Têm-me dito
alguns amigos que a oposição socialista deveria ser mais activa e incisiva a
denunciar, publica e politicamente, as irresponsabilidades que têm vindo a ser
perpetradas pela coligação actualmente no poder autárquico.
Interrogo-me
sobre as reais possibilidades que existem em se fazer uma verdadeira e correcta
oposição política, no sentido mais nobre e abrangente do termo, em face das
gritantes desigualdades de natureza e princípios que caracterizam os diferentes
protagonistas deste processo. É que os desmandos desta coligação são mais do
foro da Polícia, das Inspecções e do Ministério Público que, propriamente, das
denúncias mais ou menos visíveis dos políticos que lhes fazem oposição.
Um ano depois
desta coligação ter assumido o poder, e já se perde a conta aos excessos
desregrados destes senhores, às tropelias inconsequentes dos seus actos e às
permanentes faltas de consideração e respeito que demonstram possuir por muitos
lamecenses, em especial pelos que não pensam da mesma forma que eles.
É vergonhosa a
forma persecutória com que agem em relação aos que não alinham pelo mesmo
diapasão!
Ainda agora,
num verdadeiro exercício de insultuoso descaramento, o senhor Presidente da
Câmara veio exigir o direito de resposta, para afirmar publicamente que a
Câmara não tinha apoiado a festa de comemoração da vitória alcançada há um ano
atrás quando, em acta do executivo camarário de 10 de Outubro, se confirma a
verdade do apoio ilegal concedido, pela leitura das afirmações nela exaradas, da
autoria do seu próprio vice-presidente. É demais! É demasiada petulância para
poder passar sem a nossa maior reprovação e repúdio!
Uma sã e digna
luta política deveria passar pelo confronto de ideias e de projectos, mas para
isso é necessário que existam ideias e projectos, que exista uma linha de rumo,
objectivos claros a serem perseguidos e uma estratégia adequada para assegurar
a sua concretização. Ora acontece que nem no plano de actividades de 2006, nem
no programa desta coligação essa linha de rumo se consegue vislumbrar.
Nem sequer na
acção concreta do dia a dia! Não parece haver prioridades sustentadas e
fundamentadas – apenas existe uma “navegação à vista”, que o mesmo é dizer que
se vai fazendo alguma coisa consoante a maré dos acontecimentos e das
disponibilidades financeiras que a cada momento vai existindo nos cofres
municipais.
É assim em
todos os documentos produzidos por estes senhores, quer se trate do plano anual
ou dos objectivos estatutários da empresa municipal, ou até mesmo do seu indescritível
plano de acção. De resto, está lá tudo, como se alguém acreditasse que tudo
pode ser feito ao mesmo tempo e como se fosse possível haver recursos
financeiros inesgotáveis para tudo se fazer.
Quem se quiser
deixar enganar com obras menores, de circunstância, mas com enorme
visibilidade, que se deixe enganar. Mas aconselho vivamente a que se detenham
na reflexão sobre as obras maiores, aquelas que são infra estruturantes para o
verdadeiro desenvolvimento do concelho de Lamego e para a sua projecção
regional e nacional. É nestas obras que se devem procurar os fundamentos reais
para o desenvolvimento sustentado de um concelho com as nossas características,
e não na multiplicidade de pequenas obras avulsas, que sendo de méritos
aceitáveis, as mais das vezes enformam de métodos pouco claros e transparentes.
Insere-se nesta constatação, por exemplo, as obras de requalificação do
cemitério de Santa Cruz, onde se vai ter de provar a lisura da metodologia
seguida para a sua realização.
Os empedernidos
seguidores desta coligação têm vindo a proclamar aos quatro ventos que agora
sim, agora é que as obras se vêem, ao contrário do anterior executivo, que nada
terá feito no último mandato.
Cegos na sua
pior cegueira, não vislumbram a verdade das coisas. Não conseguem perceber que,
por exemplo, uma Escola Superior de Hotelaria e Turismo, aposta nuclear do
anterior Presidente da Câmara, teria de ser conseguida na altura em que o foi,
justificando-se a aplicação de todos os recursos então disponíveis (mais de
dois milhões e meio de euros) para a sua implantação em Lamego. Se não tivesse
sido naquele momento, perder-se-ia irreversivelmente…
Foi de uma extraordinária
visão estratégica a opção então assumida! Daqui a 20 ou 30 anos todos seremos
unânimes em considerar a importância incontornável desta infra-estrutura, bem
como dos seus principais responsáveis. Será uma das obras ímpares que marcarão
a cidade de Lamego nas próximas décadas.
E talvez então esta,
como outras obras realizadas, possam ser comparadas com alguns projectos que
este executivo pretende realizar, não sendo necessário ser um bom gestor para se
perceber, hoje, quão demagógicas são algumas das promessas feitas pelo actual
poder autárquico.
É esta a
diferença entre um bom gestor que ama a sua terra e se preocupa em fazer o
melhor para ela e o mau gestor, que nos vem de fora, e que apenas está
preocupado em fazer obra de fachada para tentar enganar o “pacóvio”, custe o
que custar, e vai custar muitos milhões de euros aos bolsos de todos nós.
Mas acontece, simplesmente,
que os lamecenses não são “pacóvios”, nem ignorantes, e saberemos todos destrinçar
o trigo do joio, quando for tempo de o fazer.
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