quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

2007



Gostaria de me sentir mais optimista para Lamego, no que respeita às minhas expectativas sobre o que vai ser o ano de 2007.
Sei do esforço que se está a fazer, a nível nacional, para colocar Portugal no rumo certo do desenvolvimento sustentado, a par de uma política de solidariedade social capaz de suster o ímpeto doentio do neoliberalismo selvagem, que pretende reduzir à sua mínima expressão os deveres do Estado e da Administração Pública, para com os seus concidadãos.
A Europa Social, esse legado histórico e humanista tão profundo e rico de valores que nos caracteriza e identifica civilizacionalmente, corre actualmente um risco enorme de dissolução irrecuperável, perante as forças mais radicais dos novos liberais, que encontram nas privatizações de todos os sectores vitais do Estado a fórmula mágica para a resolução de todos os problemas económicos e sociais que castigam a sociedade contemporânea.
E, no entanto, todos sabemos que não é, não pode, nem deve ser assim!
Desde sempre que a Europa tem sabido demonstrar que a componente social é uma pedra basilar na construção de um mundo melhor e, sob este aspecto muito particular, todos reconhecemos, na história europeia das últimas décadas, a “aliança” fundamental entre as diversas tendências do socialismo democrático e da democracia cristã, no esforço permanente que estas forças ideológicas desenvolvem em defesa dos direitos fundamentais de todos os seres humanos, onde a componente social assume um papel de incontornável importância.
Percebemos também que o Estado português tem vindo a desenvolver um trabalho sério na resolução dos problemas que nos afligem, quer por via das reformas que paulatinamente tem vindo a introduzir nos sectores mais importantes da vida da sociedade – justiça, educação, saúde, administração pública, entre outros; como por via da contenção e do rigor nas contas públicas, fazendo todos os esforços para evitar o desperdício, a má gestão dos recursos financeiros disponíveis, combatendo a corrupção e a fuga aos impostos, em suma, trabalhando denodadamente com o objectivo de transformar Portugal num país moderno e altamente competitivo à escala europeia e mundial, promovendo hoje as reformas que há décadas se nos exigiam.

E se em relação ao país não temos dúvidas sobre o rumo traçado, já o mesmo não poderemos dizer em relação à nossa administração local, que insiste em colocar o concelho de Lamego às portas da ruptura orçamental e financeira, num processo doentio de contracção de empréstimo sobre contracção de empréstimo, que só há-de parar quando o município lamecense ultrapassar os níveis de endividamento permitidos por lei (já não falta muito) para que as gerações vindouras nada mais possam fazer senão a de tentar corrigir os abusos destes senhores.
Acabaram de aprovar, de forma intempestiva, mais dois empréstimos de cerca de dois milhões de euros, para financiar obras que, imagine-se, já estavam no rol dos projectos que serviram de base à justificação de um outro empréstimo anterior, este por conta de receitas futuras das rendas provenientes da distribuição de energia eléctrica de baixa tensão. Como o Tribunal de Contas lhes deve já ter dado “conta” que iriam chumbar tamanha “barbaridade”, logo se apressaram à aprovação deste novo empréstimo, para assim poderem continuar com os excessos e os abusos a que nos têm vindo a habituar.
Depois de endividarem a Câmara de Lamego em montantes inaceitáveis, já que num ano conseguiram a faceta de quase duplicar a dívida à banca, fora a restante dívida global que a conta de gerência de 2006 há-de demonstrar; depois de constituírem uma empresa financeiramente ruinosa para os cofres municipais; depois de aumentarem o imposto sobre imóveis, (cujo aumento iremos sentir já em Abril); depois de aprovarem um plano e um orçamento que é um verdadeiro atentado à inteligência das pessoas; depois de tudo isto, preparam-se para nos aumentar o preço da água em percentagens imorais, esse bem essencial para o bem-estar de todos nós, de uma forma abusiva e ilegal, conforme já vem sendo hábito normal destes senhores.

Não me parece, pelo andar da carruagem, que o ano de 2007 possa vir a ser um grande ano para Lamego…

Agostinho Ribeiro

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