A sessão de
encerramento do projecto de Inventariação do Património Religioso da Diocese de
Lamego (Arciprestados de Lamego e Tarouca) irá decorrer já no próximo dia 29 do
corrente, no auditório do Museu de Lamego, a que se seguirá a inauguração da
exposição “A Palavra e o Espírito –
Exposição de Arte e História” na Casa do Poço, o novo espaço museológico da
nossa cidade, que muito me apraz aqui registar e divulgar.
Tendo sido
convidado pelo coordenador deste projecto, Dr. Nuno Resende, para prefaciar o
catálogo referente a Lamego, não poderia deixar de tecer algumas considerações sobre
a importância que o mesmo tem na salvaguarda e valorização do nosso património
religioso, uma vez que sempre me pareceu ser fundamental o estudo, e
consequente classificação e inventariação, daquilo que é suposto termos a
obrigação civilizacional de proteger.
Outra coisa não
faria sentido… Ninguém defende o que não conhece, nem protege o que lhe é
indiferente e, portanto, um dos passos fundamentais em todo o processo de
salvaguarda e valorização do nosso património cultural passa, obrigatoriamente,
pelo seu estudo e inventariação, para seu uso posterior. Este uso, seja ele
considerado em termos académicos e científicos ou de exclusiva fruição
deleitosa, pode mesmo constituir uma forma expedita de prevenir eventuais
perdas, acautelando assim a sua melhor protecção física e uma maior capacidade
de resposta perante situações adversas, como seguramente acontece quando existe
informação detalhada e ficha de identificação das peças artísticas em causa.
Um outro
aspecto que deve ser realçado, neste processo mais global de acções concertadas
com vista à protecção dos bens artísticos nacionais, é o das excelentes
relações, pessoais e institucionais, que sempre existiram entre o Museu e a
Diocese de Lamego. De facto, poucos exemplos podem ser apontados, a nível
nacional, deste tipo tão bom de relacionamento estreito e profícuo entre duas
entidades, como as que agora se enunciam, num contexto de saudável parceria
institucional, e que tem vindo a dar resultados de grande valia cultural para a
nossa cidade e região, como se pode confirmar pela quantidade e qualidade das
realizações conjuntas que estas duas entidades já desenvolveram ao longo das
últimas décadas.
Foi, aliás,
esta excelente postura de estreita colaboração entre ambas que levou à presença
do Museu de Lamego, na qualidade de conferencista institucional, no Congresso
Internacional Europae Thesauri, que decorreu o ano passado em Portugal por
iniciativa e organização da Diocese de Beja, conforme tivemos então oportunidade
de informar publicamente. Na altura, proferimos uma comunicação a um conjunto
de quadros e responsáveis (religiosos e laicos) académicos, técnicos e científicos,
a nível europeu, sobre as boas práticas por nós seguidas (Diocese e Museu),
numa perspectiva histórica, não deixando de projectar para a actualidade este
desiderato estratégico, em nome da salvaguarda e valorização do nosso
património artístico religioso, intervenção essa que foi muito bem recebida por
todos os participantes daquele Congresso.
Desde
praticamente a fundação do Museu de Lamego que estas relações são cordiais, e
foram sendo construídas e enriquecidas com base na instituição da mútua e
recíproca confiança entre os diferentes e directos responsáveis de cada
entidade representada, sendo minha profunda convicção que só assim se pode
construir algo de positivo e duradoiro, não só neste sector do saber e do
conhecimento, como em todas as restantes áreas da actividade humana, como não
pode deixar de ser.
Um bom exemplo
nacional, que deve ser acarinhado por todos, e ao qual temos a obrigação de dar
a devida continuidade, já que seria muito empobrecedor para todos nós deixar
cair por terra uma experiência tão rica e frutuosa como esta, ainda que no caso
concreto do inventário diocesano esta colaboração se tenha manifestado num
apoio logístico de limitada dimensão institucional.
Em todo o caso,
é-nos particularmente gratificante validar a colaboração competente da Dr.ª
Alexandra Braga, técnica superiora do Museu de Lamego e que, em conjunto com os
restantes investigadores, deu um inestimável contributo para a excelente
qualidade do catálogo que suporta este projecto de inventariação do nosso património
religioso, em boa hora assumido pela Diocese de Lamego.
Bem hajam todos
pelo importante trabalho já realizado!
Agostinho Ribeiro
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