Darei hoje por concluída, da minha
parte, quaisquer referências de natureza pública, política e pessoal, à questão
relacionada com a Bienal da Prata.
É necessário
que os aspectos mais relevantes relacionados com esta questão sejam analisados
com algum detalhe, para que não subsistam dúvidas sobre as razões e os
fundamentos que fazem mover o Senhor Presidente da Câmara contra a minha pessoa,
e contra um dos eventos mais importantes e mediáticos que em Lamego alguma vez
se produziu.
Na acta já
referida por mim no anterior artigo, da reunião do executivo de 4 de Julho de
2006, o Senhor Presidente “exige que o
senhor Dr. Agostinho Ribeiro proceda a um desmentido das suas afirmações ou não
aceitará que este evento, que pretende hostilizar a Câmara Municipal e promover
pessoal e politicamente os seus promotores, seja apoiado com dinheiros
públicos”.
Vamos por
partes… O Senhor Presidente quer que eu desminta uma coisa que ele próprio
admite ter acontecido, o que não deixa de ser hilariante. O grave é que tenta
escamotear e deturpar a verdade para conseguir alcançar o seu objectivo que é,
nem mais nem menos, que o de tentar (mas só mesmo tentar porque não conseguirá
atingir os seus deploráveis objectivos) denegrir a minha imagem pública.
Depois, em tom
ostensivamente ameaçador, refere que não aceitará que este evento da Bienal da
Prata seja apoiado com dinheiros públicos… Aqui é que as coisas começam a ficar
seriamente complicadas, uma vez que esta atitude configura um pretenso abuso de
poder, uma vez que pretende interferir em matéria que não é da sua competência,
nem tão pouco se encontra sob a sua esfera de actuação.
Mas quem é o
Senhor Presidente para se arvorar em defensor dos dinheiros públicos, que nem
sequer são geridos por ele, quando os mesmos dinheiros e bens públicos que
estão sob a sua alçada têm vindo a ser esbanjados e delapidados em viagens sem
sentido, tanto dele, como de alguns senhores vereadores, mal aplicados em
demasiadas situações, como em deslocações e remunerações de pessoal do seu
próprio gabinete, de forma absolutamente ilegal, para já não falar do
extraordinário sentido de responsabilidade, ou falta dele, de alguém que até
deixa a viatura municipal ser roubada numa situação tão estranha e invulgar,
que ainda teremos de ser melhor esclarecidos sobre tão anómalo acontecimento?
Afirma depois
que o evento pretende hostilizar a Câmara Municipal e promover pessoal e
politicamente os seus promotores. Extraordinária esta reflexão, sobretudo pelas
consequências que daqui já adivinhamos para o futuro de Lamego. Um evento que
pretende colocar Lamego no topo das referências culturais e artísticas, durante
um determinado período de tempo é, para o Senhor Presidente, uma hostilização à
sua pessoa.
Imagino o
Senhor Presidente da Câmara do Porto a dizer que não queria lá a Casa da
Música, porque isso era promover o Arquitecto Rem Koolhaas ou, aqui bem mais
próximo, o Senhor Presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua vir agora
dizer que não quer a sede do Museu do Douro na sua terra porque isso é apenas
uma forma de promover o Prof. Gaspar Martins Pereira. Salvemos as respectivas e
criteriosas distâncias mas deixem-me dizer que o princípio é o mesmo.
Ridículo, não
é? Tão mesquinhamente ridículo que até nos obriga a pensar onde estará o
sentido da elevação, do bom senso e da prudente contenção em alguém que, mais
que ninguém, os deveria possuir e exercitar continuamente.
Será que vamos
ter fogo de artifício nas próximas festas em honra de Nossa Senhora dos
Remédios, ou a promoção do pirotécnico responsável vai levar o Senhor
Presidente da Câmara a não admitir que o mesmo aconteça, pela sombra mediática
que, porventura, lhe fará?
Mas como as
coisas são o que são e a Câmara Municipal de Lamego é sócia da Associação
Bienal da Prata, embora o actual poder não tenha, até este momento, acarinhado
este evento, não posso, nem quero, ser responsável pela não realização seja do
que for, desde que tenha a certeza que o mesmo é bom para o prestígio e
engrandecimento de Lamego.
Por esta razão,
demiti-me já do cargo de director da Associação Bienal da Prata, por manifesta
e total incompatibilidade pessoal, e de princípios, com o Senhor Presidente da
Câmara Municipal de Lamego, de uma forma que já me é completamente incontornável
e intransponível.
Agostinho
Ribeiro