Não vou aqui,
como todos devem calcular, escrever sobre o problema que actualmente se abate
sobre o Museu do Douro, pelo menos no que diz respeito à questão fulcral da
demissão do Prof. Gaspar Martins Pereira, do cargo de Director daquele Museu.
E não o vou
fazer por razões éticas e de princípio, a que não é alheia a minha total e
completa solidariedade para com as decisões unânimes tomadas em sede do
Concelho de Administração da Fundação Museu do Douro, ao qual pertenço, em
defesa dos valores superiores que todos defendemos e do projecto colectivo que
também todos abraçamos.
Não tenho,
também, quaisquer dúvidas que quase todos estarão imbuídos das mais profundas e
sinceras preocupações em resolver este melindroso assunto, no sentido de evitar
que estes problemas coloquem em causa o desenvolvimento do próprio projecto,
não querendo eu contribuir para o aumento da polémica, em termos públicos.
E digo “quase
todos” porque me sinto obrigado a excluir destas minhas certezas o senhor
Presidente da Câmara de Lamego, Eng. Francisco Lopes, apenas e tão-somente pelo
teor das suas afirmações, reproduzidas no Jornal de Notícias da passada
sexta-feira, 30 de Março, no artigo intitulado “Museu divide o Douro”, da
autoria de Ermelinda Osório.
Tentarei
explicar esta minha exclusão com base nas afirmações por ele produzidas e que
nada abonam, em modesto entender, para a tal clarificação que ele próprio
parece querer alcançar.
É que se todos
os outros senhores Presidentes de Câmara, em declarações pertinentes então
proferidas, demonstram uma genuína preocupação em face do problema criado, o
que me parece natural e construtivo, percebendo eu as diversas sensibilidades
expressas nas suas posições ou preocupações, e todos eles o fazem de forma
superior, sem deixarem de expressar, aqui e ali, um posicionamento pessoal que
deve ser respeitado por todos, já o Eng. Francisco Lopes opta por se expressar
de forma oportunista e acintosa, evidenciando uma vez mais a falta de carácter
que lhe é próprio.
Lendo o
parágrafo em que ele se refere ao assunto, podemos verificar que exige “mais
explicações e clarificação”, para logo de seguida não ter “dúvidas de que se
trata de uma clara tentativa de assalto à direcção técnica do Museu, com a
concordância de alguém do Conselho de Administração”.
Ora, para quem
exige mais explicações e clarificações, este “não ter dúvidas” é
verdadeiramente extraordinário e incompreensível, e a “tentativa de assalto”, a
que se refere, nada mais é que uma vergonhosa atoarda, dita com o intuito de pôr
em causa a honorabilidade de todos os senhores membros do Conselho de
Administração. Depois, refere-se ao facto de haver concordância de “alguém” do
Conselho de Administração, omitindo a verdade completa sobre o assunto e que é
a da unanimidade de posições dos membros deste Conselho.
“Alguém”? Mas
quem é esse “alguém”? O típico figurino de quem “lança o mote” para depois
deixar que o boato baixo e mesquinho cumpra o seu pérfido dever está bem
patente neste tipo de afirmações e corresponde integralmente à ideia que eu
tenho da postura pública deste senhor.
Para além do
mais, todos sabemos que o senhor Eng. Francisco Lopes se dirige à minha pessoa.
Mas pusilânime como é, opta por não assumir este seu complexo existencial e
deixa no ar a insinuação sobre todos os senhores membros do Conselho de
Administração, que não merecem esta falta de consideração e respeito, reprovável
a todos os títulos.
Só mesmo uma
mente enviesada pode ver nos outros as suas próprias más intenções, julgando os
actos dos outros pela má consciência dos seus próprios actos, tudo fazendo para
passar a ideia que os outros são maquiavélicos nas suas posturas e
comportamentos como, eventualmente, ele próprio será.
Mas não são! E
porque não são, faça o favor de não levantar labéus contra pessoas honradas, no
exercício das suas funções públicas e profissionais, porque elas não merecem
esse tipo de tratamento, dado por si, apenas porque não alinham com as suas
posições e opiniões.
Agostinho
Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário