Dando
continuidade ao meu artigo da semana anterior, lembro que há um ano a coligação
PSD/CDS-PP apresentou-se ao eleitorado lamecense transmitindo a ideia de que
era portadora de um gestor muito competente, que iria colocar Lamego no topo
dos municípios nacionais.
Só não disse em
que circunstâncias isso iria ser concretizado e hoje, de facto, Lamego está no
topo dos municípios nacionais mas pelas piores razões que se podem invocar para
tal. E da competência dos seus responsáveis, muito já se disse e há-de
continuar a dizer, mas bem mais pela falta dela que pela sua existência.
Era previsível,
desde logo, que estivéssemos perante um verdadeiro logro eleitoral. Não há
memória de haver um grupo que se tivesse apresentado a eleições autárquicas e
só mesmo nas vésperas do acto eleitoral ter tornado público o seu programa
eleitoral. Só esta atitude, de completo desrespeito pelos eleitores lamecenses,
deveria ter levado a um maior cuidado no destino dos nossos votos, mas como a
coligação ainda possuía uma margem de manobra suficiente para “absorver” alguns
votos perdidos, a verdade é que lá conseguiram o resultado que pretendiam.
É certo que
obtiveram menos votos, em coligação, do que os que tinham obtido em separado. É
certo também que o PS obteve a maior votação de sempre, mas como as coligações servem
para a obtenção de maiorias que, sendo legais, não são objectivamente as mais
representativas da realidade, cá temos uma coligação a governar Lamego, sem
outro qualquer mérito que não seja esse – o de terem concorrido em coligação.
E basta ler as
actas do executivo camarário, basta assistir às Assembleias Municipais, basta
perceber o que a coligação fez, e continua a fazer, de ruinoso para Lamego, ao
longo deste ano de mandato, para não termos quaisquer dúvidas sobre o negro
futuro que paira sobre todos nós, se continuarem a percorrer o caminho que têm
vindo a percorrer até este momento.
Sobre as
finanças locais, vamos aguardar pelas próximas contas de gerência, para assim
podermos analisar devidamente o erro crasso das opções tomadas, quando as
compararmos com as contas de gerência anteriores. Mas mais importante que estas
contas serão os reflexos objectivos dos gastos efectuados, na sua relação com
os projectos pensados e executados. Ou seja, saberemos analisar devidamente os
benefícios reais que as opções de plano e orçamento concedem à obra realizada.
Tudo tem o seu
tempo. E o tempo de se iniciar uma observação criteriosa do muito que se
prometeu e do pouco que, até agora, se realizou, está a começar.
Mas de uma
coisa estou certo – nunca, como agora, se assistiu a tanta falta de verdade, a
tanta mentira encapotada, a tanta falta de vergonha em enganar os munícipes
como neste momento se verifica. Senão vejamos, e dou apenas dois exemplos dos
muitos que não deixarei de dar nos próximos tempos:
- Manda a lei
que, logo após o recebimento de uma qualquer auditoria, seja ela de que
natureza for, deve o Presidente da Câmara dar conhecimento ao executivo
camarário e enviar a mesma à Assembleia Municipal. Este Presidente, não só não
a remeteu aos membros da Assembleia Municipal, nos prazos legais, como teve a
ousadia de dizer que apenas tinha em seu poder um “relatório preliminar” dessa
mesma auditoria, quando já estava na posse do documento final. Faltar à verdade
aos senhores membros da Assembleia Municipal não é só uma questão de educação,
ou falta dela, – é sobretudo uma questão de princípios elementares de um Estado
Democrático e de Direito, que não deve ser atropelado seja por quem for, e
muito menos por quem tem o dever de dar o exemplo de verticalidade e
honorabilidade nas funções que exerce;
- Deixar-se
fotografar numa fonte pública, junto de um texto em que se dava conta que a
água que jorrava dessa fonte era abundante e boa, quando, afinal, a mesma estava
imprópria para consumo é, não só e de novo, uma questão de falta de educação
perante o eleitorado que o elegeu, mas uma verdadeira afronta aos cidadãos
lamecenses, já que está em causa a saúde pública, matéria por demais importante
para ser “usada” despudoradamente como veículo de propaganda política da mais
baixa e vergonhosa a que alguma vez assisti.
Nem sei como
adjectivar esta situação. Mas tenho para mim que em qualquer país onde os
direitos de cidadania, e de saúde pública, são escrupulosamente garantidos e
respeitados, este senhor Presidente da Câmara já estaria a prestar declarações
no devido lugar e teria, certamente, mais cuidado nas suas atitudes e
comportamentos, do que aquele que tem vindo a ter até ao momento.
Os lamecenses
merecem mais respeito e consideração do que aquelas que este senhor demonstra
ter por todos nós.
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