Gostaria de me
sentir mais optimista para Lamego, no que respeita às minhas expectativas sobre
o que vai ser o ano de 2007.
Sei do esforço
que se está a fazer, a nível nacional, para colocar Portugal no rumo certo do
desenvolvimento sustentado, a par de uma política de solidariedade social capaz
de suster o ímpeto doentio do neoliberalismo selvagem, que pretende reduzir à
sua mínima expressão os deveres do Estado e da Administração Pública, para com
os seus concidadãos.
A Europa
Social, esse legado histórico e humanista tão profundo e rico de valores que
nos caracteriza e identifica civilizacionalmente, corre actualmente um risco
enorme de dissolução irrecuperável, perante as forças mais radicais dos novos
liberais, que encontram nas privatizações de todos os sectores vitais do Estado
a fórmula mágica para a resolução de todos os problemas económicos e sociais
que castigam a sociedade contemporânea.
E, no entanto,
todos sabemos que não é, não pode, nem deve ser assim!
Desde sempre
que a Europa tem sabido demonstrar que a componente social é uma pedra basilar
na construção de um mundo melhor e, sob este aspecto muito particular, todos
reconhecemos, na história europeia das últimas décadas, a “aliança” fundamental
entre as diversas tendências do socialismo democrático e da democracia cristã,
no esforço permanente que estas forças ideológicas desenvolvem em defesa dos
direitos fundamentais de todos os seres humanos, onde a componente social
assume um papel de incontornável importância.
Percebemos
também que o Estado português tem vindo a desenvolver um trabalho sério na
resolução dos problemas que nos afligem, quer por via das reformas que
paulatinamente tem vindo a introduzir nos sectores mais importantes da vida da
sociedade – justiça, educação, saúde, administração pública, entre outros; como
por via da contenção e do rigor nas contas públicas, fazendo todos os esforços
para evitar o desperdício, a má gestão dos recursos financeiros disponíveis,
combatendo a corrupção e a fuga aos impostos, em suma, trabalhando
denodadamente com o objectivo de transformar Portugal num país moderno e
altamente competitivo à escala europeia e mundial, promovendo hoje as reformas
que há décadas se nos exigiam.
E se em relação
ao país não temos dúvidas sobre o rumo traçado, já o mesmo não poderemos dizer
em relação à nossa administração local, que insiste em colocar o concelho de
Lamego às portas da ruptura orçamental e financeira, num processo doentio de
contracção de empréstimo sobre contracção de empréstimo, que só há-de parar
quando o município lamecense ultrapassar os níveis de endividamento permitidos
por lei (já não falta muito) para que as gerações vindouras nada mais possam
fazer senão a de tentar corrigir os abusos destes senhores.
Acabaram de
aprovar, de forma intempestiva, mais dois empréstimos de cerca de dois milhões
de euros, para financiar obras que, imagine-se, já estavam no rol dos projectos
que serviram de base à justificação de um outro empréstimo anterior, este por
conta de receitas futuras das rendas provenientes da distribuição de energia
eléctrica de baixa tensão. Como o Tribunal de Contas lhes deve já ter dado
“conta” que iriam chumbar tamanha “barbaridade”, logo se apressaram à aprovação
deste novo empréstimo, para assim poderem continuar com os excessos e os abusos
a que nos têm vindo a habituar.
Depois de
endividarem a Câmara de Lamego em montantes inaceitáveis, já que num ano
conseguiram a faceta de quase duplicar a dívida à banca, fora a restante dívida
global que a conta de gerência de 2006 há-de demonstrar; depois de constituírem
uma empresa financeiramente ruinosa para os cofres municipais; depois de
aumentarem o imposto sobre imóveis, (cujo aumento iremos sentir já em Abril);
depois de aprovarem um plano e um orçamento que é um verdadeiro atentado à
inteligência das pessoas; depois de tudo isto, preparam-se para nos aumentar o
preço da água em percentagens imorais, esse bem essencial para o bem-estar de todos
nós, de uma forma abusiva e ilegal, conforme já vem sendo hábito normal destes
senhores.
Não me parece, pelo
andar da carruagem, que o ano de 2007 possa vir a ser um grande ano para Lamego…
Agostinho
Ribeiro
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