quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Corrupção...



Do latim corruptione, que quer dizer podridão, decomposição, putrefacção. Em sentido figurativo, significa devassidão, adulteração, suborno, prevaricação.

Parece que vamos ter, em Portugal, uma verdadeira guerra contra a corrupção, para ver se assim evitamos cair ainda mais no mais baixo dos níveis em que uma sociedade pode cair – o da corrupção generalizada, onde o Estado Democrático e de Direito cede lugar à mais ímpia das sociedades, pelos efeitos perversos que cria junto de todos os seus membros.
A corrupção é ilegal, mas se as ilegalidades não forem inspeccionadas e sancionadas, de nada valerão as leis que pomposamente a impedem.
A corrupção é imoral, mas se a sociedade encolher os ombros, não denunciando estas imoralidades, ela transforma-se num verdadeiro tumor impossível de extirpar.
A corrupção é injusta, porque ao privilegiar ilicitamente uns poucos, está-nos a prejudicar a todos, sem excepção.
Os corruptos, sejam eles passivos ou activos, existem em todos os sectores da sociedade e não podemos generalizar este reles atributo a nenhuma profissão ou sector da actividade humana em especial, fazendo crer que a mesma é pródiga nesta matéria. E custa-me, particularmente, assistir à verbalização fácil, a propósito da classe política, com frases do género “são todos uns ladrões”, “são todos iguais”, “são todos corruptos”.
Porque, na verdade, não são. Porque acredito que a maioria o não é, sem ter qualquer dúvida de que muitos o serão.
Esta opinião generalizada apenas se pode contrariar com algumas atitudes bem claras e definidas:
- Em primeiro lugar dando luta sem tréguas à corrupção, por via das nossas estruturas policiais e judiciais, para que se não assista ao desmotivador encolher de ombros, como se nada se estivesse a passar, quando todos vêem, e muitos denunciam indícios e práticas concretas de corrupção;
- Em segundo lugar, não deixando impune quaisquer actos de corrupção, por via da utilização de meios dilatórios que a nossa Justiça infelizmente vai admitindo, impedindo assim a justa pena a quem prevarica.
- Em terceiro lugar fazendo de todas as pessoas cidadãos intervenientes e activos na denúncia dos actos de corrupção, mesmo que apenas na forma tentada, para envergonhar os potenciais corruptores ou corrompidos e, assim, os marcar com o estigma da desonra pública.

Não se trata de ser delator. Trata-se de ser cidadão no exercício pleno desse direito inalienável de cidadania, porque um corrupto não pode merecer qualquer tipo de condescendência ou comiseração, já que destrói os alicerces de uma sociedade onde os direitos e os deveres de todos não podem nem devem ser substituidos pelos privilégios impróprios de alguns.

Em boa hora o Senhor Presidente da República e o Senhor Primeiro Ministro de Portugal decidiram abrir uma guerra sem tréguas contra a corrupção.
E quando estes dois altos Magistrados da Nação se unem na procura de soluções para resolver este tão grave problema nacional, eu apenas me curvo perante a grandiosidade do objectivo, aplaudo a oportunidade do tratamento da questão e subscrevo a premente necessidade de lhe fazer frente.
Esta nobre atitude faz-me acreditar que em Portugal ainda há razões para não perdermos a fé num futuro melhor.

Agostinho Ribeiro

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