terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Município de Lamego - Mais um Plano e um Orçamento irresponsável!




No passado dia 4 de Dezembro, foi aprovado o Plano e Orçamento para 2013, da Câmara Municipal de Lamego, transitando agora para a Assembleia Municipal.
Mereceram o voto contra do Partido Socialista, nos termos da declaração de voto que então proferi, e que aqui reproduzo na íntegra, para conhecimento de todos os que se preocupam com a vida dos lamecenses.

“Este plano e orçamento vem na sequência dos objetivos, procedimentos e métodos utilizados em anos anteriores e por isso a minha posição é também a mesma dos anos anteriores, pelas seguintes razões:

Em primeiro lugar, o Partido Socialista sempre foi extremamente crítico pelas opções erráticas dos investimentos definidos por esta coligação PSD-CDS e que hoje se verificam completamente desadequados para um concelho com as características e as condições de Lamego, tendo em conta os níveis de endividamento galopante a que chegamos, sem que se notem melhorias substanciais na vida dos lamecenses. Depois, a permanente engenharia financeira levada ao absurdo e que os senhores auditores do Tribunal de Contas muito apropriadamente apelidam de “ilusão de suficiência”, traduzida na contínua manipulação dos orçamentos por excesso de receita estimada, permitindo assim a contração de despesa sem uma verdadeira e real dotação de verbas por parte da receita. Esta “ilusão de suficiência”, no dizer dos senhores auditores, não é mais do que, em termos políticos, o que apelidamos de orçamentos falsos e mentirosos, destinados a enganar as pessoas.

Por outro lado, verificamos que existem outras matérias que irão marcar profundamente o ano económico de 2013 para o Município de Lamego, mas que em lado algum se encontra uma única palavra que nos dê uma ideia do que esta coligação fará perante a inevitabilidade do que vai acontecer. Refiro-me concretamente à inevitável extinção da empresa pública Lamego Convida, à resolução do problema da suposta parceria público-privada da Lamego Renova e à transferência para o Município de Lamego do Centro Multiusos, nos termos que vierem a ser definidos. Sobre estas importantíssimas matérias, que determinarão não só o próximo ano económico, como os anos seguintes, nem uma palavra, uma consideração, uma linha orientadora está vertida neste Plano. Esta coligação PSD-CDS criou um problema gravíssimo a Lamego, com esta opção de investimento errático e completamente despropositado, e agora não sabe o que há-de fazer aos “monstros” que criou.

Entretanto, para além das razões de sempre que apontamos nas declarações de voto dos anos anteriores sobre o figurino destes mesmos Planos, verificamos que mesmo algumas das matérias fundamentais inscritas em Plano, como o recurso ao PAEL, não se encontram expressas no orçamento (e bem, porque só deveria ser considerada após o competente visto do Tribunal de Contas) mas o esforço do serviço da dívida que tal empréstimo acarreta, já ali se encontra plasmado na parte da despesa, não se percebendo a lógica da opção seguida.

Portanto, em relação a todas estas matérias diríamos que se mantêm os mesmos defeitos e lacunas que já foram por mim expressas e denunciadas nas declarações de voto nos anos anteriores, e não deixa de ser expressiva a insistência na consideração em torno da redução dos valores globais deste plano e orçamento em relação ao ano anterior, pela simples razão de serem ambos absolutamente irreais e fictícios. O que se reduz é, portanto, um valor irreal, que depois verificamos não ter qualquer consonância com a realidade. Basta comparar e verificar, em todos os anos de gestão desta coligação, o fosso existente entre o orçamentado e o efetivamente realizado e executado, para concluirmos pela total inadequação destes instrumentos de gestão, quase sempre a rondar os 100%, na relação entre o estimado e o realizado. Esta “história” de que no ano passado o orçamento era de 52 milhões, e este ano é de 50 milhões e, portanto, há uma redução “significativa” de 2 milhões, é apenas uma brincadeira fútil para enganar quem quiser ser enganado, porque, na prática, não é nada disso que acontece, já que tão irreal é o plano e orçamento deste ano, que não chegará, em termos de execução, nem de longe nem de perto aos 52 milhões, como nem em 2013 chegará sequer a metade desse valor que agora se estima em 50 milhões.

Finalmente, esta coligação parece não saber como se vai resolver o problema do aumento na despesa com o pessoal, não se sabendo o que isto representa em termos reais e objetivos para o cumprimento da nossa execução orçamental, mas percebe-se que será pela integração do pessoal da Lamego Convida no Município de Lamego, sem sabermos a que custo e com que resultados para o equilíbrio da precária situação existente. Por isto mesmo, deveria haver um pouco mais de cuidado na explicitação destes itens, porque se nos pedem para reduzir em 10% as despesas com o número de efetivos e depois somos obrigados a ter e a considerar maior despesa com o pessoal, exigia-se uma explicitação sobre a sustentabilidade da opção, do ponto de vista legal, que permita uma solução desta natureza.
Por todas estas razões, sumariamente apresentadas, voto contra este plano e orçamento para 2013.”

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