E pronto, lá se
realizou mais uma sessão da Assembleia Municipal, na passada sexta-feira, e que
bem posso apelidar de “negra” para a esmagadora maioria dos lamecenses que, já
no próximo ano, irão sentir amargamente os resultados das decisões agora tomadas.
Sentiremos directamente
nos nossos bolsos, quando confrontarmos o que vamos pagar de IMI, no próximo
ano, com os valores deste ano. De tudo o mais tentaremos ir dando conta
conforme pudermos e soubermos.
Quatro assuntos,
em especial, me vão merecer hoje particular atenção, em resultado do que
presenciei nesta sessão.
O primeiro foi
o de verificar que a coligação não é só composta pelos partidos do PSD e do
CDS-PP. Afinal, também a CDU faz parte desta coligação, já que o seu representante
votou, em todas as matérias, em consonância com aqueles partidos. Votaram todos
a favor da subida da taxa do IMI, votaram todos a favor do empréstimo
encapotado por via da suposta cessão de créditos da EDP, votaram todos a favor
nas matérias referentes à ruinosa empresa Lamego Convida, (ruinosa para a
Câmara e para Lamego, bem entendido).
A única
excepção a este “todos” esteve na pessoa do Senhor Presidente da Assembleia
Municipal que, nas matérias de natureza contratual com a empresa Lamego Convida,
optou por se abster, o que, em modesto entender, reflecte bem pouco e fica
muito aquém do entendimento que diz ter sobre estes assuntos. Para fazer jus ao
sentido claro dos seus textos, o Senhor Dr. Ferreira de Almeida deveria
demonstrar-nos, na prática, o que tão bem sabe discorrer e defender no discurso
teórico.
De qualquer
forma não deixa de ser assinalável esta divergência no seio da coligação, sendo
certo que ao Partido Socialista, pelas razões sobejamente conhecidas, e que não
obtiveram contraditório válido por parte da coligação, apenas uma e única
atitude tomaram – a de analisar detalhadamente a injustiça, imoralidade e, por
vezes, ilegalidade de algumas destas propostas, e a de votar contra todas elas.
Em segundo
lugar reconhecer aqui os excelentes contributos que os senhores deputados do
Partido Socialista deram na análise e discussão dos diversos temas em apreço,
em oposição ao silêncio, a mais das vezes “ensurdecedor”, dos senhores
deputados da coligação. Percebe-se que a razão e fundamento primordial das
decisões desta coligação assentam apenas numa questão numérica, porque em tudo
o mais, e salvaguardando as raras excepções, que sempre as há, se ficaram por
algumas banalidades confrangedoras.
E foi
particularmente deprimente constatar que os senhores deputados do CDS-PP,
quando por mim confrontados com o compromisso público assumido, a propósito do
IMI e das empresas municipais, nem coragem tiveram de vir defender uma qualquer
opinião diversa, e no silêncio cúmplice que a todos deveria envergonhar, lá
votaram a favor dos interesses dos outros, mas desrespeitando-se a si próprios
com este acto de tamanha contradição.
Em terceiro
lugar, continuar a comprovar a falta de ética do Senhor Presidente da Câmara de
Lamego quando respondeu a algumas questões por mim levantadas, dizendo que o
meu discurso era enviesado e demagógico, “corrigindo” de seguida os valores
verdadeiros que eu tinha apresentado, com uma “correcção” falsa e mentirosa que
demonstra, no mínimo, falta de preparação do próprio nas matérias que pretende
ver aprovadas e, no limite, má-fé continuada no tratamento de assuntos públicos.
O grave é verificar
que o suposto “excelente gestor” nem uma simples tabela nos lê nas devidas
condições, tentando induzir em erro as pessoas, e servindo-se desta verdadeira
ou virtual ignorância como um dos argumentos que usa para fazer aprovar o
aumento da taxa do IMI.
Finalmente, e
em quarto lugar, gostaria de deixar aqui expresso o que mais nos devia
entristecer e envergonhar, a fazer-me pensar que em Lamego estamos mais
próximos de uma qualquer ditadura centro africana que de uma verdadeira
democracia, europeia e moderna, e que foi o de verificar a forma como o senhor
vereador do CDS-PP, por vezes assessorado pelo Senhor Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Lamego, registava diligentemente os votos dos Senhores Presidentes
de Junta de Freguesia, aquando das votações que na Assembleia se iam
produzindo.
Sem mais
qualquer comentário, por desnecessário que é dizer seja o que for sobre tão mesquinha
atitude…
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