quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O bom-nome de Lamego! (2)



Na sequência do que prometi no meu artigo da semana passada, vou agora referir-me aos seis casos mediáticos de má memória para Lamego, que colocaram a nossa terra na comunicação social nacional pelas piores razões, protagonizados pelo senhor Eng. Francisco Lopes, directa ou indirectamente, enquanto presidente da nossa autarquia. Ora vejamos:

1 – A primeira notícia que nos surgiu num jornal nacional, logo no início do mandato, deu-nos conta que o novo presidente da Câmara tinha confraternizado com uma associação ou um grupo de amigos que se auto-designava de “pilas murchas”. Pelos vistos terá sido esse o seu primeiro acto público e foi, simplesmente, ridículo!
É claro que um presidente pode confraternizar com quem muito bem entender, mas temos de convir que, para notícia nacional, só pode ser entendida como de muito mau gosto, a inscrever no “anedotário” brejeiro deste país.
Em todo o caso, ele foi bem elucidativo do que haveria de ser a medíocre conduta e o inadequado comportamento público deste senhor, e a verdade é que o mote estava dado. O que veio a seguir apenas confirmou que, a partir dali, seria sempre a descer na fasquia dos princípios e valores que costumavam estar associados a Lamego e às suas gentes de bem.

2 – E é assim que, pouco depois, Lamego é confrontado com a notícia do desaparecimento da viatura municipal da presidência, envolvida numa tamanha confusão e enredo que ainda hoje tudo se mantém por esclarecer, já que as contradições por nós detectadas não nos permitem afiançar que as declarações do presidente da Câmara de Lamego tenham sido suficientemente esclarecedoras, e muito menos fiáveis.
De facto, o Eng. Francisco Lopes assina um documento onde afirma que essa viatura estava estacionada entre o portão e a garagem de sua casa, para depois informar que afinal o carro estava estacionado à porta de sua casa e, finalmente, proferir em comício festivo que não se incomodava com o facto de tal viatura ter desaparecido na Régua ou em Chaves… Chaves? Mas a que propósito?
Três declarações públicas, todas elas estranhamente divergentes… Porque ele é o único que deve ter a certeza absoluta do local onde se encontrava estacionada a viatura municipal, no momento do seu desaparecimento. Ou não?
Será que a Polícia Judiciária, e demais poderes responsáveis por este tipo de investigações, tem estado assim tão desatenta a estas gritantes contradições?
Acrescente-se a estas incoerências o facto de o mesmo senhor presidente ter informado o município lamecense que o processo tinha sido arquivado para, logo de seguida, um advogado ao serviço da Câmara alegar segredo de justiça para não corresponder a um pedido meu de fornecimento de documentos fundamentais para a melhor compreensão do que se tinha passado. Processo arquivado e, ao mesmo tempo, em segredo de justiça?
Devia estar a pensar que os lamecenses eram os campeões da ingenuidade…Mas engana-se redondamente!

3 – Logo de seguida surgiram várias notícias desprestigiantes para Lamego, a propósito da Bienal da Prata, tendo sido eu próprio envolvido nesse desagradável assunto, já que fui atingido na minha dignidade profissional pelo presidente da Câmara, conforme ficou lavrado em acta do executivo camarário, num processo que haveria de ajudar à desacreditação de uma das mais relevantes manifestações artísticas e culturais que se pretendia sedimentar em Lamego.
Ao pôr em causa o evento (nem me refiro sequer a questões pessoais), e da forma como o fez, deu mais um contributo altamente negativo para o bom-nome e credibilidade de Lamego.

4 – Ainda não refeitos desta desprestigiante sucessão de notícias, e eis que surge uma outra, sobre uma suposta fuga ao fisco, deliberada ou não, uma vez mais protagonizada pelo presidente da Câmara de Lamego, a propósito da sua luxuosa vivenda, situada na cidade do Peso da Régua. O melhor que o Eng. Francisco Lopes soube dizer, em resposta, foi que tal notícia se devia a invejas da oposição concelhia e que a sua vivenda luxuosa não passava, afinal, de uma vivendazita banal, idêntica a tantas outras que se conseguem construir com montantes não muito longe de uns parcos 50 mil contos.
Eu próprio lhe pedi explicações sobre as alegadas invejas da oposição, tanto na Assembleia Municipal como num artigo que escrevi neste jornal, mas a resposta ficou por dar, demonstrando-se uma vez mais o verdadeiro carácter deste senhor.
Ainda por cima a tentar fazer de todos nós, já não apenas ingénuos, mas alguma espécie de néscios…

5 – Mas para que não ficássemos apenas com a impressão de que o senhor presidente da Câmara Municipal de Lamego nos queria fazer passar por estúpidos, e como que a querer provar que de facto o éramos, ei-lo a surgir em pomposa fotografia num jornal local, depois glosado (e gozado) nacionalmente, a fazer de conta que se preparava para beber água da nossa fonte do Almedina, em indecorosa ilustração de uma notícia onde se afirmava descaradamente que aquela água estava em condições de ser consumida pelas pessoas, quando as análises a davam como imprópria para consumo. A tirada da água “quase” boa ficará nos anais da hipocrisia política nacional.
Já não é só fazer dos lamecenses estúpidos, é mesmo insultar a nossa inteligência!

6 – Finalmente, surge esta notícia de suspeitas de corrupção no futebol, não de sua directa responsabilidade, é claro, mas integrando uma instituição cujo presidente é o próprio vice-presidente da Câmara Municipal de Lamego e perante a qual o senhor Eng. Francisco Lopes responde dizendo que é uma vergonha, mas nada fazendo para minimizar os efeitos dessa vergonha.
E mais, acontecendo o que aconteceu logo após uma transferência de 50 mil euros da Câmara de Lamego para aquele clube desportivo. Não sabemos, até ao momento, que providências foram tomadas no sentido de acautelar devidamente o lícito destino daquelas verbas, que são de todos nós…
E assistimos à triste figura dos seus mais próximos colaboradores, a demitirem-se das estruturas locais do PSD, para logo de seguida fazerem marcha atrás, vá-se lá saber porquê, imperando a total e completa falta de seriedade e de consideração pelos lamecenses que neles votaram.

E assim se vai destruindo o bom-nome de Lamego!

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O bom-nome de Lamego! (1)




Infelizmente estamos a ser confrontados com mais uma notícia, nos órgãos de comunicação social nacionais, lesiva do bom-nome e honorabilidade de Lamego, agora a propósito de suspeitas de corrupção que recaem sobre dirigentes do Sporting Clube de Lamego.
Como não podia deixar de ser, e certamente que todos os lamecenses de bem comungam comigo esta mesma sensação, só posso lamentar profundamente o ocorrido e manifestar a minha enorme tristeza por ter de assistir, impotente, a mais uma situação que relaciona Lamego ao que de mais negativo acontece neste país, projectando os lamecenses para a pior das formas de visibilidade pública no todo nacional.
E desejar que rapidamente se apure a verdade dos factos, para que o nome de Lamego se não veja eternizado nos telejornais e restante comunicação social em permanente associação à palavra corrupção que é, como todos bem sabemos, a pior maleita que actualmente aflige a nossa sociedade democrática.
Já uma vez tive oportunidade de me referir a esta problemática grave da corrupção no nosso país, mas estava então muito longe de pensar que iríamos ser todos tocados e abalados por este caso, de tão próximo que ele está de todos os lamecenses.
Mas esta tristeza e lamento não significam surpresa, já que começamos a ficar habituados a este tipo de abordagem mediática, pelas piores razões que não só as da corrupção, desde que o actual executivo passou a comandar os destinos de Lamego. O ritmo tem sido alucinante e tem tido origem nas pessoas que deveriam ser as primeiras a tudo fazer para evitar mediatismos deste género, atentatórios à dignidade e ao bom-nome de Lamego.
Ou seja, desde que o Eng. Francisco Lopes assumiu as funções de Presidente da Câmara de Lamego que assistimos, de forma sistemática e continuada, à visibilidade noticiosa de Lamego por desprestigiantes e más razões, que nos colocam num ranking nada apetecido, do ponto de vista da imagem pública de qualquer terra que se preze de ser constituída por gente de bem.
Brejeirices tolas, retaliações vingativas por razões políticas, suspeitas de fuga ao fisco ou de duvidosos sinais exteriores de riqueza, mentiras relacionadas com um suposto crime de furto, tentativas bacocas de ludibriar os cidadãos lamecenses relacionadas com bens públicos, e um subsídio municipal cujo destino se liga indissociavelmente a um suspeito acto de corrupção, constituem a súmula de alguns dos actos directamente protagonizados pelo senhor Eng. Francisco Lopes, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lamego, que mereceram, e merece actualmente, tratamento na nossa comunicação social nacional, atentatória da dignidade de todos os lamecenses, que esse senhor deveria saber representar com maior dignidade e elevação.
Na próxima semana tecerei algumas considerações sobre cada um destes seis “casos”, que aqui trarei à memória de todos os lamecenses, porque faz parte da minha natureza demonstrar e provar devidamente tudo o que afirmo.
E porque, precisamente, devemos ter boa memória das coisas, recordo aqui que os dois anteriores executivos foram vítimas, em oito anos de exercício de funções, de dois casos mediáticos nada abonatórios para o bom-nome de Lamego. E recordo bem que, de imediato, foram resolvidos em conformidade com a lei e com as boas práticas políticas, tendo um deles levado mesmo à demissão de um homem sério, que nem sequer era directo responsável pelo que tinha sucedido, como todos estaremos bem lembrados.
Nestes dois casos, nenhum dos então responsáveis políticos municipais estava implicado!
Agora, em apenas dois anos, verificamos a existência de, pelo menos, quatro casos de idêntica ou maior gravidade que aqueles que tão duramente criticaram, mas de consequências nulas e de nenhum efeito para os seus directos e indirectos responsáveis, que são os actuais líderes políticos da nossa Câmara Municipal.
Percebemos a razão – se estes senhores tomassem a mesma atitude séria e honesta dos responsáveis que os antecederam, já não haveria sequer executivo municipal!
Pobre terra a nossa, que teve a ingenuidade de depositar o seu destino colectivo nas mãos de quem depositou…

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Obras… que tudo desculpam e justificam! (2)



Na semana passada demonstrei o logro da ardilosa argumentação sobre a justificação dos empréstimos contraídos para pagamento das obras que estão a decorrer. E embora deva aqui precisar com maior rigor o montante avançado, já que o aumento em investimentos nestes dois últimos anos foi, efectivamente, de cerca de 1 milhão de euros e não de 700 mil euros, como então referi, tal diferença em nada retira a veracidade e integridade das minhas constatações e afirmações.
Ou seja, 1 milhão de euros a mais na aplicação efectiva em investimentos nestes dois últimos anos, quando comparados ao ano de referência para o mandato anterior, o ano de 2005, não justifica os mais de 3 milhões e 300 mil euros recolhidos por via dos empréstimos bancários entretanto contraídos.
E para terminar esta análise, na perspectiva da sua execução orçamental, vale a pena perguntar porque razão este executivo teima numa postura de sistemático incumprimento dos seus deveres legais, pondo em causa a credibilidade da instituição democrática que representa, já que não cumpre o estipulado no artigo 49º da Lei nº 2/2007, de 15 de Janeiro, que obriga a administração local a dar a devida publicidade aos instrumentos fundamentais da gestão municipal? Quererão esconder alguma coisa?
Quanto às obras, propriamente ditas, é bom que saibamos distinguir as obras estruturantes das que não passam de benfeitorias ao existente, já que aquelas são as que concorrem verdadeiramente para o desenvolvimento concelhio e estas apenas ajudam à melhoria das condições previamente existentes. Todas são importantes, mas as prioridades políticas deveriam privilegiar as primeiras, em detrimento das segundas.
Trocando por miúdos, a requalificação da rede viária urbana, conforme está a ser executada, sendo importante, não é decisiva para minimizar os problemas e as complicações de trânsito existentes em Lamego, já que melhorar a avenida 5 de Outubro, por exemplo, não vai resolver o problema do fluxo de trânsito nessa mesma artéria. O mesmo se passa com todos os outros arruamentos.
Isto também quer dizer que o tão criticado nó viário de Fafel, da responsabilidade do anterior executivo, é mais importante e estruturante, sozinho, que todas as obras viárias que neste momento se estão a executar na cidade de Lamego, já que esta foi a única obra desta natureza efectivamente elaborada com o objectivo de alterar, aliviando, a pressão de trânsito na artéria principal da nossa cidade.
Claro que é muito mais fácil fazer requalificação do existente que obra nova estruturante. Obra nova estruturante dá trabalho e canseira, demora tempo a preparar devidamente, exige competência na sua concepção e é totalmente incompatível com a demagogia vigente. Por isso é que em vez de novos troços da tão necessária circular externa a Lamego, apenas somos confrontados com as melhorias às vias já existentes. É muito mais fácil mas podem crer que não nos está a sair mais barato… É que não posso deixar de afirmar aqui que as requalificações mal concebidas da nossa rede viária, como são todas as que actualmente decorrem em Lamego, representam um desperdício imperdoável dos nossos parcos recursos financeiros.
É apenas ver, com olhos de ver, o que se passa nos nossos acessos pelo Relógio do Sol (já me referi a esta obra, com particular relevo para as indescritíveis soluções encontradas para as rotundas), pelo Desterro (com o inenarrável desenho das três vias simultâneas, a concordância mal corrigida na ponte sobre o rio Balsemão e, ao que parece, uma rotunda de configuração duvidosa em frente à Sópneus) ou a ausência da também já referida galeria técnica na avenida 5 de Outubro (com a pobreza e fragilidade dos seus restantes elementos constitutivos), para ficarmos com uma ideia do mau trabalho que está a ser feito actualmente.
Das obras restantes que agora se executam na cidade de Lamego, as três mais importantes, e verdadeiramente estruturantes, são as do teatro, as da habitação social e as das piscinas cobertas municipais. Como todos sabemos muito bem, as duas primeiras devem-se, na sua quase totalidade, ao trabalho do anterior executivo, e só mesmo a última se deve exclusivamente a este executivo camarário.
Pouco, muito pouco, para quem, no mesmo período, já endividou Lamego em montantes que não vão permitir que se faça rigorosamente mais nada nos próximos 30 anos!
Gostaria de precisar melhor esta minha asserção – pouco, no que diz respeito à qualidade e valor estruturante das obras que se estão a realizar, quando as relacionamos com o esforço financeiro que está a ser dispendido para a sua execução.
E esta via do irresponsável e perdulário “despesismo” continua na proposta ruinosa de construção do Pavilhão Multiusos e no projecto de destruição do nosso Jardim da República, em parceria com as empresas Lamego ConVida e Renova, que irão exaurir a totalidade dos recursos financeiros do município lamecense, nos próximos 30 anos, sem quaisquer possibilidades de revogação.
De obras verdadeiramente estruturantes, como as do novo Hospital de Lamego, dos novos troços que terão de ser construídos com vista à circular externa a Lamego ou de uma estrutura espacial e orgânica capaz de albergar condignamente as valências de formação superior, ao nível politécnico, e que tanta falta nos fazem, nada sabemos nem vemos de concreto.
No entanto, não é segredo para ninguém que o estudo prévio do novo Hospital de Lamego já deu entrada no município lamecense, mas como é uma obra do Governo, talvez não haja tanto interesse em ser propagandeada como outras o são…

Entretanto, os ferros da iluminação festiva lá continuam por desmontar, dois meses após o encerramento das festas, dando um “ar” de completo desleixo e abandono à nossa sala de visitas, e demonstrando o extraordinário “carinho” e “amor” que esta gente nutre pela nossa cidade… O que se passa? Não pagaram ao iluminador e este, por vingança, não desmontou os “tarecos”? Ou a gestão “criteriosa” dos nossos recursos financeiros leva-os a manter os ferros no local, com o aspecto desqualificado que transmitem a quem nos visita, e que assim já ficam para o Natal?
Não há nada, absolutamente nada, que possa justificar tamanha indiferença e negligência!

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Obras… que tudo desculpam e justificam! (1)



Demonstrarei hoje e na próxima semana a falácia do argumento usado pelos actuais responsáveis autárquicos, quando nos explicam candidamente que os empréstimos bancários são indispensáveis para se honrarem os compromissos assumidos com as obras que estão a decorrer em Lamego. Esta demonstração será desenvolvida com base em argumentos técnicos e políticos, para que não restem dúvidas da sua evidente fragilidade contabilística e orçamental, bem como da sua ardilosa pretensão de manipulação política.
Os valores que vou utilizar na minha argumentação são retirados dos documentos oficiais, elaborados pelos próprios, como é o caso dos relatórios de gestão de 2005 e 2006, bem como dos mapas de controlo orçamental, para o ano de 2007, aqui considerados até ao dia 18 de Setembro do corrente, por ser este o mais recente documento oficial que possuo sobre o exercício deste ano.
Não fui eu, portanto, que inventei estes números. Eles estão aí nos documentos oficiais, para quem os quiser ler e analisar.
O grande argumento de natureza política, capaz de destruir esta indecorosa falácia, tem a ver com a hipocrisia subjacente ao discurso utilizado, sobretudo porque não se pouparam a esforços para denegrir a imagem do anterior executivo, que era constituído por gente séria, independentemente dos diversos quadrantes políticos em que se encontravam, e pese embora eu próprio ter discordado de muitas decisões então tomadas. Felizmente sou dos que não têm memória curta e ainda possuo coluna vertebral!
Propalaram aos quatro ventos que aqueles tinham deixado a Câmara repleta de dívidas, e sem obra que se visse a condizer, o que é uma mentira deplorável, que nem o direito de propaganda política deveria permitir, em nome da dignidade do exercício de cargos políticos.
Dois anos depois é possível fazermos uma primeira abordagem comparativa. É que não basta criticar por criticar – é necessário corrigir devidamente o que se critica e demonstrar melhores prestações que as que se criticaram de forma tão categórica.
Ora acontece que em 2005 (anterior mandato) foram efectivamente aplicados 5 milhões e trezentos mil euros em investimentos (despesas de capital), contra um montante de 5 milhões e dezoito mil euros no ano de 2006, o que significa um decréscimo real de 300 mil euros nas verbas aplicadas em investimentos de diversa natureza, de 2005 para 2006.
Quanto ao corrente ano de 2007, já se liquidaram 6 milhões e 160 mil euros, correspondendo a um acréscimo real de cerca de 1 milhão de euros em relação ao ano passado. Contas feitas, e no conjunto dos dois anos do actual mandato, registamos um aumento de 700 mil euros de aplicação efectiva em investimentos, em relação ao ano de referência para o mandato anterior, ou seja, ao ano de 2005.
Pode parecer um grande feito mas, na verdade, não é! E não é porque o anterior executivo garantiu receitas para obras que estão agora a decorrer, por via dos fundos comunitários, na ordem de mais de 1 milhão e meio de euros (só refiro aqui montantes efectivamente recebidos e não a totalidade negociada). Ou seja, se não fosse o trabalho esforçado do anterior executivo estávamos agora a contabilizar um decréscimo, nestes dois anos, de cerca de 800 mil euros em receitas de capital…
E ainda têm o descaramento de dizer mal do Prof. José António Santos! Fracos gestores e ainda por cima mal agradecidos…
E no que respeita aos compromissos por pagar, podemos constatar que eles se situavam, em finais de 2005, na ordem dos 7 milhões e 300 mil euros, para se agravarem em mais 3 milhões de euros em 2006, subindo vertiginosamente para os 17 milhões e 300 mil euros no corrente ano de 2007, e ainda falta apurar o último trimestre…
Trocando por miúdos, este executivo, nos dois primeiros anos de mandato, não foi particularmente brilhante na captação e consequente aplicação de verbas disponíveis para investimentos, pelas razões já referidas, mas não se inibiu de aumentar assustadoramente a dívida municipal.
Ou seja, criticaram injustamente o que tinha sido feito, mas agora aproveitam-se desse trabalho e desbaratam esses recursos, fazendo muito pior…! Eu chamo a isto pura hipocrisia política… E depois queixam-se que os políticos sejam tão mal vistos pela sociedade portuguesa!
Os empréstimos, portanto, não só não serviram para pagar as tais obras que estão a decorrer, como nem sequer serviram para diminuir a dívida existente, já que os 700 mil euros de diferença positiva, obtidos graças à boa performance de quem tanto criticaram, não chegam para justificar os mais de 3 milhões e 300 mil euros em empréstimos entretanto já utilizados nestes dois anos.
E seguramente que não justificam os mais de 17 milhões de euros actualmente inscritos nos compromissos por pagar, pela simples razão de não terem sido ainda liquidados!
Mas como a despesa corrente já se cifra em 12 milhões de euros, quando as respectivas receitas (correntes) não chegam sequer aos 9 milhões, é fácil perceber para onde será (ou está a ser) canalizado o eventual remanescente… Só que o balão de oxigénio dos empréstimos bancários está prestes a rebentar e a capacidade de recurso aos factorings também se há-de esgotar!
Em todo o caso, com recurso ou não a estes expedientes estultos, porque altamente lesivos do interesse público municipal, o certo é que a Câmara vai ter de pagar tudo isto, e a Câmara, é bom lembrar aos mais desatentos, somos todos nós.
Na próxima semana darei a minha opinião política sobre a qualidade e importância (ou ausência delas) das obras que estão a decorrer na nossa cidade.

Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Ao que isto chegou!



Infelizmente, e pela segunda vez consecutiva, não pude estar presente na sessão da Assembleia Municipal de Lamego, por razões profissionais, e por isso não tive oportunidade de levantar algumas questões relacionadas com as finanças municipais, na sua articulação com as obras que se estão a realizar na nossa cidade.
E isto porque, como já começa a ser habitual em cada sessão da Assembleia, lá veio mais um pedido de autorização para um empréstimo bancário, desta vez de mais dois milhões e cem mil euros, para beneficiação da EN226 e da EN2, em Lamego.
Os defensores deste executivo dirão que para se fazerem obras é preciso dinheiro e, portanto, há que arranjá-lo, mesmo que tal “arranjo” seja o de recorrer sistematicamente a empréstimos que hipotecam irremediavelmente o futuro de Lamego. Este argumento, enganador como nenhum outro, demonstra-nos até onde pode ir a irresponsabilidade destes senhores, mas estou em crer que lhes haveremos de exigir respostas e soluções à falência das finanças municipais, quando não houver dinheiro nem sequer para honrar as despesas correntes obrigatórias do município lamecense.
Nessa altura, tudo farei para ver os actuais responsáveis, e seus dilectos defensores, a explicar devidamente aos lamecenses como e onde se irão arranjar tais recursos financeiros, e gostarei também de ver se assumirão, publica e pessoalmente, a respectiva quota parte de responsabilidade na má gestão que hoje tão heroicamente defendem…
É que se a lei os obrigasse a serem pessoalmente solidários na assunção dos custos decorrentes de uma má gestão, talvez esta euforia dos excessos da despesa fossem bem mais contidos do que são actualmente!
Para que se perceba bem o logro argumentativo, começaremos por dizer que os empréstimos provenientes do anterior executivo (o mais antigo contraído em 1991 e o mais recente em 2004), orçavam em cerca de quatro milhões e oitocentos mil euros, contraídos ao longo de 14 anos. Em 2006 e 2007 ou seja, em apenas dois anos, os empréstimos aumentaram em cerca de sete milhões e seiscentos mil euros, para se cifrarem actualmente na ordem dos 12 milhões de euros contratados.
Significa isto que, em dois anos, quase que se triplicou a dívida pública municipal que, não esqueçamos, é uma dívida de todos nós, a ser liquidada nos próximos 20 anos.
Para quem pense que estes empréstimos servem exclusivamente para pagar obras, como refere a “propaganda”, sempre diremos que é precisamente nas despesas de capital que os compromissos por pagar mais têm aumentado no corrente ano – já são actualmente 17 milhões de euros, para a “módica” quantia de mais de 21 milhões de euros de compromissos totais por pagar, pelo menos contabilizados até 18 de Setembro deste ano.
E como temos provas documentais da existência de facturação com data de meados de 2006, mas cujo processamento contabilístico apenas se efectuou em 2007, é de admitir que tais compromissos por pagar sejam bem superiores aos considerados nos documentos legais. Basta que estejam a fazer o mesmo que já fizeram o ano passado…
E se a esta já colossal dívida (porque de uma verdadeira e insofismável dívida se trata) acrescentarmos a alteração contratual existente entre a Câmara e a empresa Lamego Convida, que veio dilatar de 20 para 30 anos o prazo de validade do direito de superfície (dos terrenos e imóveis onde se pretende construir o megalómano pavilhão multiusos e os anexos ao edifício da Câmara Municipal), bem como mais que quadruplicar os encargos totais no decorrer desses mesmos 30 anos, podemos fazer uma ideia do que vai acontecer à Câmara de Lamego, já a partir do próximo ano!
Isto tudo porque, há um ano atrás, estes “extraordinários gestores” devem-se ter enganado nas contas que fizeram, e pensaram que cerca de 18 milhões de euros chegariam para os seus imprudentes devaneios, mas agora chegaram à conclusão que afinal seriam necessários perto de 87 milhões de euros para fazer a mesma coisa que há um ano atrás “apenas” custava 17 milhões!
Não, caro leitor, não estou enganado nas contas, e talvez me explique melhor se me referir em contos, à maneira antiga… Estes senhores pensavam que faziam a “festa” do pavilhão multiusos e quejandos com cerca de 3 milhões e quatrocentos mil contos, para chegarem à conclusão, um ano depois, que afinal vão precisar de mais 14 milhões de contos para fazerem a dita cuja “festa”, num total de 17 milhões e quatrocentos mil contos!
O que, ou quem, se vai beneficiar com tanto dinheiro à custa dos lamecenses, não sei, mas quem vai ter de o pagar até ao último tostão, isso aposto que seremos todos nós…
Que indecente legado vão deixar estes senhores aos nossos filhos… Que tristeza e pobreza de gestão, que desrespeita os mais elementares procedimentos éticos em matéria de dívidas que se reflectem nas gerações vindouras…
Em suma, numa Câmara que este ano não terá receitas superiores a 20 milhões de euros, mas que vai ter despesas correntes na ordem dos 14 milhões, e possui já compromissos por pagar de perto de 22 milhões; numa Câmara que, com este último empréstimo, esgotou seguramente a sua capacidade de endividamento, mas que aumenta desavergonhadamente os seus compromissos financeiros futuros com uma empresa municipal de necessidade e interesse mais que duvidosos, é lícito perguntar se os seus directos responsáveis assumirão integralmente os custos resultantes de tamanho despautério.
Ah…Por causa das obras… Dessas famigeradas obras que tudo desculpam e justificam!
Na próxima semana escreverei sobre essa falácia!

Agostinho Ribeiro