Ponderei muito
sobre a pertinência e oportunidade das considerações que hoje vou tecer a
propósito do teor de um texto de apoio à candidatura de determinadas pessoas,
que me escuso aqui de nomear por serem do conhecimento público, aos órgãos
sociais da Associação dos Amigos do Museu do Douro.
Que me perdoem
os meus colegas do Conselho de Administração da Fundação Museu do Douro, e sua
direcção, por vir partilhar com todos os meus leitores a profunda mágoa que
sinto pelo que li naquele deplorável texto, mágoa que aqui expresso publicamente,
à revelia do entendimento colegial de que deveríamos manter a maior contenção mediática
em matérias relacionadas com o Museu, em defesa dos superiores interesses desta
entidade museológica regional.
Mas há sempre
um momento em que não nos podemos calar, por manifesta repulsa e indignação perante
o que se diz e escreve, já que a dignidade das pessoas também é a dignidade das
próprias instituições que se representam e, como tal, se aquelas o não forem,
pelo menos estas deveriam ser merecedoras de mais respeito e consideração do
que os demonstrados naquele texto profundamente acintoso e revanchista, recheado
de afirmações que não fazem qualquer sentido, por nem sequer corresponderem à verdade
dos factos.
Tanto os
subscritores do texto como os que se proclamaram candidatos sob tal égide são,
objectiva e pessoalmente, responsáveis pelo efeito nefasto que o mesmo possa
produzir na opinião pública geral, em prejuízo grave e consciente dos
interesses fundamentais da instituição, provocando a destruição deliberada do
muito que já se fez de bom e a favor do Museu da Região do Douro, incluindo o próprio
e meritório trabalho produzido por alguns dos que agora estigmatizam ferozmente
a Fundação que o gere.
Para quem se propõe
reforçar o apoio ao Museu, intensificando “as acções de encontro, de
envolvimento afectivo, de debate, de divulgação e de defesa cívica de um
projecto regional…”, conforme se pode ler no folheto, não deveriam, em modesto
entender, dedicar metade do seu texto introdutório a criticar de forma
enganadora, desabrida e errática a prestação, que consideram negativa, da
Fundação Museu do Douro.
É claro que todos,
sem excepção, têm o direito de emitir opiniões sobre todas as matérias
referentes à Fundação Museu do Douro, mas devem fazê-lo com a indispensável
elevação e o imprescindível conhecimento das coisas, que a instituição exige e
merece, e não com base em falsidades e descabidas mentiras como é,
infelizmente, o caso em apreço.
Percebem-se as pérfidas
intenções dos seus mentores e promotores, mas todos são coniventes com esta
devastadora política de terra queimada, até prova evidente em contrário, que
nos possa ser demonstrada com atitudes portadoras de um mínimo de isenção e
imparcialidade, o que agora não sucedeu…!
É que para além
de não fazer qualquer sentido a confusão e a mistura, propositadas e indevidas,
das funções e competências da Associação e da Fundação, que os seus autores têm
vindo a promover continuadamente, proferem-se afirmações enganosas que não
correspondem à verdade, nem têm em conta as condicionantes legais, as regras mais
elementares e os princípios fundamentais que devem reger as entidades com
responsabilidades públicas, como é o caso da Fundação Museu do Douro.
Dizer que não se
mobilizou um único novo fundador, nem apoios mecenáticos significativos, quando
foi precisamente o contrário que ocorreu, ou é estar deliberadamente de má fé
ou é demonstrar um profundo desconhecimento pelo que se passa no Museu do
Douro. Ambas as hipóteses não são compatíveis com uma postura que gostaríamos
de ver séria, esclarecida e responsável, por parte de uma Associação que tem o
dever estatutário de ajudar e apoiar o Museu do Douro, primeiro desígnio e
razão de ser da sua própria existência.
Consideram ainda
“atabalhoado” o processo de construção da sede do Museu, na cidade do Peso da
Régua, tendo-se cometido “erros financeiros, técnicos e patrimoniais, alguns
deles irrecuperáveis”. Que barbaridades irresponsáveis se escrevem quando,
precisamente, esta deverá ser uma das poucas obras públicas actualmente a
decorrer em Portugal onde o programa base de concurso e o respectivo caderno de
encargos mais e melhor terão sido respeitados, com desvios irrelevantes ao
programado; cumprindo-se as regras e os normativos processuais, técnicos e
legais, de uma forma tal que não mereceram reclamação por parte dos restantes
concorrentes, nem reservas de monta pelas entidades que se pronunciaram favoravelmente
sobre o projecto; e verificando-se que as obras decorrem a um bom ritmo, sem
aumento de custos, em respeito quase integral pelos calendários fixados, num
processo que até deveria ser considerado exemplar no nosso País.
Quanto às
restantes considerações sobre a prestação da Fundação Museu do Douro, nem me
pronuncio, tal é o despropósito das mesmas, quando o próprio Conselho de
Fundadores, este sim com a responsabilidade legal e estatutária de se
pronunciar sobre o desempenho da Fundação, aprovou recentemente, e por
unanimidade, o Plano de Actividades para o corrente ano económico, numa sessão
onde também se fez o balanço provisório de 2007, sem quaisquer referências negativas
ou menos abonatórias à sua actuação.
Amigos do Museu
do Douro? Ou amigos de um museu refém dos que se julgam, erroneamente, donos e
senhores exclusivos de uma ideia e de um projecto que é, em boa e única
verdade, uma construção colectiva que nos deveria unir e orgulhar a todos?
Lamento
profundamente que ainda exista hoje em dia, no Douro e fora dele, quem se
disponha a servir de instrumento acrítico a tão menores quanto despropositados interesses
pessoais, que apenas prejudicam o interesse colectivo dos durienses. Nem o
admissível desconhecimento dos factos, que possam vir a alegar em seu resguardo,
desculpa tamanha falta de consideração e respeito, bem como o enorme desprezo agora
demonstrados pela instituição que dizem querer ajudar e apoiar.
Com amigos
destes…
Agostinho Ribeiro
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