O Museu de
Lamego foi convidado a apresentar uma comunicação no Congresso Internacional
Europae Thesauri, que decorreu em Beja, nos passados dias 22 a 25 do corrente
mês.
Organizado pela
Associação Internacional dos Tesouros e Museus de Igrejas, este Congresso
contou com o apoio da Diocese de Beja e da Câmara Municipal de Beja, e teve
como objectivos primordiais divulgar o que de mais importante se tem feito pela
salvaguarda do património religioso europeu.
Subordinado ao
tema “Tesouros da Igreja, Tesouros da
Europa”, este encontro pretendeu constituir-se como “um fórum pan-europeu destinado a promover uma reflexão
interdisciplinar sobre os desafios que se colocam hoje em dia aos Tesouros e
Museus da Igreja, tendo em vista a sua integração nas realidades culturais, mas
também sócio-económicas, políticas e religiosas, de um continente em rápida
transformação”.[1]
É gratificante
constatar que, entre mais de 15 países europeus, representados neste Congresso,
e num conjunto de mais de 50 comunicações apresentadas, o nosso Museu de Lamego
tenha sido expressamente convidado para fazer uma comunicação sobre a temática
das relações entre este Museu do Estado e a Diocese de Lamego, por se saber da
exemplaridade existente na colaboração histórica que estas duas entidades
sempre souberam manter.
Tivemos
oportunidade, portanto, de discorrer sobre um passado repleto de bons exemplos,
no que respeita ao estudo, inventariação, salvaguarda e divulgação do
riquíssimo património existente na nossa Diocese, perante uma assembleia composta
pelos mais excelentes quadros europeus (técnicos e científicos) nesta área
específica do saber e da actividade patrimonial e museológica.
A partir de uma
primeira resenha histórica, em que caracterizamos o Museu de Lamego, ele
próprio repositório de um património religioso de excepção, ao longo do seu
percurso existencial, partimos para a fase actual do estado de relações
mantidas entre a Diocese e o Museu, nomeadamente no que diz respeito à criação
do novo museu diocesano. Aqui, fizemos questão de realçar o contributo prestado
pelo Museu, ao elaborar o Programa Museológico do Museu da Casa do Poço, e a
assunção das responsabilidades de gestão que permitiram, inclusivamente, maior
celeridade e eficácia no processo de candidatura deste projecto aos fundos
comunitários.
Numa análise
retrospectiva, que não deixámos de fazer, focalizamos ainda a nossa atenção nas
diversas exposições temáticas, realizadas em parceria com a Diocese de Lamego,
desde 1950, com a exposição de Arte Sacra então realizada, até à actualidade,
aqui traduzida na continuada colaboração que prestamos ao nível da
inventariação do património diocesano e da já referida participação no futuro
modelo de gestão do Museu-Arquivo da Casa do Poço.
Aliás, outra
atitude não faria sentido, sabendo nós que duas instituições desta natureza
apenas podem beneficiar com uma política concertada e harmonizada, de forma a
rentabilizar os recursos disponíveis, complementar as suas actividades e
responsabilidades técnicas e funcionais, assumindo ambas o seu papel
insubstituível na salvaguarda e divulgação do nosso património e na projecção
de Lamego (cidade, concelho e diocese) no espaço nacional e internacional, por
força dos tesouros religiosos, patrimoniais e artísticos, que orgulhosamente
possuimos.
Sob a
irrepreensível coordenação do Secretário-Geral deste Congresso, Arq. José
António Falcão, director do Departamento do Património Histórico e Artístico da
Diocese de Beja, este Congresso atingiu a totalidade dos objectivos que se
propunha atingir e é sempre gratificante perceber que o fruto do nosso trabalho
é reconhecido muito para além das nossas fronteiras.
Agostinho
Ribeiro