Do latim corruptione,
que quer dizer podridão, decomposição, putrefacção. Em sentido figurativo,
significa devassidão, adulteração, suborno, prevaricação.
Parece que
vamos ter, em Portugal, uma verdadeira guerra contra a corrupção, para ver se
assim evitamos cair ainda mais no mais baixo dos níveis em que uma sociedade
pode cair – o da corrupção generalizada, onde o Estado Democrático e de Direito
cede lugar à mais ímpia das sociedades, pelos efeitos perversos que cria junto
de todos os seus membros.
A corrupção é
ilegal, mas se as ilegalidades não forem inspeccionadas e sancionadas, de nada
valerão as leis que pomposamente a impedem.
A corrupção é
imoral, mas se a sociedade encolher os ombros, não denunciando estas
imoralidades, ela transforma-se num verdadeiro tumor impossível de extirpar.
A corrupção é
injusta, porque ao privilegiar ilicitamente uns poucos, está-nos a prejudicar a
todos, sem excepção.
Os corruptos,
sejam eles passivos ou activos, existem em todos os sectores da sociedade e não
podemos generalizar este reles atributo a nenhuma profissão ou sector da
actividade humana em especial, fazendo crer que a mesma é pródiga nesta
matéria. E custa-me, particularmente, assistir à verbalização fácil, a
propósito da classe política, com frases do género “são todos uns ladrões”,
“são todos iguais”, “são todos corruptos”.
Porque, na
verdade, não são. Porque acredito que a maioria o não é, sem ter qualquer
dúvida de que muitos o serão.
Esta opinião
generalizada apenas se pode contrariar com algumas atitudes bem claras e
definidas:
- Em primeiro
lugar dando luta sem tréguas à corrupção, por via das nossas estruturas
policiais e judiciais, para que se não assista ao desmotivador encolher de
ombros, como se nada se estivesse a passar, quando todos vêem, e muitos
denunciam indícios e práticas concretas de corrupção;
- Em segundo
lugar, não deixando impune quaisquer actos de corrupção, por via da utilização
de meios dilatórios que a nossa Justiça infelizmente vai admitindo, impedindo
assim a justa pena a quem prevarica.
- Em terceiro
lugar fazendo de todas as pessoas cidadãos intervenientes e activos na denúncia
dos actos de corrupção, mesmo que apenas na forma tentada, para envergonhar os
potenciais corruptores ou corrompidos e, assim, os marcar com o estigma da
desonra pública.
Não se trata de
ser delator. Trata-se de ser cidadão no exercício pleno desse direito
inalienável de cidadania, porque um corrupto não pode merecer qualquer tipo de
condescendência ou comiseração, já que destrói os alicerces de uma sociedade
onde os direitos e os deveres de todos não podem nem devem ser substituidos
pelos privilégios impróprios de alguns.
Em boa hora o
Senhor Presidente da República e o Senhor Primeiro Ministro de Portugal
decidiram abrir uma guerra sem tréguas contra a corrupção.
E quando estes
dois altos Magistrados da Nação se unem na procura de soluções para resolver
este tão grave problema nacional, eu apenas me curvo perante a grandiosidade do
objectivo, aplaudo a oportunidade do tratamento da questão e subscrevo a
premente necessidade de lhe fazer frente.
Esta nobre
atitude faz-me acreditar que em Portugal ainda há razões para não perdermos a
fé num futuro melhor.
Agostinho
Ribeiro
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