quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

O Orçamento e as Grandes Opções do Plano Municipal de Lamego para 2007



A Coligação PSD – CDS/PP, a que devemos acrescentar a CDU, uma vez que já nos é claro que esta força política alinha incondicionalmente com o actual poder autárquico (como aconteceu há bem pouco tempo a propósito das aprovações conjuntas da subida da taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis e a criação da empresa LamegoConvida), sob a batuta orientadora do senhor Presidente da Câmara de Lamego, aprovou o Orçamento e as Grandes Opções do Plano para o ano económico de 2007, na sessão da Assembleia Municipal ocorrida na passada segunda-feira.
Numa atitude que nos parece ser de uma enorme irresponsabilidade, esta coligação alargada não se inibiu de aprovar um plano politicamente irrealista e mentiroso, e que ainda por cima nos coloca à beira da ruptura orçamental e financeira, fazendo com que nos aproximemos perigosamente dos índices de endividamento que nos hão-de impedir, num futuro não muito distante, de assumir as nossas mais elementares responsabilidades municipais.
Se as Grandes Opções do Plano copiam mais de 80% do plano do ano anterior, o que nos dá uma ideia razoável da incapacidade de execução deste executivo, onde nem sequer nos demonstram ter o cuidado de “disfarçar” tamanha falta de preparação na elaboração de um documento fundamental para Lamego, a verdade é que o Orçamento não lhe fica atrás, nem na irresponsabilidade dos montantes expressos, nem nas falsidades políticas que espelham, acrescentando-lhe ainda uma série de ilegalidades insanáveis, que atravessam todo o documento.
Uma inspecção que venha verificar as contas e a gestão deste executivo, cedo concluirá que o actual poder autárquico, para além da inaptidão que demonstra possuir na formulação e elaboração dos documentos fundamentais do município, é avesso à legalidade, pela recorrente violação aos articulados do POCAL, Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais.
No plano, a constatação é simples de se fazer para apurarmos a incompetência – basta reduzir a escrito tudo o que é possível imaginar, e que todos gostaríamos de ver realizado, confundindo um programa global com um plano anual, ainda que com reflexos plurianuais, para termos uma ideia da forma como se gizou este documento, como se os lamecenses fossem ingénuos ao ponto de acreditarem na bondade de um documento desta natureza, que tudo diz que vai fazer para, no final, pouco ou nada conseguir realizar.
E basta olharmos para o plano que estes senhores elaboraram para 2006 e verificar o que cumpriram do mesmo, para facilmente acedermos à constatação de que o próximo não lhe será muito diferente.
Mas se nas Grandes Opções do Plano a questão é do foro quase exclusivamente político, e depende apenas da nossa maior ou menor crendice, já no que toca ao orçamento a coisa “pia” mais fino. E “pia” mais fino porque as ilegalidades não se compadecem com crendices, e as leis ainda são para se cumprirem, pese embora alguns senhores desta coligação poderem pensar que não.
Se o desconhecimento das boas práticas orçamentais os fazem cometer os maiores despautérios, os resultados de tamanha irresponsabilidade não só irão recair sobre eles (e esperamos bem que sim, porque foram todos devidamente alertados para as asneiras que estavam e estão a cometer), como recairão sobre todos nós, o que é grave, porque pagaremos todos, sem excepção, pelos disparates cometidos por alguns.
O Orçamento de 2006 já era um completo desvario financeiro, com verbas inscritas na ordem de mais de 34 milhões de euros, para uma expectativa real que nunca poderia ultrapassar, na melhor das hipóteses, os 20 milhões de euros. Agora propõem-nos um orçamento a rondar os 44 milhões de euros, para um encaixe real que não poderá, jamais, ser muito diferente do de 2006. E tudo isto sem suporte legal adequado, sem fundamentação séria e credível, sem qualquer linha de rumo que nos possa esclarecer sobre a bondade destas propostas.
E do que irão fazer, já não se duvida que será mau para Lamego, uma vez que sabemos que já se preparam para destruir o nosso Jardim da República, também conhecido por Jardim do Tablado, e um dos nossos maiores ex-líbris de Lamego, que afirma a imagem da nossa cidade em todo o lado, propondo-se fazer este autêntico disparate de lesa património sem nos darem conhecimento, nem aos cidadãos lamecenses, nem aos seus representantes legais na Assembleia Municipal, para que alterações desta natureza sejam, ao menos, prévia e antecipadamente debatidas entre todos nós.
É claro que o Grupo Municipal do Partido Socialista votou contra estas Grandes Opções do Plano e este Orçamento para 2007. Mas fê-lo por decisão unânime dos seus membros, em consonância total com a Senhora Presidente da Secção de Lamego do Partido Socialista e da quase totalidade dos Senhores Membros da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista.

Agostinho Ribeiro

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