quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Simplesmente inadmissível…!



A semana passada foi bastante esclarecedora no que respeita à natureza do carácter do actual Presidente da Câmara de Lamego.
Não é todos os dias que assistimos, neste País, ao lamentável espectáculo de sermos brindados com falsidades e deturpações, umas atrás das outras, em catadupa mirabolante que impressiona até os espíritos mais liberais e condescendentes, por parte de um responsável público com as funções do senhor Eng. Francisco Lopes.
O senhor Presidente da Câmara de Lamego deve mesmo pensar que os lamecenses são analfabetos e desconhecedores das leis e das obrigações públicas, para ter o descaramento de nos vir falsear a verdade, de forma tão directa e descabida, tentando enganar as pessoas com o seu direito de resposta, que mais não foi que um esforço despropositado de tentar deitar poeira aos olhos dos cidadãos.
Pura e simplesmente inadmissível…!
Em boa hora andaram os visados, que lhe souberam responder à letra, desmascarando assim as falsidades, proferidas com uma ousadia tal, que poderia levar os mais desatentos e desprevenidos à convicção de que ele estaria a falar verdade.
Mas não… Ele não fala a verdade!
Ele não fala a verdade quando refere que a remuneração dos membros do conselho de administração da empresa Lamego Convida, foi estabelecida em função dos ordenados dos vereadores. Tenho na minha frente a proposta aprovada pela coligação PSD/CDS-PP, (o Partido Socialista votou contra) em que se estabelece o montante de 95% para o Presidente do Conselho de Administração e 90% para os dois restantes vogais, ambos em função dos vencimentos do Presidente da Câmara, e não dos vereadores.
Ele não fala a verdade quando diz que um vereador a tempo inteiro aufere um vencimento que corresponde a 90% do ordenado de um Presidente da Câmara. É falso! Um vereador recebe 80% desse vencimento!
Ele não fala a verdade quando tenta subverter as afirmações dos visados, uma vez que eles referiram os custos que a empresa tem de suportar por cada um dos membros do Conselho de Administração e não, como ele quis fazer crer, os vencimentos que os mesmos vão, de facto, auferir.
E depois, vergonha das vergonhas, tenta justificar o que está a fazer com os maus exemplos que pululam por esse País fora, e que tanto tem preocupado os responsáveis nacionais, pelos gastos incontrolados daí provenientes, tão penalizadores da boa imagem e da boa gestão que o poder, de uma maneira geral, e o autárquico em particular, deveria ter e manter. Ou seja, pelo facto de os outros agirem mal, há que agir também de acordo com esses péssimos critérios, onde a imoralidade assume o papel condutor de tais desvarios.
Que rico exemplo nos dá este senhor…
Como é possível um Presidente de Câmara vir usar do direito de resposta, dizendo falsidades da forma que o faz, para acusar os outros de dizerem mentiras, quando todos os documentos provam que tais afirmações são absolutamente verdadeiras?

Mais grave ainda, por se tratar de um assunto que se prende com a saúde pública, está a notícia (?) que apareceu no jornal do Douro, faz algumas semanas, onde podemos apreciar uma fotografia do senhor Presidente da Câmara, junto à fonte do Almedina, e onde se refere que já “jorra abundantemente água da boa na Fonte do Almedina”. Afinal essa água “da boa” está imprópria para consumo desde, pelo menos, o início deste ano, não se percebendo como pode um autarca, com as responsabilidades públicas que tem, na qualidade de Presidente da Câmara, sujeitar-se a esta baixa propaganda política, que apenas serve para desacreditar ainda mais o já tão depauperado poder local.
É que se o senhor Presidente da Câmara não foi previdente, ao ponto de se assegurar previamente do estado em que a água se encontrava, a isso chamamos irresponsabilidade. Mas se estava conhecedor dos factos, então está a agir de má-fé, porque induziu em erro as pessoas que acreditaram nele, e poderiam ter sofrido na sua própria saúde os resultados de tamanha incúria.
Uma ou outra das hipóteses não são, de todo, compatíveis com a dignidade da função!

A sua cândida postura começa agora a não dar os resultados que já deu no início, a fazer lembrar o conhecido conto popular do jovem pastor que, para se divertir, gritava que vinha o lobo… Até ao dia em que o lobo veio de verdade, mas era tarde demais, porque já ninguém acreditava nele!

Agostinho Ribeiro

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