quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Duas notas apenas…



A primeira nota refere-se ainda ao Teatro Ribeiro Conceição, para aqui testemunhar a honra que tive por fazer parte de um executivo camarário que soube dar o devido impulso primordial e o adequado encaminhamento ao respectivo processo, sendo de inteira justiça lembrar os senhores vereadores que comigo lhe deram corpo político, no mandato de 1985 a 1989. Foram eles os senhores vereadores José Montenegro, João Carvalho, Amândio da Fonseca, Henrique Carminé, Artur Gomes da Silva e Vítor Massa.
Na primeira metade desse mandato, não devemos esquecer o senhor António Ferreira que, na qualidade de Presidente da Câmara, e pese embora as fortes e profundas dissidências políticas que mantivemos, não deixou de dar o seu contributo com o imprescindível aval à boa resolução do projecto.
Sem o apoio deles, e o esclarecido entendimento que então tivemos da verdadeira dimensão e importância deste desígnio concelhio, devidamente continuado por Rui Valadares, e não teríamos conseguido travar e reverter o processo de degradação acelerada a que estava a ser sujeita esta jóia do nosso património artístico e monumental.
Por outro lado, constatei que poucos dos primeiros e principais responsáveis por este projecto estiveram presentes na inauguração, pelo simples facto de terem sido ostracizados pelo cego e autista poder que hoje pontifica pelas bandas do nosso município. Nem sequer percebem que há ausências que se impõem como presenças inabaláveis…
Não só não convidaram muitas entidades públicas locais (eu recebi um convite na qualidade de membro da Assembleia Municipal, não tendo ido pelas razões expressas no meu artigo anterior), como também o não fizeram a personalidades lamecenses de reconhecido mérito e protagonismo no seu processo constitutivo e na vida quotidiana daquela casa de espectáculos.
Nada mais deprimente do que assistir ao verdadeiro “roubo” de propriedade intelectual alheia, como se todo o passado anterior a 2006 pura e simplesmente não tivesse existido. Mas o passado existe, e lá virá o dia em que os verdadeiros e genuínos proprietários colectivos da ideia e do projecto festejarão condignamente o nosso Teatro, repondo então a verdade moral e histórica da (re)construção deste espaço magnífico. Com o devido reconhecimento a José António dos Santos, como uma das figuras cimeiras do projecto, e onde se terá, certamente, o cuidado de não esquecer Francisco Lopes, porque não fomos, não somos, nem seremos jamais como ele! Para nossa honra, orgulho e satisfação!
Por muito que estes senhores se esforcem, em atitude patética de encobrimento da verdade, a tentar fazer crer que foram eles os grandes obreiros desta casa, nunca conseguirão apagar a memória dos que ali trabalharam, produziram, realizaram, viveram e assistiram a momentos inesquecíveis de arte e entretenimento. Não foram os grandes obreiros desta casa, e com este comportamento obtuso apenas conseguiram cair no ridículo e ficar para a história de Lamego como o exemplo maior da impostura e da hipocrisia políticas dos que, não sabendo respeitar os outros, não percebem sequer que se desrespeitam a si próprios.
Adiante, que a História saberá, um dia, repor a verdade!

A outra nota prende-se com a minha actividade profissional, que vai no futuro mais próximo obrigar-me, entre outras coisas, a diminuir drasticamente o tempo disponível para escrever estes meus apontamentos opinativos.
O senhor Director do Instituto dos Museus e da Conservação, Dr. Manuel Bairrão Oleiro, convidou-me para dirigir o Museu de Grão Vasco, até à abertura do concurso público para director daquela prestigiada instituição museológica. Sendo enorme a consideração e o respeito profissional e intelectual que nutro por esta personalidade da museologia nacional, não poderia declinar tão honroso convite, ainda que com enorme sacrifício da minha vida familiar e pessoal, por saber que ao aceitar este novo desafio estou também a dar mais um contributo para o prestígio e engrandecimento de Lamego.
Com a vantagem acrescida de passarem a ler um articulista bem mais contido e sintético na extensão das suas crónicas semanais…

Agostinho Ribeiro

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