A primeira nota
refere-se ainda ao Teatro Ribeiro Conceição, para aqui testemunhar a honra que
tive por fazer parte de um executivo camarário que soube dar o devido impulso
primordial e o adequado encaminhamento ao respectivo processo, sendo de inteira
justiça lembrar os senhores vereadores que comigo lhe deram corpo político, no
mandato de 1985 a 1989. Foram eles os senhores vereadores José Montenegro, João
Carvalho, Amândio da Fonseca, Henrique Carminé, Artur Gomes da Silva e Vítor
Massa.
Na primeira
metade desse mandato, não devemos esquecer o senhor António Ferreira que, na
qualidade de Presidente da Câmara, e pese embora as fortes e profundas
dissidências políticas que mantivemos, não deixou de dar o seu contributo com o
imprescindível aval à boa resolução do projecto.
Sem o apoio
deles, e o esclarecido entendimento que então tivemos da verdadeira dimensão e
importância deste desígnio concelhio, devidamente continuado por Rui Valadares,
e não teríamos conseguido travar e reverter o processo de degradação acelerada a
que estava a ser sujeita esta jóia do nosso património artístico e monumental.
Por outro lado,
constatei que poucos dos primeiros e principais responsáveis por este projecto
estiveram presentes na inauguração, pelo simples facto de terem sido
ostracizados pelo cego e autista poder que hoje pontifica pelas bandas do nosso
município. Nem sequer percebem que há ausências que se impõem como presenças
inabaláveis…
Não só não
convidaram muitas entidades públicas locais (eu recebi um convite na qualidade
de membro da Assembleia Municipal, não tendo ido pelas razões expressas no meu
artigo anterior), como também o não fizeram a personalidades lamecenses de
reconhecido mérito e protagonismo no seu processo constitutivo e na vida quotidiana
daquela casa de espectáculos.
Nada mais
deprimente do que assistir ao verdadeiro “roubo” de propriedade intelectual alheia,
como se todo o passado anterior a 2006 pura e simplesmente não tivesse existido.
Mas o passado existe, e lá virá o dia em que os verdadeiros e genuínos
proprietários colectivos da ideia e do projecto festejarão condignamente o
nosso Teatro, repondo então a verdade moral e histórica da (re)construção deste
espaço magnífico. Com o devido reconhecimento a José António dos Santos, como
uma das figuras cimeiras do projecto, e onde se terá, certamente, o cuidado de
não esquecer Francisco Lopes, porque não fomos, não somos, nem seremos jamais como
ele! Para nossa honra, orgulho e satisfação!
Por muito que
estes senhores se esforcem, em atitude patética de encobrimento da verdade, a
tentar fazer crer que foram eles os grandes obreiros desta casa, nunca
conseguirão apagar a memória dos que ali trabalharam, produziram, realizaram, viveram
e assistiram a momentos inesquecíveis de arte e entretenimento. Não foram os
grandes obreiros desta casa, e com este comportamento obtuso apenas conseguiram
cair no ridículo e ficar para a história de Lamego como o exemplo maior da
impostura e da hipocrisia políticas dos que, não sabendo respeitar os outros,
não percebem sequer que se desrespeitam a si próprios.
Adiante, que a
História saberá, um dia, repor a verdade!
A outra nota
prende-se com a minha actividade profissional, que vai no futuro mais próximo
obrigar-me, entre outras coisas, a diminuir drasticamente o tempo disponível
para escrever estes meus apontamentos opinativos.
O senhor
Director do Instituto dos Museus e da Conservação, Dr. Manuel Bairrão Oleiro,
convidou-me para dirigir o Museu de Grão Vasco, até à abertura do concurso
público para director daquela prestigiada instituição museológica. Sendo enorme
a consideração e o respeito profissional e intelectual que nutro por esta
personalidade da museologia nacional, não poderia declinar tão honroso convite,
ainda que com enorme sacrifício da minha vida familiar e pessoal, por saber que
ao aceitar este novo desafio estou também a dar mais um contributo para o
prestígio e engrandecimento de Lamego.
Com a vantagem
acrescida de passarem a ler um articulista bem mais contido e sintético na
extensão das suas crónicas semanais…
Agostinho Ribeiro
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