Na semana
passada demonstrei o logro da ardilosa argumentação sobre a justificação dos
empréstimos contraídos para pagamento das obras que estão a decorrer. E embora
deva aqui precisar com maior rigor o montante avançado, já que o aumento em
investimentos nestes dois últimos anos foi, efectivamente, de cerca de 1 milhão
de euros e não de 700 mil euros, como então referi, tal diferença em nada
retira a veracidade e integridade das minhas constatações e afirmações.
Ou seja, 1 milhão
de euros a mais na aplicação efectiva em investimentos nestes dois últimos
anos, quando comparados ao ano de referência para o mandato anterior, o ano de 2005,
não justifica os mais de 3 milhões e 300 mil euros recolhidos por via dos empréstimos
bancários entretanto contraídos.
E para terminar
esta análise, na perspectiva da sua execução orçamental, vale a pena perguntar
porque razão este executivo teima numa postura de sistemático incumprimento dos
seus deveres legais, pondo em causa a credibilidade da instituição democrática
que representa, já que não cumpre o estipulado no artigo 49º da Lei nº 2/2007,
de 15 de Janeiro, que obriga a administração local a dar a devida publicidade
aos instrumentos fundamentais da gestão municipal? Quererão esconder alguma
coisa?
Quanto às
obras, propriamente ditas, é bom que saibamos distinguir as obras estruturantes
das que não passam de benfeitorias ao existente, já que aquelas são as que
concorrem verdadeiramente para o desenvolvimento concelhio e estas apenas
ajudam à melhoria das condições previamente existentes. Todas são importantes,
mas as prioridades políticas deveriam privilegiar as primeiras, em detrimento
das segundas.
Trocando por
miúdos, a requalificação da rede viária urbana, conforme está a ser executada, sendo
importante, não é decisiva para minimizar os problemas e as complicações de
trânsito existentes em Lamego, já que melhorar a avenida 5 de Outubro, por
exemplo, não vai resolver o problema do fluxo de trânsito nessa mesma artéria.
O mesmo se passa com todos os outros arruamentos.
Isto também
quer dizer que o tão criticado nó viário de Fafel, da responsabilidade do
anterior executivo, é mais importante e estruturante, sozinho, que todas as
obras viárias que neste momento se estão a executar na cidade de Lamego, já que
esta foi a única obra desta natureza efectivamente elaborada com o objectivo de
alterar, aliviando, a pressão de trânsito na artéria principal da nossa cidade.
Claro que é
muito mais fácil fazer requalificação do existente que obra nova estruturante.
Obra nova estruturante dá trabalho e canseira, demora tempo a preparar
devidamente, exige competência na sua concepção e é totalmente incompatível com
a demagogia vigente. Por isso é que em vez de novos troços da tão necessária
circular externa a Lamego, apenas somos confrontados com as melhorias às vias já
existentes. É muito mais fácil mas podem crer que não nos está a sair mais
barato… É que não posso deixar de afirmar aqui que as requalificações mal
concebidas da nossa rede viária, como são todas as que actualmente decorrem em
Lamego, representam um desperdício imperdoável dos nossos parcos recursos
financeiros.
É apenas ver,
com olhos de ver, o que se passa nos nossos acessos pelo Relógio do Sol (já me
referi a esta obra, com particular relevo para as indescritíveis soluções
encontradas para as rotundas), pelo Desterro (com o inenarrável desenho das
três vias simultâneas, a concordância mal corrigida na ponte sobre o rio
Balsemão e, ao que parece, uma rotunda de configuração duvidosa em frente à Sópneus)
ou a ausência da também já referida galeria técnica na avenida 5 de Outubro
(com a pobreza e fragilidade dos seus restantes elementos constitutivos), para ficarmos
com uma ideia do mau trabalho que está a ser feito actualmente.
Das obras
restantes que agora se executam na cidade de Lamego, as três mais importantes,
e verdadeiramente estruturantes, são as do teatro, as da habitação social e as
das piscinas cobertas municipais. Como todos sabemos muito bem, as duas
primeiras devem-se, na sua quase totalidade, ao trabalho do anterior executivo,
e só mesmo a última se deve exclusivamente a este executivo camarário.
Pouco, muito
pouco, para quem, no mesmo período, já endividou Lamego em montantes que não
vão permitir que se faça rigorosamente mais nada nos próximos 30 anos!
Gostaria de
precisar melhor esta minha asserção – pouco, no que diz respeito à qualidade e
valor estruturante das obras que se estão a realizar, quando as relacionamos
com o esforço financeiro que está a ser dispendido para a sua execução.
E esta via do irresponsável
e perdulário “despesismo” continua na proposta ruinosa de construção do
Pavilhão Multiusos e no projecto de destruição do nosso Jardim da República, em
parceria com as empresas Lamego ConVida e Renova, que irão exaurir a totalidade
dos recursos financeiros do município lamecense, nos próximos 30 anos, sem
quaisquer possibilidades de revogação.
De obras
verdadeiramente estruturantes, como as do novo Hospital de Lamego, dos novos
troços que terão de ser construídos com vista à circular externa a Lamego ou de
uma estrutura espacial e orgânica capaz de albergar condignamente as valências de
formação superior, ao nível politécnico, e que tanta falta nos fazem, nada sabemos
nem vemos de concreto.
No entanto, não
é segredo para ninguém que o estudo prévio do novo Hospital de Lamego já deu
entrada no município lamecense, mas como é uma obra do Governo, talvez não haja
tanto interesse em ser propagandeada como outras o são…
Entretanto, os
ferros da iluminação festiva lá continuam por desmontar, dois meses após o
encerramento das festas, dando um “ar” de completo desleixo e abandono à nossa
sala de visitas, e demonstrando o extraordinário “carinho” e “amor” que esta
gente nutre pela nossa cidade… O que se passa? Não pagaram ao iluminador e
este, por vingança, não desmontou os “tarecos”? Ou a gestão “criteriosa” dos
nossos recursos financeiros leva-os a manter os ferros no local, com o aspecto
desqualificado que transmitem a quem nos visita, e que assim já ficam para o Natal?
Não há nada,
absolutamente nada, que possa justificar tamanha indiferença e negligência!
Agostinho Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário