quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Amigos de quem…?



Ponderei muito sobre a pertinência e oportunidade das considerações que hoje vou tecer a propósito do teor de um texto de apoio à candidatura de determinadas pessoas, que me escuso aqui de nomear por serem do conhecimento público, aos órgãos sociais da Associação dos Amigos do Museu do Douro.
Que me perdoem os meus colegas do Conselho de Administração da Fundação Museu do Douro, e sua direcção, por vir partilhar com todos os meus leitores a profunda mágoa que sinto pelo que li naquele deplorável texto, mágoa que aqui expresso publicamente, à revelia do entendimento colegial de que deveríamos manter a maior contenção mediática em matérias relacionadas com o Museu, em defesa dos superiores interesses desta entidade museológica regional.
Mas há sempre um momento em que não nos podemos calar, por manifesta repulsa e indignação perante o que se diz e escreve, já que a dignidade das pessoas também é a dignidade das próprias instituições que se representam e, como tal, se aquelas o não forem, pelo menos estas deveriam ser merecedoras de mais respeito e consideração do que os demonstrados naquele texto profundamente acintoso e revanchista, recheado de afirmações que não fazem qualquer sentido, por nem sequer corresponderem à verdade dos factos.
Tanto os subscritores do texto como os que se proclamaram candidatos sob tal égide são, objectiva e pessoalmente, responsáveis pelo efeito nefasto que o mesmo possa produzir na opinião pública geral, em prejuízo grave e consciente dos interesses fundamentais da instituição, provocando a destruição deliberada do muito que já se fez de bom e a favor do Museu da Região do Douro, incluindo o próprio e meritório trabalho produzido por alguns dos que agora estigmatizam ferozmente a Fundação que o gere.
Para quem se propõe reforçar o apoio ao Museu, intensificando “as acções de encontro, de envolvimento afectivo, de debate, de divulgação e de defesa cívica de um projecto regional…”, conforme se pode ler no folheto, não deveriam, em modesto entender, dedicar metade do seu texto introdutório a criticar de forma enganadora, desabrida e errática a prestação, que consideram negativa, da Fundação Museu do Douro.
É claro que todos, sem excepção, têm o direito de emitir opiniões sobre todas as matérias referentes à Fundação Museu do Douro, mas devem fazê-lo com a indispensável elevação e o imprescindível conhecimento das coisas, que a instituição exige e merece, e não com base em falsidades e descabidas mentiras como é, infelizmente, o caso em apreço.
Percebem-se as pérfidas intenções dos seus mentores e promotores, mas todos são coniventes com esta devastadora política de terra queimada, até prova evidente em contrário, que nos possa ser demonstrada com atitudes portadoras de um mínimo de isenção e imparcialidade, o que agora não sucedeu…!
É que para além de não fazer qualquer sentido a confusão e a mistura, propositadas e indevidas, das funções e competências da Associação e da Fundação, que os seus autores têm vindo a promover continuadamente, proferem-se afirmações enganosas que não correspondem à verdade, nem têm em conta as condicionantes legais, as regras mais elementares e os princípios fundamentais que devem reger as entidades com responsabilidades públicas, como é o caso da Fundação Museu do Douro.
Dizer que não se mobilizou um único novo fundador, nem apoios mecenáticos significativos, quando foi precisamente o contrário que ocorreu, ou é estar deliberadamente de má fé ou é demonstrar um profundo desconhecimento pelo que se passa no Museu do Douro. Ambas as hipóteses não são compatíveis com uma postura que gostaríamos de ver séria, esclarecida e responsável, por parte de uma Associação que tem o dever estatutário de ajudar e apoiar o Museu do Douro, primeiro desígnio e razão de ser da sua própria existência.
Consideram ainda “atabalhoado” o processo de construção da sede do Museu, na cidade do Peso da Régua, tendo-se cometido “erros financeiros, técnicos e patrimoniais, alguns deles irrecuperáveis”. Que barbaridades irresponsáveis se escrevem quando, precisamente, esta deverá ser uma das poucas obras públicas actualmente a decorrer em Portugal onde o programa base de concurso e o respectivo caderno de encargos mais e melhor terão sido respeitados, com desvios irrelevantes ao programado; cumprindo-se as regras e os normativos processuais, técnicos e legais, de uma forma tal que não mereceram reclamação por parte dos restantes concorrentes, nem reservas de monta pelas entidades que se pronunciaram favoravelmente sobre o projecto; e verificando-se que as obras decorrem a um bom ritmo, sem aumento de custos, em respeito quase integral pelos calendários fixados, num processo que até deveria ser considerado exemplar no nosso País.
Quanto às restantes considerações sobre a prestação da Fundação Museu do Douro, nem me pronuncio, tal é o despropósito das mesmas, quando o próprio Conselho de Fundadores, este sim com a responsabilidade legal e estatutária de se pronunciar sobre o desempenho da Fundação, aprovou recentemente, e por unanimidade, o Plano de Actividades para o corrente ano económico, numa sessão onde também se fez o balanço provisório de 2007, sem quaisquer referências negativas ou menos abonatórias à sua actuação.
Amigos do Museu do Douro? Ou amigos de um museu refém dos que se julgam, erroneamente, donos e senhores exclusivos de uma ideia e de um projecto que é, em boa e única verdade, uma construção colectiva que nos deveria unir e orgulhar a todos?
Lamento profundamente que ainda exista hoje em dia, no Douro e fora dele, quem se disponha a servir de instrumento acrítico a tão menores quanto despropositados interesses pessoais, que apenas prejudicam o interesse colectivo dos durienses. Nem o admissível desconhecimento dos factos, que possam vir a alegar em seu resguardo, desculpa tamanha falta de consideração e respeito, bem como o enorme desprezo agora demonstrados pela instituição que dizem querer ajudar e apoiar.
Com amigos destes…

Agostinho Ribeiro

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