quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Os Grandes Portugueses.



Tenho acompanhado com alguma atenção o interessante programa de entretenimento e de cultura, coordenado pela jornalista Maria Elisa, e que dá pelo nome cujo título hoje perfilho.
Serei, provavelmente, como todos os portugueses, ao pensar que alguns dos nomes seleccionados para figurarem na lista dos 10 maiores portugueses de sempre, nem sequer deveriam figurar na lista dos cem mais, quanto mais na lista dos dez mais…
Mas como em tudo o que é relativo, e pressupõe um juízo de valor, os que eu possa pensar que estão a mais naquela lista, não serão, objectivamente, os mesmos que outros pensarão, concordando comigo em abstracto (alguns não deveriam estar naquela lista) mas discordando se passássemos ao concreto (não este nem aquele, mas sim estoutro ou aqueloutro).
Sendo assim, não me deterei nas personagens que penso não serem merecedoras de tal honraria, mas sim nas três personagens que, estando na lista, poderão, em modesto entender, alcandorarem-se a tão digno galardão nacionalista – o de ser o maior português de sempre, em função do que sabemos e conhecemos de cada um destes ilustres portugueses, sem cairmos na tentação de os julgar sumariamente, à luz dos valores e da moral vigentes, e portanto fora do contexto histórico, politico e social em que as mesmas personagens se movimentaram.
E reduzo a “minha” selecção a apenas três figuras ilustres, por pensar que não valerá a pena dissociar a escolha final da personagem dos momentos mais importantes e emblemáticos que caracterizam e identificam a história da nação portuguesa, aliada ao que poderíamos designar por “síntese essencial” da grandeza da alma lusa. Quero com isto dizer que vale a pena aliarmos a figura que seleccionarmos ao acontecimento histórico português que seja verdadeiramente único no mundo, e não a uma mais ou menos evidente replicação do que também estava a acontecer noutros quadrantes geográficos.
Os momentos são dois – a fundação da nacionalidade, por um lado, e a génese dos descobrimentos e da expansão portuguesa, por outro –; e a síntese é uma, na forma literária que há-de perdurar para sempre como o mais sublime cântico ao génio português.
De facto, nenhum outro momento da nossa história se pode comparar, em ineditismo, visão estratégica e singularidade na liderança, ao momento da nossa fundação, com D. Afonso Henriques, e à ambição descobridora do nosso Infante D. Henrique, que catapultou para sempre, na História Universal, o nome de Portugal.
Do mesmo modo ninguém, como Luís de Camões, soube glorificar a gesta e o génio de ser português, nessa obra maior da literatura universal que dá pelo nome de “Os Lusíadas”, a par de uma vida intensa, plena de momentos altos e baixos, de grandezas e misérias que é, também ela, a síntese vivida da diáspora lusitana.
Fundamento, portanto, as minhas opções na originalidade e ineditismo dos respectivos protagonistas:
- Portugal tem grandes reis, governantes e estadistas, mas nenhum teve o mérito de batalhar e tudo fazer para a construção de um reino que foi, precisamente, o primeiro reino com fronteiras definidas, na Europa de então. Estávamos no séc. XII.
- Portugal tem grandes visionários, gente da ciência e da investigação, dos saberes e da ânsia descobridora de coisas novas, mas nenhum foi capaz de dar ao Mundo novos mundos, conforme hoje o vemos e percebemos. Estávamos no séc. XV.
- Portugal tem grandes poetas, artistas, escritores e criadores, mas nenhum levou tão longe e tão alto este orgulho incontido de quem, sabendo o que sabemos da nossa História e das nossas gentes, nos soube cantar em letras que o tempo jamais apagará. Estávamos no séc. XVI.

Precisamos agora de olhar com maior profundidade e conhecimento para os exemplos destes portugueses, não só os que figuram na lista dos dez maiores de sempre, mas em todos os que foram seleccionados, e tudo fazer para sermos merecedores desta plêiade imensa de ilustres portugueses, fazendo pelo nosso país o melhor que soubermos fazer, e assim contribuirmos para o engrandecimento e desenvolvimento de Portugal.
E como dou importância ao pioneirismo, à tenacidade e à capacidade de visão, o meu voto vai para aquele português que foi de tal modo importante que, sem ele, nem mesmo Portugal existiria – D. Afonso Henriques, o fundador da nossa nacionalidade.

Agostinho Ribeiro

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