Na sequência do
que prometi no meu artigo da semana passada, vou agora referir-me aos seis
casos mediáticos de má memória para Lamego, que colocaram a nossa terra na
comunicação social nacional pelas piores razões, protagonizados pelo senhor
Eng. Francisco Lopes, directa ou indirectamente, enquanto presidente da nossa
autarquia. Ora vejamos:
1 – A primeira
notícia que nos surgiu num jornal nacional, logo no início do mandato, deu-nos
conta que o novo presidente da Câmara tinha confraternizado com uma associação
ou um grupo de amigos que se auto-designava de “pilas murchas”. Pelos vistos
terá sido esse o seu primeiro acto público e foi, simplesmente, ridículo!
É claro que um
presidente pode confraternizar com quem muito bem entender, mas temos de convir
que, para notícia nacional, só pode ser entendida como de muito mau gosto, a
inscrever no “anedotário” brejeiro deste país.
Em todo o caso,
ele foi bem elucidativo do que haveria de ser a medíocre conduta e o inadequado
comportamento público deste senhor, e a verdade é que o mote estava dado. O que
veio a seguir apenas confirmou que, a partir dali, seria sempre a descer na
fasquia dos princípios e valores que costumavam estar associados a Lamego e às
suas gentes de bem.
2 – E é assim
que, pouco depois, Lamego é confrontado com a notícia do desaparecimento da
viatura municipal da presidência, envolvida numa tamanha confusão e enredo que
ainda hoje tudo se mantém por esclarecer, já que as contradições por nós
detectadas não nos permitem afiançar que as declarações do presidente da Câmara
de Lamego tenham sido suficientemente esclarecedoras, e muito menos fiáveis.
De facto, o
Eng. Francisco Lopes assina um documento onde afirma que essa viatura estava
estacionada entre o portão e a garagem de sua casa, para depois informar que
afinal o carro estava estacionado à porta de sua casa e, finalmente, proferir
em comício festivo que não se incomodava com o facto de tal viatura ter
desaparecido na Régua ou em Chaves… Chaves? Mas a que propósito?
Três
declarações públicas, todas elas estranhamente divergentes… Porque ele é o
único que deve ter a certeza absoluta do local onde se encontrava estacionada a
viatura municipal, no momento do seu desaparecimento. Ou não?
Será que a
Polícia Judiciária, e demais poderes responsáveis por este tipo de
investigações, tem estado assim tão desatenta a estas gritantes contradições?
Acrescente-se a
estas incoerências o facto de o mesmo senhor presidente ter informado o
município lamecense que o processo tinha sido arquivado para, logo de seguida,
um advogado ao serviço da Câmara alegar segredo de justiça para não
corresponder a um pedido meu de fornecimento de documentos fundamentais para a
melhor compreensão do que se tinha passado. Processo arquivado e, ao mesmo tempo,
em segredo de justiça?
Devia estar a
pensar que os lamecenses eram os campeões da ingenuidade…Mas engana-se
redondamente!
3 – Logo de
seguida surgiram várias notícias desprestigiantes para Lamego, a propósito da
Bienal da Prata, tendo sido eu próprio envolvido nesse desagradável assunto, já
que fui atingido na minha dignidade profissional pelo presidente da Câmara,
conforme ficou lavrado em acta do executivo camarário, num processo que haveria
de ajudar à desacreditação de uma das mais relevantes manifestações artísticas
e culturais que se pretendia sedimentar em Lamego.
Ao pôr em causa
o evento (nem me refiro sequer a questões pessoais), e da forma como o fez, deu
mais um contributo altamente negativo para o bom-nome e credibilidade de
Lamego.
4 – Ainda não
refeitos desta desprestigiante sucessão de notícias, e eis que surge uma outra,
sobre uma suposta fuga ao fisco, deliberada ou não, uma vez mais protagonizada
pelo presidente da Câmara de Lamego, a propósito da sua luxuosa vivenda,
situada na cidade do Peso da Régua. O melhor que o Eng. Francisco Lopes soube
dizer, em resposta, foi que tal notícia se devia a invejas da oposição
concelhia e que a sua vivenda luxuosa não passava, afinal, de uma vivendazita
banal, idêntica a tantas outras que se conseguem construir com montantes não
muito longe de uns parcos 50 mil contos.
Eu próprio lhe
pedi explicações sobre as alegadas invejas da oposição, tanto na Assembleia
Municipal como num artigo que escrevi neste jornal, mas a resposta ficou por dar,
demonstrando-se uma vez mais o verdadeiro carácter deste senhor.
Ainda por cima
a tentar fazer de todos nós, já não apenas ingénuos, mas alguma espécie de
néscios…
5 – Mas para
que não ficássemos apenas com a impressão de que o senhor presidente da Câmara
Municipal de Lamego nos queria fazer passar por estúpidos, e como que a querer
provar que de facto o éramos, ei-lo a surgir em pomposa fotografia num jornal
local, depois glosado (e gozado) nacionalmente, a fazer de conta que se
preparava para beber água da nossa fonte do Almedina, em indecorosa ilustração
de uma notícia onde se afirmava descaradamente que aquela água estava em
condições de ser consumida pelas pessoas, quando as análises a davam como
imprópria para consumo. A tirada da água “quase” boa ficará nos anais da
hipocrisia política nacional.
Já não é só
fazer dos lamecenses estúpidos, é mesmo insultar a nossa inteligência!
6 – Finalmente,
surge esta notícia de suspeitas de corrupção no futebol, não de sua directa
responsabilidade, é claro, mas integrando uma instituição cujo presidente é o
próprio vice-presidente da Câmara Municipal de Lamego e perante a qual o senhor
Eng. Francisco Lopes responde dizendo que é uma vergonha, mas nada fazendo para
minimizar os efeitos dessa vergonha.
E mais,
acontecendo o que aconteceu logo após uma transferência de 50 mil euros da
Câmara de Lamego para aquele clube desportivo. Não sabemos, até ao momento, que
providências foram tomadas no sentido de acautelar devidamente o lícito destino
daquelas verbas, que são de todos nós…
E assistimos à
triste figura dos seus mais próximos colaboradores, a demitirem-se das
estruturas locais do PSD, para logo de seguida fazerem marcha atrás, vá-se lá
saber porquê, imperando a total e completa falta de seriedade e de consideração
pelos lamecenses que neles votaram.
E assim se vai
destruindo o bom-nome de Lamego!
Agostinho Ribeiro