Leio, e não
acredito no que leio, pela simples razão de ler uma mentira, dita como se de
uma verdade se tratasse, com a desfaçatez de quem não tem pejo algum em dizer o
que lhe vem à cabeça, apenas com o intuito de enganar as pessoas. A mentira já
faz parte da imagem de marca desta gente!
O jornal em que
escrevo tem um alinhamento político, no que respeita a questões locais, que é
conhecido de todos. No entanto, não prescinde de dar as notícias com a isenção
dos factos noticiados, e deixa para os comentadores a possibilidade de
expressarem as suas legítimas opiniões, em consonância com os juízos e
convicções dos seus diversos autores. Esta é uma posição séria e um contributo
inestimável para o enriquecimento e aprofundamento da democracia.
Um outro jornal,
também cá da nossa terra, expressa opiniões políticas como se de notícias se
tratassem, num manifesto desrespeito pelas mais elementares regras da
democracia e da verdade, ainda por cima “noticiando” mentiras desprovidas de qualquer
suporte ou sustentabilidade factual, numa forma bem elucidativa do carácter dos
seus autores e responsáveis.
Em qualquer
país minimamente sério, esse jornal já estaria a responder pelos permanentes
atropelos aos deveres profissionais e deontológicos que devem orientar os
órgãos de comunicação social. Não se percebe tanta impunidade… A não ser que
Lamego seja terra de ninguém e, como tal, liberta de quaisquer obrigações
legais e éticas …
Todos temos o
direito de manifestar as nossas opiniões e de apresentar os nossos pontos de
vista sobre quaisquer matérias ou assuntos que digam respeito aos actos e
actividades públicas, particularmente no que se refere aos nossos políticos. Temos
o direito de o fazer e até mesmo, em modesta opinião, o dever de o fazer, para
que as pessoas possam ajuizar da bondade desses actos e propostas, com o
objectivo final de melhor se esclarecer a opinião pública sobre as diferentes
opções políticas em causa. Mas não à custa de mentiras…!
Ora, “noticiar”
que houve uma reunião da Comissão Política do Partido Socialista que nunca
existiu, e onde se passaram e afirmaram coisas que nunca ocorreram em
circunstância alguma é mentir às pessoas e, pior que isso, é desrespeitar os
cidadãos que supostamente lêem aquele jornal e que, certamente, acreditarão no
que lá se escreve, induzindo-os objectivamente em erro, com o fito de obterem
um benefício político ilegítimo.
As intenções,
todos sabemos bem quais são, mas para os que se têm vangloriado com tanta
euforia com as prestações deste executivo, só o facto de terem de recorrer a
este expediente da mentira e do logro constitui atitude que não se compreende
nem justifica lá muito bem. Se estão, assim, tão seguros da qualidade do seu
trabalho, para quê então recorrer à mentira?
E depois, aquela
“forma” tão especial de se referirem às pessoas, tradutora das boas maneiras
que nunca tiveram, ao colocarem termos como “gajo” na boca de outros, em
inequívoca demonstração daquilo que são e nunca deixarão, verdadeiramente, de
ser – gente sem escrúpulos alguns!
E como as mentiras devem ser
“enriquecidas” com mais mentiras, lá nos vem apresentado um mapa com as “obras
em curso”, e respectivos preços, para tentarem fazer passar a ideia de um
executivo repleto de dinamismo, misturando propositadamente obras já executadas
com obras a decorrer e que, por seu turno, se misturam com obras que ainda nem
sequer foram iniciadas, numa verdadeira tentativa de malabarismos circenses
que, pelos vistos, começa a fazer escola na nossa terra.
E alegam, com
total impudência, a “indignação” e a “estupefacção” de pessoas afectas ao
Partido Socialista, que ninguém sabe quem são, e que eles também não nomeiam, a
propósito da oposição que se faz ao actual poder autárquico. Como é tão fácil
mandar “bocas” para o ar, sem qualquer sustentabilidade de prova… Como é tão
fácil quererem fazer-se passar por aquilo que não são… Como é tão fácil nunca
se ter tido civismo, nem bom senso, nem delicadeza e ter o desplante de
lamentar que outros, supostamente, os não tenham também…
Em suma… como é
tão fácil mentir! E numa terra onde a mentira é aceite e tolerada como coisa
normal, tais malabarismos hão-de ter sempre acolhimento em alguns, até ao dia
em que estes também forem vítimas de tais falsidades.
Esperemos que
não seja tarde demais para Lamego.
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