quinta-feira, 29 de junho de 2006

O que queremos para Lamego?



Seria bom que todos tivéssemos uma ideia muito precisa do que pretendemos para o nosso concelho e cidade de Lamego, e a soubéssemos transmitir com toda a clareza e precisão aos nossos concidadãos.
Quero dizer com isto que é fundamental, a quem detém responsabilidades políticas, saber explicar, com o detalhe necessário, para onde pretendemos encaminhar o desenvolvimento sustentado da nossa terra. A partilha da informação é, também, um convite à adesão em torno dos nossos grandes objectivos estratégicos, para assim se conseguir obter os apoios e as parcerias necessárias à sua boa concretização.
Posto isto, convém saber o que pensam os nossos responsáveis sobre o nosso futuro colectivo, e isso só será possível se eles nos souberem explicar devidamente o que planeiam fazer nos tempos mais próximos, articulados com a visão estratégica que possuem para a nossa terra. Com as prioridades devidamente estabelecidas, com um calendário correctamente estipulado e os recursos devidamente inventariados.
Não devemos proclamar a necessidade imperiosa de nos unirmos em torno de potenciais causas comuns para depois, na prática, não só não as explicarmos devidamente aos concidadãos, como ainda votarmos ao ostracismo quase metade dos mesmos, através dos seus legítimos representantes, quando nos apresentamos publicamente a defender um qualquer objectivo supostamente integrado nessas mesmas grandes causas.
Infelizmente, não podemos ter uma noção do que o actual poder local pretende para Lamego, através da leitura dos documentos normais de gestão municipal. O plano e o orçamento que vigoram para este ano de 2006 não nos apontam essa visão estratégica, e integram tudo o que é possível e imaginário poder fazer-se nos próximos 4 anos e seguintes. Como muito bem sabemos, quando nos propomos fazer tudo e mais alguma coisa, para satisfazer os mais diversos interesses, sejam eles de que naturezas forem, é certo que muito ficará por concretizar… É certo também que se torna mais fácil gerir os conflitos de interesses estabelecidos, uma vez que, em teoria, tudo pode, e vai, ser concretizado. Depois, se tal não suceder, lá surgirá uma razão oportuna e adequada a justificar essa impossibilidade.
Ora, nada disto é relevante para a obtenção de adesões para a nossa causa. O que é relevante é a existência de ideias concretas, da nossa própria convicção que as mesmas são importantes para o colectivo que servimos, e da nossa capacidade de as saber transmitir aos outros com a força necessária da sedução e autoconfiança que se impõe.
É pena constatar que nos encontramos numa fase de análise da realidade lamecense mais pelo que nos desune, separa e divide, que por aquilo que nos une, o que é, a todos os títulos, lamentável, pela inexistência prática de quaisquer benefícios colectivos que daí possam advir.
Quem está a ser responsável pela abertura irreparável de fracturas políticas e sociais na sociedade lamecense?
As gerações futuras indagarão sobre os protagonistas políticos actuais, sobre a sua forma de fazer política e sobre os métodos utilizados para alcançarem os seus fins.
Saberão então dizer se fomos ou não mulheres e homens de visão, capazes de termos uma ideia de desenvolvimento sustentado para o nosso concelho e para a nossa cidade, como se hoje tivéssemos o alcance visionário de ver e saber explicar aos nossos conterrâneos como gostaríamos que fosse a nossa terra daqui a uma dezena de anos…
Que razões estão na base dessa mesma visão, suportadas por uma fundamentação adequada e quais os investimentos relevantes que deveremos defender e implementar para atingir tal desiderato, são as verdadeiras questões que interessam discutir e analisar, para bem de Lamego e dos lamecenses.

Agostinho Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário