quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Um ano depois (2).



Dando continuidade ao meu artigo da semana anterior, lembro que há um ano a coligação PSD/CDS-PP apresentou-se ao eleitorado lamecense transmitindo a ideia de que era portadora de um gestor muito competente, que iria colocar Lamego no topo dos municípios nacionais.
Só não disse em que circunstâncias isso iria ser concretizado e hoje, de facto, Lamego está no topo dos municípios nacionais mas pelas piores razões que se podem invocar para tal. E da competência dos seus responsáveis, muito já se disse e há-de continuar a dizer, mas bem mais pela falta dela que pela sua existência.
Era previsível, desde logo, que estivéssemos perante um verdadeiro logro eleitoral. Não há memória de haver um grupo que se tivesse apresentado a eleições autárquicas e só mesmo nas vésperas do acto eleitoral ter tornado público o seu programa eleitoral. Só esta atitude, de completo desrespeito pelos eleitores lamecenses, deveria ter levado a um maior cuidado no destino dos nossos votos, mas como a coligação ainda possuía uma margem de manobra suficiente para “absorver” alguns votos perdidos, a verdade é que lá conseguiram o resultado que pretendiam.
É certo que obtiveram menos votos, em coligação, do que os que tinham obtido em separado. É certo também que o PS obteve a maior votação de sempre, mas como as coligações servem para a obtenção de maiorias que, sendo legais, não são objectivamente as mais representativas da realidade, cá temos uma coligação a governar Lamego, sem outro qualquer mérito que não seja esse – o de terem concorrido em coligação.
E basta ler as actas do executivo camarário, basta assistir às Assembleias Municipais, basta perceber o que a coligação fez, e continua a fazer, de ruinoso para Lamego, ao longo deste ano de mandato, para não termos quaisquer dúvidas sobre o negro futuro que paira sobre todos nós, se continuarem a percorrer o caminho que têm vindo a percorrer até este momento.
Sobre as finanças locais, vamos aguardar pelas próximas contas de gerência, para assim podermos analisar devidamente o erro crasso das opções tomadas, quando as compararmos com as contas de gerência anteriores. Mas mais importante que estas contas serão os reflexos objectivos dos gastos efectuados, na sua relação com os projectos pensados e executados. Ou seja, saberemos analisar devidamente os benefícios reais que as opções de plano e orçamento concedem à obra realizada.
Tudo tem o seu tempo. E o tempo de se iniciar uma observação criteriosa do muito que se prometeu e do pouco que, até agora, se realizou, está a começar.
Mas de uma coisa estou certo – nunca, como agora, se assistiu a tanta falta de verdade, a tanta mentira encapotada, a tanta falta de vergonha em enganar os munícipes como neste momento se verifica. Senão vejamos, e dou apenas dois exemplos dos muitos que não deixarei de dar nos próximos tempos:
- Manda a lei que, logo após o recebimento de uma qualquer auditoria, seja ela de que natureza for, deve o Presidente da Câmara dar conhecimento ao executivo camarário e enviar a mesma à Assembleia Municipal. Este Presidente, não só não a remeteu aos membros da Assembleia Municipal, nos prazos legais, como teve a ousadia de dizer que apenas tinha em seu poder um “relatório preliminar” dessa mesma auditoria, quando já estava na posse do documento final. Faltar à verdade aos senhores membros da Assembleia Municipal não é só uma questão de educação, ou falta dela, – é sobretudo uma questão de princípios elementares de um Estado Democrático e de Direito, que não deve ser atropelado seja por quem for, e muito menos por quem tem o dever de dar o exemplo de verticalidade e honorabilidade nas funções que exerce;
- Deixar-se fotografar numa fonte pública, junto de um texto em que se dava conta que a água que jorrava dessa fonte era abundante e boa, quando, afinal, a mesma estava imprópria para consumo é, não só e de novo, uma questão de falta de educação perante o eleitorado que o elegeu, mas uma verdadeira afronta aos cidadãos lamecenses, já que está em causa a saúde pública, matéria por demais importante para ser “usada” despudoradamente como veículo de propaganda política da mais baixa e vergonhosa a que alguma vez assisti.
Nem sei como adjectivar esta situação. Mas tenho para mim que em qualquer país onde os direitos de cidadania, e de saúde pública, são escrupulosamente garantidos e respeitados, este senhor Presidente da Câmara já estaria a prestar declarações no devido lugar e teria, certamente, mais cuidado nas suas atitudes e comportamentos, do que aquele que tem vindo a ter até ao momento.
Os lamecenses merecem mais respeito e consideração do que aquelas que este senhor demonstra ter por todos nós.

Agostinho Ribeiro

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