quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fórum Lamego debate corrupção autárquica e desportiva.



Decorreu no passado sábado um interessante debate sobre a problemática da corrupção autárquica e desportiva, organizado pelo Fórum Lamego e pelo Partido Socialista de Lamego.
A qualidade e a competência dos oradores convidados, personalidades de reconhecido mérito no campo do combate a este verdadeiro flagelo da corrupção, constituíam factores mais que suficientes para se esperar, como de facto aconteceu, duas comunicações em que estas matérias pudessem ser apresentadas e analisadas sem tabus nem condicionalismos que pusessem em causa a independência e o rigor analítico dos seus protagonistas.
Sob a moderação esclarecida do Dr. Gabriel Catarino, Juiz Desembargador, tivemos a oportunidade de escutar as sábias e prudentes palavras da Dr.ª Patrícia Silveira, Coordenadora de Investigação Criminal da Policia Judiciária, e do Dr. Eduardo Dâmaso, Director Adjunto do Jornal Correio da Manhã, um reputado e conceituado jornalista de investigação na área da corrupção e criminalidade, que souberam abordar, com enorme elevação e dignidade, um tema premente e particularmente sensível que aflige toda a sociedade portuguesa.
Considero que esta foi uma excelente oportunidade que Lamego teve de demonstrar ao País que as questões que nos afectam, por mais melindrosas que sejam, são para ser analisadas e discutidas em ambiente de elevada, sadia e desejável reflexão, no sentido de todos contribuirmos para a prevenção de situações que nos possam indiciar actos de corrupção, e para o combate a situações que se enquadrem, objectivamente, nesses contextos.
A questão da prevenção foi, precisamente, um dos aspectos mais enfatizados na esclarecida tese da Dr.ª Patrícia Silveira, que teve a amabilidade de nos alertar para a necessidade de estarmos atentos aos indícios que podem ser aduzidos como potenciadores ou permissíveis a muitos actos de corrupção, no poder local, tendo em conta a experiência desta alta responsável no combate à corrupção nas autarquias portuguesas.
A falta de transparência dos actos de gestão municipal, o recurso excessivo a empresas municipais e a manipulação dos concursos públicos foram apontados como exemplos a reter, e que estão na base de muitos actos de corrupção detectados, assim como a difícil aplicabilidade da justiça que, a par da morosidade do nosso sistema judicial constroem, no seu conjunto, o cadinho original onde a corrupção encontra ambiente propício para o seu surgimento e desenvolvimento.
É claro que os oradores evitaram pronunciar-se sobre casos em concreto, embora aqui e ali tivessem trazido à colação alguns processos que foram ou estão altamente mediatizados pela comunicação social nacional, mas nenhum relacionado com Lamego, dando assim, com tal distanciamento, uma enorme dignidade e independência política ao esforço que desenvolvem neste combate que deve ser, afinal, o combate de todos nós.
Estão de parabéns os promotores desta iniciativa, esperando que se repita na abordagem de outras temáticas que digam respeito e importem a Lamego e ao País, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida dos portugueses, no seu todo, e não apenas dos que recorrem a meios ética e legalmente reprováveis pelas sociedades civilizadas contemporâneas.

Mas ficaria de mal com a minha própria consciência se não lamentasse aqui a atitude arrogante e grosseira do senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego que, dando uma vez mais uma inequívoca demonstração do seu desprezível carácter, se disponibilizou para prestar mais um mau serviço à comunidade lamecense.
Tendo chegado muito tarde ao encontro, conforme ele próprio afirmou na sua desastrosa e insultuosa intervenção, e desconhecendo o teor das comunicações produzidas, não se inibiu de, em duas penadas, desconsiderar todos os assistentes presentes, desqualificar os membros da mesa e insultar o anterior Presidente da Câmara, produzindo afirmações de uma grosseria inaceitável e que só a imensa paciência e a boa educação da esmagadora maioria dos assistentes permitiu que a mesma continuasse a decorrer sem interrupções nem altercações.
Este forasteiro que caiu de pára-quedas em Lamego, ganhando umas eleições autárquicas devido a uma conjugação política extraordinária que o favoreceu particularmente, arroga-se agora ao direito de por e dispor da vontade de todos os lamecenses e de decidir o que deve ou não ser feito em Lamego, como se fosse o patrão e o dono de todos os que aqui vivem… Descaramento, ousadia e desfaçatez não lhe falta!
Ouvi indignado, mas em silêncio, as palermices ditas por aquele senhor, mas quando me foi permitido tecer também algumas considerações sobre este pertinente assunto da corrupção, tanto este senhor como um ou dois dos seus mais dilectos apaniguados não deixaram de me tentar interromper, ao melhor estilo dos arruaceiros que pensava já não existirem.
Fiquei com a impressão de que o senhor Presidente da Câmara de Lamego foi àquele encontro com o único intuito de se tentar defender de alguma coisa, em inequívoca demonstração de um nervosismo que não deixa de ser estranho e curioso…

Agostinho Ribeiro

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