Sou um
visitante normal e assíduo do sítio internet do Município Lamecense, por razões
que se prendem com a minha natural curiosidade sobre alguns aspectos
relacionados com a vida de Lamego, a que acrescento a necessidade resultante
das minhas obrigações políticas locais, que me levam a consultar actas e demais
notícias ali apresentadas.
Na sequência
destas amiudadas consultas tive oportunidade de verificar que esta Câmara
alterou recentemente o desenho gráfico do sítio, supostamente na tentativa de o
melhorar, modificando aqui e ali alguns detalhes de menor importância, mas nada
acrescentando de significativamente melhor ao que estava contido no anterior. E,
sobretudo, continuando a desrespeitar as leis da República Portuguesa, por
ausência de publicitação dos documentos fundamentais da gestão municipal,
conforme estabelece o artigo 49º da Lei nº 2/2007, de 15 de Janeiro.
Sem me
pronunciar sequer sobre a qualidade, ou falta dela, do desenho gráfico que
identifica este novo sítio, deter-me-ei apenas em alguns aspectos relacionados
com os conteúdos ali vertidos, e que me merecem reparos pela desonestidade
intelectual e falta de rigor informativo que o caracterizam, omitindo
deliberadamente aspectos fundamentais dos nossos valores patrimoniais e
artísticos, por razões que apenas se podem considerar de pacóvio provincianismo
e baixa política, como veremos adiante.
Começo por referir
que até tenho vergonha do texto introdutório que já vinha do anterior sítio,
assinado pelo senhor Presidente da Câmara, texto esse de uma indigência tamanha
e de uma falta de nível cultural de bradar aos céus, onde o autor pretende
enaltecer Lamego, designando-a como sendo a Florença de Portugal, em ridícula e
mais que desadequada e ignorante comparação, resultando num texto repleto de
frases feitas e banalidades gratuitas que apenas o faz cair no descrédito, desprestigiando
a nossa cidade e o nosso concelho.
Mas o que me
leva, fundamentalmente, a escrever este artigo sobre o sítio internet do município
lamecense tem a ver com a secção “Património”, onde é demasiado evidente a
ausência deliberada da única instituição que simboliza e representa o que de
melhor foi produzido e existe em Lamego, em termos artísticos – o Museu de
Lamego! A par do Castelo e Cisterna, da nossa vetusta Sé e do emblemático
Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, faria todo o sentido a presença do
Museu de Lamego, uma das instituições museológicas mais respeitadas e
consideradas a nível nacional, mas aqui estranhamente votada ao ostracismo e ao
esquecimento, sendo apenas referida, e de passagem, em plano secundaríssimo no
sítio onde mais deveria ser divulgada e encomiada…
E porquê? Será
pelo facto de os responsáveis pela concepção e realização deste sítio serem tão
ignorantes e desprovidos de sensibilidade cultural e artística que não conhecem
a importância do acervo do Museu de Lamego? Mas se fosse por causa disso não
considerariam os tesouros artísticos que se encontram no museu, embora se deva
aqui sublinhar que desconhecem que no Museu de Lamego há mais obras-primas
classificadas como “Tesouros Nacionais” que as que se encontram referenciadas
naquela secção, o que demonstra alguma atrevida ignorância e a falta de uma
mínima e séria investigação sobre o assunto. Bastaria pedir uma simples
informação ao Museu de Lamego…
Ou será pelo
facto de o seu director ser um adversário político do actual Presidente da
Câmara? Se for por causa disso apenas se volta a demonstrar e a comprovar o
provincianismo vil e mesquinho de quem não sabe distinguir pessoas das
instituições, misturando deliberadamente as coisas e prejudicando irresponsavelmente
os interesses colectivos e as entidades que são pertença de todos e não apenas
de alguns, por razões de incompatibilidades políticas e retaliações pessoais...
Tudo tão baixo e vergonhoso que nem sequer merece qualquer outra adjectivação!
Mas que fique
claro a todos os leitores que, se por acaso for esta a razão, então o senhor
Presidente da Câmara de Lamego vai ter de deixar de fazer quaisquer referências
a muitas outras realizações locais e regionais em que o director do Museu de
Lamego foi (ou é) o principal responsável, ou foi um dos seus protagonistas
constitutivos, como sejam o processo do Teatro Ribeiro Conceição; a criação da
Associação Nacional dos Municípios com Centro Histórico; a captação do Ensino
Superior para Lamego; a criação da Biblioteca Municipal de Lamego (então da
Fundação Calouste Gulbenkian); a criação da Associação Bienal da Prata de
Lamego; a conceptualização do Museu da Região do Douro; a criação do projecto
da feira regional Expodouro de Lamego; e até mesmo a designação de Lamego como
Capital Cultural do Douro, para só ficarmos nas realizações de maior monta e interesse
mediático, circunscritas a Lamego e ao aro mais próximo da nossa região.
É que a
ausência do Museu de Lamego no sítio internet do Município de Lamego, em
situação de paridade com os outros grandes monumentos e símbolos patrimoniais da
nossa cidade é, simplesmente, um vilipêndio contra todos os lamecenses, passados
e presentes, que tanto fizeram e fazem para alcandorar Lamego a uma posição
cimeira no panorama artístico e patrimonial do nosso País!
Assim se vê a
índole dos que actualmente nos desgovernam em Lamego.
Agostinho Ribeiro
P.S. – Já
compararam a factura da água com a do mês anterior? Agradeçam este
desnecessário e abusivo aumento ao senhor Presidente da Câmara de Lamego e à
coligação que o suporta!
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