Também
conhecido por Jardim da República, ou Campo do Tablado, este espaço verde é, e
será sempre, um espaço referencial para todos os lamecenses ou não lamecenses
que, de alguma forma, o usufruíram e “viveram” em algum momento particular das
suas/nossas vidas.
O Jardim do
Campo foi “campo do tabolado”, no tempo em que os godos por aqui andaram, como
podemos perceber pela leitura do breve texto que o lamecense de alma, coração e génio, Francisco J. Cordeiro Laranjo,
escreveu em 1989, no seu maravilhoso repertório de memórias, que dá pelo nome
de “Lamego Antiga”, e cuja leitura exaustiva, e repetida, aconselhamos aos
“lamecenses” de pacotilha, sejam eles os da novíssima adesão ou os de mais
antiga filiação, uns e outros a necessitarem de alguns “cuidados de saúde
informativa sobre o património lamecense”, que evite a possibilidade de nos
virem cometer verdadeiros crimes de lesa património, como parece que querem
fazer.
Foi por
iniciativa do Visconde de Guedes Teixeira (mais um lamecense de excepção) que o
Jardim do Campo haveria de ter uma configuração próxima da actual, passando a
ser designado por “Passeio Público” ou, como aconteceu em 1895, “para louvor à
Rainha de então,” com a designação de Passeio da Rainha Regente Dona Amélia.
Que lamecense
não sentirá que o Jardim da República é um símbolo histórico, cultural e
urbanístico de Lamego, um ex-libris e
uma referência desta cidade, que tanto se orgulha dos seus espaços públicos?
Porém, a
empresa LamegoConvida, administrada pelos senhores Eng. Francisco Lopes, actual
presidente da Câmara, Dr. Paulo Correia, ex-chefe de gabinete do actual
Presidente da Câmara e Arq. Joaquim Miguéis, ex-director do Departamento
Técnico da Câmara de Lamego, prepara-se para intervir de forma abusiva nesse
espaço público, sem ao menos nos consultar previamente, a todos nós,
lamecenses, sobre as razões e fundamentos que poderão justificar este
verdadeiro atentado ao património público lamecense.
Faço aqui
questão de os nomear para que, depois, não restem quaisquer dúvidas de quem tem
a primeira responsabilidade sobre o que pode vir a acontecer naquele espaço
referencial, sem contudo nos podermos esquecer de quem, na retaguarda e por
omissão, possa vir a ser corresponsabilizado por tão nefasta opção urbanística,
que leve à destruição total ou parcial do nosso Jardim do Campo.
O senhor
Presidente da Câmara já disse, em sede de Assembleia Municipal, que nada irá
acontecer ao Jardim do Campo, sem antes ter passado pelo crivo e análise dos
membros da Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Lamego. Percebemos o
logro da afirmação produzida – o caderno de encargos que foi elaborado já
permite e indicia alterações graves à fisionomia do lugar, e adivinhamos a
defesa das alterações com o argumento de que, depois dos gastos financeiros já
concretizados, seria muito complicado não dar seguimento ao processo decorrente
do concurso de concepção-execução, entretanto concluído.
Vamos, pois,
ter apenas oportunidade de nos pronunciarmos sobre um “dado adquirido”, para
assim sermos defraudados nas legítimas expectativas que são, ao menos, as de
podermos manifestar uma opinião contrária a mais este abuso do actual poder
autárquico.
Estou contra este projecto, contra este método de actuação, contra os seus responsáveis e tudo
indica, pela falta de informação prévia a que devíamos ter tido acesso, que
estamos perante um “negócio” de contornos, no mínimo, obscuros e mais que duvidosos.
Logo veremos se
o tempo me dará, ou não, razão!
Agostinho
Ribeiro
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