Da simbologia da escolha de
Lamego
No passado dia 25, segunda-feira,
a Comissão Organizadora do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas 2015, da qual me honro de fazer parte, foi recebida em audiência
pelo Senhor Presidente da República, seguida de um almoço que nos foi gentilmente
oferecido, agora na companhia da Senhora Dr.ª Maria Cavaco Silva, e onde
pudemos constatar a enorme e gratificante consideração que ambos (Presidente e Esposa)
possuem por Lamego e, de uma maneira geral, por toda a região do Douro.
Confesso que me impressionou
muito positivamente o conhecimento aprofundado que demonstrou possuir sobre o
território e a sua História, discorrendo magnificamente sobre o papel de Lamego
na fundação da nacionalidade portuguesa, e dos contributos posteriores que
algumas figuras maiores, ligadas a Lamego, deram a Portugal. Como foi o caso do famoso Bispo nosso Embaixador, D. Miguel de Portugal, que será
homenageado num dos momentos mais solenes destas Comemorações.
Aliás, o argumento maior que o
Senhor Presidente da República nos ofereceu para justificar inquestionavelmente
a razão de ser da opção tomada é a razão maior, e irrebatível, do papel
fundamental que a cidade de Lamego teve e tem na construção da Portugalidade, cuja representatividade e valor simbólicos foram tão poderosos, à época em que ocorreu, que chegou ao ponto de ter sido a
cidade "escolhida" como lugar onde ocorreram as hipotéticas primeiras cortes do reino, ainda que por
documento apócrifo, com base numa cópia supostamente forjada, da autoria de Frei
António Brandão.
Referiu o Senhor Presidente da
República, muito oportunamente, que no escrutínio das cidades potencialmente
adequadas à distinção, não encontrou cidade do interior do país, fora das
capitais de distrito e a par de Elvas, que mais e melhor simbolizassem o
serviço da cidadania à causa nacional, nos tempos heróicos da fundação e históricos
da sua construção, que a nossa vetusta e bela cidade de Lamego! Detentora de
uma História notável; possuidora de bens patrimoniais de eleição que fazem da
região de Lamego a região do interior do país com maior densidade de
imóveis classificados (como Monumentos Nacionais e Imóveis de Interesse Público);
para além do património artístico museológico de exceção, bem patente no acervo
do Museu de Lamego, uma das mais relevantes jóias detentoras de um património artístico
nacional de eleição, tutelado pelo Estado; tudo se conjugando para que a meritória decisão pendesse
inquestionavelmente para o lado dos lamecenses.
Não são, pois, necessários mais
argumentos a favor desta opção do Senhor Presidente da República, e penso mesmo
que esgrimir razões conjunturais, que nada podem ter a ver com as razões
primordiais avocadas, será apoucar Lamego na sua importância incontornável que
a História de Portugal lhe confere.
O tempo destas comemorações não é
o da luta política do presente – tem as suas raízes no passado e será motivo de orgulho no
futuro, porque é de um ato simbólico, do maior significado para Portugal, que
estamos a tratar. O presente é apenas o momento em que todos, sem exceção,
deveríamos estar de acordo, pela simples razão que Lamego é um todo, ainda que
feito de partes diversas, tantas vezes necessária e absolutamente antagónicas.
Mas a sua simbologia nacional a todos
pertence, de todos é propriedade e a nenhuma das partes lhe é conferido o
direito dela se apropriar indevidamente.
Por Lamego, e por Portugal.
Aqui deixo lavrado o meu agradecimento ao Senhor Presidente da
República Portuguesa, Prof. Aníbal Cavaco Silva.
Agostinho Ribeiro
* Fotografia copiada do lugar internet da Presidência da República http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=92911 .
* Fotografia copiada do lugar internet da Presidência da República http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=92911 .
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