologia, a nível mundial, e é-me grato poder partilhar com os leitores a
informação da presença de Hugues de Varine entre nós, nos próximos dias 22 a 24
de Setembro, uma vez que este museólogo fará a conferência inaugural do I
Encontro de Museus do Douro, correspondendo amavelmente ao convite por nós
formulado.
Esta presença
não podia ser mais auspiciosa para o novel Museu da Região do Douro, já que se
trata, como também tive oportunidade de referir naqueles artigos, de um dos
verdadeiros pais dos museus comunitários e de território, co-autor dos
princípios conceptuais destas novas realidades museológicas, ex-presidente do
ICOM (Conselho Internacional dos Museus) e uma figura incontornável da
museologia internacional, mas que apenas se auto intitula, muito modestamente,
como um “agente de desenvolvimento”, que vê nos museus de território
instrumentos ao serviço das comunidades que servem e representam, como é
desejável que aconteça também com o nosso Museu da Região do Douro.
É esta
humildade dos genuinamente grandes que nos faz pensar na pobreza da vanglória
dos pretensiosos que, ao pensarem que os outros são menos conhecedores dos
assuntos ou menos capazes de os interpretar devidamente, se permitem à
pesporrência de mimosear as pessoas com juízos opinativos que apenas nos
demonstram uma confrangedora ignorância dos assuntos que abordam nos seus irrisórios
escritos, já que afirmam completos despropósitos sem apresentarem quaisquer elementos,
fundamentos ou justificações que validem tais juízos.
Todos têm o
direito de publicitar as suas opiniões, e até é desejável que assim aconteça,
para bem da sociedade democrática em que vivemos. Mas tais opiniões devem ser
devidamente fundamentadas, demonstrando, ao menos, algum conhecimento dos
assuntos que se abordam, porque nada mais fácil, fútil e falacioso pode haver
do que escrever meia dúzia de baboseiras, sem qualquer rigor e seriedade,
apenas porque se acha “que é assim, porque sim”!
Mas voltando ao
assunto que agora nos interessa, este I Encontro de Museus do Douro, que se
realizará nos próximos dias 24 e 25 de Setembro no pequeno auditório do Teatro
de Vila Real, contará ainda com a presença de outras personalidades, que muito
nos ajudarão à construção da nossa própria realidade museológica regional,
esperando que o Encontro se traduza em contributos inestimáveis à melhor
compreensão do potencial que estes museus encerram, e das metodologias que
devem ser seguidas para obtenção dos melhores resultados práticos.
Nada melhor,
portanto, que colher outras experiências que já deram provas de eficácia e
sucesso, ou receber a informação privilegiada de quem se tem dedicado uma vida
inteira à causa da museologia, nas suas diversas facetas constitutivas, sejam
elas conceptuais ou operativas, de gestão, técnicas, científicas ou académicas,
como é o caso, entre outros, da presença que muito nos honra do Dr. Manuel
Bairrão Oleiro, presidente do Instituto dos Museus e da Conservação, da Dr.ª
Graça Filipe, directora do Ecomuseu Municipal do Seixal, uma das mais
enriquecedoras e importantes experiências museológicas nacionais no âmbito
deste tipo de museus, ou da Prof.ª Alice Semedo, uma académica de reconhecidos
méritos na área da formação museológica e do património.
É claro que não
vou poder aqui nomear e discorrer sobre todos os intervenientes neste Encontro,
e muito menos sobre as temáticas que cada um irá abordar, mas não posso deixar
de expressar a minha forte convicção de estarmos, com a realização deste
Encontro de Museus do Douro, a iniciar o cumprimento de um dos mais nobres
objectivos do Museu da Região do Douro, ao proceder à reflexão e debate sobre a
realidade dos museus existentes no espaço regional, para que possamos saber
quantos somos, quem somos, que objectivos estratégicos pretende atingir cada
uma destas unidades museológicas e que contributos pode cada uma delas dar ao
projecto colectivo.
É o primeiro
passo verdadeiramente estruturante, ao nível da reflexão teórica e da construção
dos conceitos museológicos que, a par das obras físicas do núcleo sede da Casa
da Companhia, concorrem para dar a visibilidade necessária à grandeza deste
projecto colectivo de todos os durienses.
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