quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Assembleia Municipal (2)



E pronto, lá se realizou mais uma sessão da Assembleia Municipal, na passada sexta-feira, e que bem posso apelidar de “negra” para a esmagadora maioria dos lamecenses que, já no próximo ano, irão sentir amargamente os resultados das decisões agora tomadas.
Sentiremos directamente nos nossos bolsos, quando confrontarmos o que vamos pagar de IMI, no próximo ano, com os valores deste ano. De tudo o mais tentaremos ir dando conta conforme pudermos e soubermos.
Quatro assuntos, em especial, me vão merecer hoje particular atenção, em resultado do que presenciei nesta sessão.

O primeiro foi o de verificar que a coligação não é só composta pelos partidos do PSD e do CDS-PP. Afinal, também a CDU faz parte desta coligação, já que o seu representante votou, em todas as matérias, em consonância com aqueles partidos. Votaram todos a favor da subida da taxa do IMI, votaram todos a favor do empréstimo encapotado por via da suposta cessão de créditos da EDP, votaram todos a favor nas matérias referentes à ruinosa empresa Lamego Convida, (ruinosa para a Câmara e para Lamego, bem entendido).
A única excepção a este “todos” esteve na pessoa do Senhor Presidente da Assembleia Municipal que, nas matérias de natureza contratual com a empresa Lamego Convida, optou por se abster, o que, em modesto entender, reflecte bem pouco e fica muito aquém do entendimento que diz ter sobre estes assuntos. Para fazer jus ao sentido claro dos seus textos, o Senhor Dr. Ferreira de Almeida deveria demonstrar-nos, na prática, o que tão bem sabe discorrer e defender no discurso teórico.
De qualquer forma não deixa de ser assinalável esta divergência no seio da coligação, sendo certo que ao Partido Socialista, pelas razões sobejamente conhecidas, e que não obtiveram contraditório válido por parte da coligação, apenas uma e única atitude tomaram – a de analisar detalhadamente a injustiça, imoralidade e, por vezes, ilegalidade de algumas destas propostas, e a de votar contra todas elas.

Em segundo lugar reconhecer aqui os excelentes contributos que os senhores deputados do Partido Socialista deram na análise e discussão dos diversos temas em apreço, em oposição ao silêncio, a mais das vezes “ensurdecedor”, dos senhores deputados da coligação. Percebe-se que a razão e fundamento primordial das decisões desta coligação assentam apenas numa questão numérica, porque em tudo o mais, e salvaguardando as raras excepções, que sempre as há, se ficaram por algumas banalidades confrangedoras.
E foi particularmente deprimente constatar que os senhores deputados do CDS-PP, quando por mim confrontados com o compromisso público assumido, a propósito do IMI e das empresas municipais, nem coragem tiveram de vir defender uma qualquer opinião diversa, e no silêncio cúmplice que a todos deveria envergonhar, lá votaram a favor dos interesses dos outros, mas desrespeitando-se a si próprios com este acto de tamanha contradição.

Em terceiro lugar, continuar a comprovar a falta de ética do Senhor Presidente da Câmara de Lamego quando respondeu a algumas questões por mim levantadas, dizendo que o meu discurso era enviesado e demagógico, “corrigindo” de seguida os valores verdadeiros que eu tinha apresentado, com uma “correcção” falsa e mentirosa que demonstra, no mínimo, falta de preparação do próprio nas matérias que pretende ver aprovadas e, no limite, má-fé continuada no tratamento de assuntos públicos.
O grave é verificar que o suposto “excelente gestor” nem uma simples tabela nos lê nas devidas condições, tentando induzir em erro as pessoas, e servindo-se desta verdadeira ou virtual ignorância como um dos argumentos que usa para fazer aprovar o aumento da taxa do IMI.

Finalmente, e em quarto lugar, gostaria de deixar aqui expresso o que mais nos devia entristecer e envergonhar, a fazer-me pensar que em Lamego estamos mais próximos de uma qualquer ditadura centro africana que de uma verdadeira democracia, europeia e moderna, e que foi o de verificar a forma como o senhor vereador do CDS-PP, por vezes assessorado pelo Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lamego, registava diligentemente os votos dos Senhores Presidentes de Junta de Freguesia, aquando das votações que na Assembleia se iam produzindo.
Sem mais qualquer comentário, por desnecessário que é dizer seja o que for sobre tão mesquinha atitude…

Agostinho Ribeiro

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