quinta-feira, 6 de março de 2008

“Vemos, ouvimos e lemos…”



Em Lamego, aproximam-se os tempos da verdade e os tempos em que tudo se tornará mais claro e preciso para todos nós…
Vemos coisas a acontecer sem qualquer base consistente que nos explique as verdadeiras razões de tais acontecimentos, por supérfluos e abusivamente dispendiosos com que eles se nos apresentam, na maior parte dos casos. O pretexto são as obras do nosso erróneo contentamento, e o mote o falso dinamismo que elas pretendem representar!
Mas parece que fazemos de conta que não é nada connosco…

Ouvimos aqui e ali as vozes tímidas e murmuradas do descontentamento e da denúncia encoberta, assustadas e temerosas pelas possíveis represálias a que estão sujeitos, em receios que julgávamos ter deixado de existir, já lá vão mais de trinta anos…
Mas parece que fazemos de conta que não é nada connosco…

Lemos o que se escreve, de bom e de mau, a favor e contra. Temos consciência clara do que se passa na nossa terra!
Sabemos dos bajuladores subservientes e desprovidos de coluna vertical, sempre a cantar loas a quem pouco as merece, e do mau serviço que nos prestam, pela falsidade das razões e da ardilosa argumentação que nos apresentam e com que nos tentam enganar todos os dias.
E dos maus críticos, que também os há, por ausência de suporte e seriedade nas afirmações que produzem. E dos bons, claro está, por rigorosos e consistentes nas suas alegações, sem contraditório à altura, face à seriedade e veracidade dos factos e argumentos apresentados.

Não podemos, portanto, ignorar…!

E quando toda a verdade vier ao de cima, como não poderá deixar de ocorrer em breve, nenhum dos directos e indirectos responsáveis pelo actual estado de coisas poderá alegar desconhecimento das situações, ou ignorância dos actos praticados, sejam eles quais forem, como se de pequenos “Pilatos” se tratassem, lavando as mãos da sujidade que criaram, alimentaram e ajudaram a desenvolver.
Mesmo que por confortável e tranquilizadora omissão!

Que nenhum deles venha dizer, depois…”Ai é? Nem sabia… acredite que nem fazia a mais pálida ideia do que se estava a passar…!?”

Como nos confidencia Sophia de Mello Breyner, na sua magnífica “cantata de paz”, “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar…”
Ou podemos?

Agostinho Ribeiro

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