quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Inventariação do Património Móvel Religioso da Diocese de Lamego



A sessão de encerramento do projecto de Inventariação do Património Religioso da Diocese de Lamego (Arciprestados de Lamego e Tarouca) irá decorrer já no próximo dia 29 do corrente, no auditório do Museu de Lamego, a que se seguirá a inauguração da exposição “A Palavra e o Espírito – Exposição de Arte e História” na Casa do Poço, o novo espaço museológico da nossa cidade, que muito me apraz aqui registar e divulgar.
Tendo sido convidado pelo coordenador deste projecto, Dr. Nuno Resende, para prefaciar o catálogo referente a Lamego, não poderia deixar de tecer algumas considerações sobre a importância que o mesmo tem na salvaguarda e valorização do nosso património religioso, uma vez que sempre me pareceu ser fundamental o estudo, e consequente classificação e inventariação, daquilo que é suposto termos a obrigação civilizacional de proteger.
Outra coisa não faria sentido… Ninguém defende o que não conhece, nem protege o que lhe é indiferente e, portanto, um dos passos fundamentais em todo o processo de salvaguarda e valorização do nosso património cultural passa, obrigatoriamente, pelo seu estudo e inventariação, para seu uso posterior. Este uso, seja ele considerado em termos académicos e científicos ou de exclusiva fruição deleitosa, pode mesmo constituir uma forma expedita de prevenir eventuais perdas, acautelando assim a sua melhor protecção física e uma maior capacidade de resposta perante situações adversas, como seguramente acontece quando existe informação detalhada e ficha de identificação das peças artísticas em causa.
Um outro aspecto que deve ser realçado, neste processo mais global de acções concertadas com vista à protecção dos bens artísticos nacionais, é o das excelentes relações, pessoais e institucionais, que sempre existiram entre o Museu e a Diocese de Lamego. De facto, poucos exemplos podem ser apontados, a nível nacional, deste tipo tão bom de relacionamento estreito e profícuo entre duas entidades, como as que agora se enunciam, num contexto de saudável parceria institucional, e que tem vindo a dar resultados de grande valia cultural para a nossa cidade e região, como se pode confirmar pela quantidade e qualidade das realizações conjuntas que estas duas entidades já desenvolveram ao longo das últimas décadas.
Foi, aliás, esta excelente postura de estreita colaboração entre ambas que levou à presença do Museu de Lamego, na qualidade de conferencista institucional, no Congresso Internacional Europae Thesauri, que decorreu o ano passado em Portugal por iniciativa e organização da Diocese de Beja, conforme tivemos então oportunidade de informar publicamente. Na altura, proferimos uma comunicação a um conjunto de quadros e responsáveis (religiosos e laicos) académicos, técnicos e científicos, a nível europeu, sobre as boas práticas por nós seguidas (Diocese e Museu), numa perspectiva histórica, não deixando de projectar para a actualidade este desiderato estratégico, em nome da salvaguarda e valorização do nosso património artístico religioso, intervenção essa que foi muito bem recebida por todos os participantes daquele Congresso.
Desde praticamente a fundação do Museu de Lamego que estas relações são cordiais, e foram sendo construídas e enriquecidas com base na instituição da mútua e recíproca confiança entre os diferentes e directos responsáveis de cada entidade representada, sendo minha profunda convicção que só assim se pode construir algo de positivo e duradoiro, não só neste sector do saber e do conhecimento, como em todas as restantes áreas da actividade humana, como não pode deixar de ser.
Um bom exemplo nacional, que deve ser acarinhado por todos, e ao qual temos a obrigação de dar a devida continuidade, já que seria muito empobrecedor para todos nós deixar cair por terra uma experiência tão rica e frutuosa como esta, ainda que no caso concreto do inventário diocesano esta colaboração se tenha manifestado num apoio logístico de limitada dimensão institucional.
Em todo o caso, é-nos particularmente gratificante validar a colaboração competente da Dr.ª Alexandra Braga, técnica superiora do Museu de Lamego e que, em conjunto com os restantes investigadores, deu um inestimável contributo para a excelente qualidade do catálogo que suporta este projecto de inventariação do nosso património religioso, em boa hora assumido pela Diocese de Lamego.
Bem hajam todos pelo importante trabalho já realizado!

Agostinho Ribeiro

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