quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O sítio internet do Município Lamecense.



Sou um visitante normal e assíduo do sítio internet do Município Lamecense, por razões que se prendem com a minha natural curiosidade sobre alguns aspectos relacionados com a vida de Lamego, a que acrescento a necessidade resultante das minhas obrigações políticas locais, que me levam a consultar actas e demais notícias ali apresentadas.
Na sequência destas amiudadas consultas tive oportunidade de verificar que esta Câmara alterou recentemente o desenho gráfico do sítio, supostamente na tentativa de o melhorar, modificando aqui e ali alguns detalhes de menor importância, mas nada acrescentando de significativamente melhor ao que estava contido no anterior. E, sobretudo, continuando a desrespeitar as leis da República Portuguesa, por ausência de publicitação dos documentos fundamentais da gestão municipal, conforme estabelece o artigo 49º da Lei nº 2/2007, de 15 de Janeiro.
Sem me pronunciar sequer sobre a qualidade, ou falta dela, do desenho gráfico que identifica este novo sítio, deter-me-ei apenas em alguns aspectos relacionados com os conteúdos ali vertidos, e que me merecem reparos pela desonestidade intelectual e falta de rigor informativo que o caracterizam, omitindo deliberadamente aspectos fundamentais dos nossos valores patrimoniais e artísticos, por razões que apenas se podem considerar de pacóvio provincianismo e baixa política, como veremos adiante.
Começo por referir que até tenho vergonha do texto introdutório que já vinha do anterior sítio, assinado pelo senhor Presidente da Câmara, texto esse de uma indigência tamanha e de uma falta de nível cultural de bradar aos céus, onde o autor pretende enaltecer Lamego, designando-a como sendo a Florença de Portugal, em ridícula e mais que desadequada e ignorante comparação, resultando num texto repleto de frases feitas e banalidades gratuitas que apenas o faz cair no descrédito, desprestigiando a nossa cidade e o nosso concelho.
Mas o que me leva, fundamentalmente, a escrever este artigo sobre o sítio internet do município lamecense tem a ver com a secção “Património”, onde é demasiado evidente a ausência deliberada da única instituição que simboliza e representa o que de melhor foi produzido e existe em Lamego, em termos artísticos – o Museu de Lamego! A par do Castelo e Cisterna, da nossa vetusta Sé e do emblemático Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, faria todo o sentido a presença do Museu de Lamego, uma das instituições museológicas mais respeitadas e consideradas a nível nacional, mas aqui estranhamente votada ao ostracismo e ao esquecimento, sendo apenas referida, e de passagem, em plano secundaríssimo no sítio onde mais deveria ser divulgada e encomiada…
E porquê? Será pelo facto de os responsáveis pela concepção e realização deste sítio serem tão ignorantes e desprovidos de sensibilidade cultural e artística que não conhecem a importância do acervo do Museu de Lamego? Mas se fosse por causa disso não considerariam os tesouros artísticos que se encontram no museu, embora se deva aqui sublinhar que desconhecem que no Museu de Lamego há mais obras-primas classificadas como “Tesouros Nacionais” que as que se encontram referenciadas naquela secção, o que demonstra alguma atrevida ignorância e a falta de uma mínima e séria investigação sobre o assunto. Bastaria pedir uma simples informação ao Museu de Lamego…
Ou será pelo facto de o seu director ser um adversário político do actual Presidente da Câmara? Se for por causa disso apenas se volta a demonstrar e a comprovar o provincianismo vil e mesquinho de quem não sabe distinguir pessoas das instituições, misturando deliberadamente as coisas e prejudicando irresponsavelmente os interesses colectivos e as entidades que são pertença de todos e não apenas de alguns, por razões de incompatibilidades políticas e retaliações pessoais... Tudo tão baixo e vergonhoso que nem sequer merece qualquer outra adjectivação!
Mas que fique claro a todos os leitores que, se por acaso for esta a razão, então o senhor Presidente da Câmara de Lamego vai ter de deixar de fazer quaisquer referências a muitas outras realizações locais e regionais em que o director do Museu de Lamego foi (ou é) o principal responsável, ou foi um dos seus protagonistas constitutivos, como sejam o processo do Teatro Ribeiro Conceição; a criação da Associação Nacional dos Municípios com Centro Histórico; a captação do Ensino Superior para Lamego; a criação da Biblioteca Municipal de Lamego (então da Fundação Calouste Gulbenkian); a criação da Associação Bienal da Prata de Lamego; a conceptualização do Museu da Região do Douro; a criação do projecto da feira regional Expodouro de Lamego; e até mesmo a designação de Lamego como Capital Cultural do Douro, para só ficarmos nas realizações de maior monta e interesse mediático, circunscritas a Lamego e ao aro mais próximo da nossa região.
É que a ausência do Museu de Lamego no sítio internet do Município de Lamego, em situação de paridade com os outros grandes monumentos e símbolos patrimoniais da nossa cidade é, simplesmente, um vilipêndio contra todos os lamecenses, passados e presentes, que tanto fizeram e fazem para alcandorar Lamego a uma posição cimeira no panorama artístico e patrimonial do nosso País!
Assim se vê a índole dos que actualmente nos desgovernam em Lamego.

Agostinho Ribeiro

P.S. – Já compararam a factura da água com a do mês anterior? Agradeçam este desnecessário e abusivo aumento ao senhor Presidente da Câmara de Lamego e à coligação que o suporta!

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