terça-feira, 15 de outubro de 2013

Declaração política de final de mandato como Vereador da Câmara Municipal de Lamego.

Foi hoje a última reunião do executivo camarário referente ao mandato autárquico 2009/2013.
Impunha-se, portanto, proferir algumas breves considerações políticas sobre o que pensamos deste exercício. Reproduzo aqui, na íntegra, a declaração por mim proferida esta manhã, dia 15 de outubro de 2013.
 

 
 
 
 
 
Senhor Presidente
Senhores Vereadores
Ao finalizarmos o mandato autárquico para que fomos eleitos em 2009, cumpre-me tecer as considerações políticas que se impõem tecer, no quadro de um sintético balanço crítico ao exercício gestionário da coligação PSD/CDS, e que foi merecendo duros e assertivos reparos ao longo destes quatro anos, por parte do Partido Socialista, que aqui me orgulho de representar.
Reconheço que a tarefa não é fácil, tantos foram os desmandos gestionários e tantas foram as irresponsabilidades políticas cometidas por este executivo, pelo que me limitarei a tecer alguns comentários sobre as questões mais relevantes que ao Município de Lamego dizem respeito.
Este mandato não podia ter sido pior para os lamecenses, sob a batuta nada esclarecida do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Engenheiro Francisco Lopes, mas ao qual não podemos, nem devemos, excluir todos os que participam, apoiam e integram as listas da coligação PSD/CDS, e que apenas se manterão no poder autárquico por força, precisamente, desta coligação política que ficará na História de Lamego como a produtora de enormes malfeitorias públicas como não há memória na nossa terra.
Comecemos, pois, com as questões fulcrais da dívida pública municipal versus investimento realizado, na ótica da execução orçamental e, posteriormente, na perspetiva do retorno razoável de tal investimento. Trataremos, seguidamente, da absurda constituição de uma empresa vocacionada ao fracasso e à insolvência desde o seu nascimento, passando pelo completo desnorte da construção de um Pavilhão Multiusos que ficará na história de Lamego como o pior investimento alguma vez realizado na nossa terra.
I
Da execução orçamental:
1º - Se fizéssemos um quadro síntese do que foram estes quatro anos de mandato autárquico, em termos de investimento, diríamos que foram aplicados em despesas de capital, grosso modo, 50 milhões de euros, cuja proveniência pode ser assim repartida – 15 milhões de fundos comunitários (30%); 19 milhões de empréstimos bancários (38%); 6 milhões por transferência das receitas correntes para despesa de capital (12%); e, finalmente, 10 milhões provenientes das receitas próprias de capital do município lamecense (20%).
2º - Verifica-se, desde logo, que a execução orçamental do investimento público, na relação entre o estimado e o executado, expressa-nos um valor percentual muito criticável – atente-se às percentagens da execução orçamental em 2010 – 32,21%; 2011 – 45,52%; 2012 – 45,8%; 2013 – 60%, para constatarmos esta indevida e muito incorreta forma de inscrever verbas estimadas muito acima das que realmente sabemos que serão executadas, criando o que os Digníssimos Juízes do Tribunal de Contas apelidam de “ilusão de suficiência” para, assim, se permitirem a imoral integração de projetos de obras que não poderão ser executadas, por falta de financiamento efetivo, enganando-se os cidadãos que acalentam a esperança do contrário. À exceção do ano de 2013, que ainda não podemos avaliar devidamente, mas que sabemos já que a melhor performance se vai dever ao PAEL, e nada mais, todos os restantes anos nos demonstram que se estimam valores em mais do dobro do que depois se consegue realizar.
3º - Por outro lado, podemos verificar que, em quatro anos, este executivo conseguiu a extraordinária proeza de endividar Lamego de forma ainda mais assustadora do que já tinha feito no mandato anterior, passando dos indesculpáveis 15 milhões de euros de dívida à banca, a 31 de dezembro de 2009, para os atuais inenarráveis 28 milhões de euros, em resultado do último recurso disponibilizado pelo Estado às Câmaras mais endividadas do País, e que dá pelo nome de PAEL. Mesmo assim verificamos já que esta Câmara se encontra de novo em irresponsável ascensão nos valores das dívidas não liquidadas a fornecedores, atingindo rapidamente os mais de 5 milhões de euros, como se estivéssemos a viver no melhor dos mundos…
4º - Este deplorável processo da dívida pública municipal lamecense pode, e deve, ser interpretado na sua relação direta com a dívida nacional, em percentagem dos respetivos PIB’s, uma vez que todos os municípios portugueses contribuem para a boa ou má prestação das contas públicas nacionais. Assim, e com base nos valores das receitas anuais do município, excetuando, por razões óbvias, as obtidas por recurso aos empréstimos bancários, para construção do PIB municipal, temos as seguintes percentagens:
- Em 2005, no último mandato sob a presidência do Partido Socialista, o concelho de Lamego possuía uma dívida pública em percentagem do PIB municipal na ordem dos 59%, a que correspondia uma contribuição positiva no abaixamento da dívida pública nacional, que se situava então nos 63%. Lamego era, então, um orgulhoso concelho que ajudava Portugal a fazer baixar a média da dívida pública nacional.
- Em 2009, no final do primeiro mandato da coligação PSD/CDS, a dívida municipal ascendia já a perto de 25 milhões de euros, com uma dívida pública situada nos 136% do PIB municipal, já mais de 52 pontos percentuais acima da dívida pública portuguesa que, nesse ano, se fixou em 84% do PIB nacional. Isto significa que bastaram 4 anos de governação da coligação em Lamego, do PSD/CDS para assistirmos à contribuição extraordinariamente negativa do nosso concelho para a dívida pública portuguesa. A partir do momento em que a coligação PSD/CDS passou a gerir os nossos destinos, também Lamego passou a estar do lado dos que pioram a situação financeira portuguesa!
- Agora, em 2013, e ainda que o ano não tenha terminado, podemos já avançar para uma estimativa da situação financeira da Câmara Municipal de Lamego ainda mais gravosa e inaceitável do que aquela que ocorreu no mandato anterior, porquanto já nos encontramos com uma dívida pública municipal, a 10 de setembro do corrente ano, em 227% do PIB municipal, com uma trajetória da dívida a terceiros de novo em ascendência, já fixada, como atrás se disse, em mais de 5 milhões de euros neste momento, pese embora o encaixe de perto de 16 milhões de euros que acabou de dar entrada nos cofres municipais para liquidação deste tipo de dívidas camarárias.
Esta trajetória incontrolável da dívida, permite-nos admitir que chegaremos ao final do ano com uma dívida em percentagem do PIB escandalosamente superior à dívida pública nacional, muito provavelmente acima dos 200% do PIB municipal, sendo que todos nós sabemos e conhecemos bem a forma desastrosa como a coligação PSD/CDS tem governado Portugal, incapaz também ela de controlar a dívida nacional, o que agrava de forma exponencial a total e completa irresponsabilidade desta gestão autárquica, que consegue ser pior no controle do endividamento municipal que a própria má governação do País, ambas assumidas pela mesma coligação político partidária. Enfim, é mau demais para ser verdade!
5º - Portanto, quando alguns pensam que as dívidas contraídas pela Câmara Municipal de Lamego não os afetam, é bom que se lembrem dos contributos indecorosos, porque injustificáveis, deste aumento da dívida, para todos percebermos que se as pensões e reformas têm sido cortadas; se as remunerações dos funcionários públicos têm vindo a diminuir drasticamente; se os impostos têm aumentado para níveis insuportáveis; se o desemprego tem subido em flecha nestes últimos anos, com redobrado prejuízo para os lamecenses; tudo isto se deve e resulta, também, da completa irresponsabilidade de muitos municípios portugueses, com Lamego nos lugares cimeiros deste indecoroso ranking, para vergonha de todos nós, lamecenses!
Em suma, após 8 anos de gestão autárquica por esta coligação PSD/CDS, a dívida bancária municipal está situada nos 28.434.414,58 €, a que podemos já acrescentar mais 5 milhões de encargos assumidos e não pagos, num total de 33 milhões de euros. Num rácio per capita que podemos estabelecer com os habitantes do nosso concelho, atingimos o valor de 1.236 pontos. Recordando aqui, para uma breve comparação, um dos municípios mais endividados de Portugal, Vila Nova de Gaia, chegamos à conclusão de que mesmo que ela tivesse a sua dívida na ordem dos 300 milhões de euros, ainda assim teria um rácio melhor que o de Lamego, já que este montante, para os gaienses, corresponde apenas a um rácio de 992 pontos, 244 pontos abaixo do nosso. E ainda dizem que Vila Nova de Gaia é um município fortemente endividado… Que dizermos então de Lamego!
II
Da obra executada:
1º - Já sabemos, por outro lado, que o argumento desta coligação para justificar tanto endividamento, é o de que o mesmo serviu, e justifica-se, pela realização da obra que está à vista de todos nós. Mas também aqui percebemos a falsidade do argumento, bastamente apresentado por esta coligação PSD/CDS, e que facilmente se desmonta. Mas o pior é que esta falsidade é dita com a facilidade de quem não faz a mínima ideia do que está a dizer, porquanto podemos verificar, numa simples equação, o quão frágil é este argumento.
Fazendo uma estimativa, muito por baixo, de que cada euro proveniente dos fundos comunitários representa um investimento de 75% a fundo perdido (e já dando de barato que seria essa a média normal de majoração dos fundos comunitários que, como também sabemos, tem atualmente percentagens a fundo perdido bem superiores a esta média – 80 a 90%), chegamos aos seguintes valores – aos cerca de 18 milhões de euros de empréstimos bancários contraídos ao longo deste mandato deveria corresponder, a ser verdade a aplicação destes dinheiros em obra, a cerca de 70 milhões de euros de investimento, o que fica muito aquém dos 50 milhões de euros que foram efetivamente aplicados em despesas de capital, e de cujos montantes globais todos sabemos que não correspondem à totalidade do investimento em obra.
Esta diferença abismal, no mínimo de cerca de 20 milhões de euros, que deveria ter sido aplicada integralmente no investimento, e que não foi, corresponde a um desperdício no endividamento público municipal na ordem dos 28,5%, representando, em modesto entender, a pior forma de se gerirem os dinheiros públicos, como só esta coligação soube e sabe fazer.
2º - A verdade é que apenas 32% das verbas totais investidas foram provenientes de fundos comunitários, na ordem dos 16 milhões de euros, cuja média global, integrando já a contrapartida nacional, se quedou pelo montante geral de 27,6 milhões de euros de despesa de capital cofinanciado.
E que obras foram essas que, no decorrer deste mandato, tanto investimento comparticipado exigiu ao Município? Pois bem, façamos a sua contabilidade:
- Foram os Centros Escolares de Lamego, Lamego Sudeste e Penude;
- Foram os troços da Circular Externa a Lamego, para resolver o problema do Centro Escolar e da grande superfície comercial Continente;
- Foi a Requalificação do Cais de Bagaúste;
- Foi o Parque de Estacionamento de Almacave;
- Foram algumas benfeitorias em caminhos municipais e arranjos urbanísticos, realizados em Sande, Avões, Valdigem, Alvelos, Ferreirim e Cambres;
- Foi, finalmente, o projeto Viver Lamego, nas componentes da zona do Castelo, Largo da Feira e Eixo Barroco.
E assim se investiram, dos 50 milhões de euros aplicados em despesas de capital, alguns parcos milhões destinados a obras comparticipadas, em quatro anos de mandato, ficando a certeza amarga de que se tratou de muita parra para pouca uva, que o mesmo é dizer, de muito dinheiro e de muito endividamento para pouca obra e, pior que tudo, para pouquíssimo ou nenhum benefício substantivo de retorno, na vida dos lamecenses!
Das 18 freguesias, segundo a configuração atual, apenas 5 beneficiaram com alguma obra mais robusta, no âmbito da beneficiação de caminhos municipais e pequenos arranjos urbanísticos, concentrando-se o grosso do investimento na cidade de Lamego, com Centros Escolares abusivamente a mais, sem qualquer justificação ou fundamento, onde 2 seriam suficientes; troços de variante executados por razões diversas da que deveria ser a principal, sendo que, ainda por cima, um deles desviado do projeto inicial, com custos que irão acrescer futuramente a este projeto; e, bem pior que tudo o resto, com a realização de um verdadeiro crime de lesa património ao destruir a imagem sedimentada no imaginário lamecense do nosso centro histórico, datado, romântico, verdadeiro ex-libris da nossa cidade e que agora está a ser substituído por um mar vergonhoso e monocromático de cubos de granito, sem graça nem beleza alguma, para desespero e tristeza dos que amam a sua terra…
3º - Investir tanto dinheiro, endividando os cofres municipais, em obras de mais que duvidoso benefício público efetivo, para a melhoria das condições de vida dos lamecenses, é um ato de gestão público que não merece um milímetro sequer da nossa condescendência política.
Por isso, é bom que fique lavrado em ata que:
a)      Onde a coligação PSD/CDS construiu 4 Centros Escolares, o Partido Socialista teria construído apenas 2, libertando verbas e sinergias para outros investimentos no plano educativo, nomeadamente a instalação condigna e de raiz da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego;
b)      Onde a coligação PSD/CDS destruiu o património histórico da nossa cidade, o Partido Socialista apenas teria procedido a uma requalificação criteriosa, com vista à renovação do saneamento básico da zona central e melhoria pontual do mobiliário urbano, com respeito escrupuloso pela memória dos nossos ilustres antepassados;
c)       Onde a coligação PSD/CDS apenas executou pequenos troços da Circular Externa a Lamego, o Partido Socialista teria já concluída a totalidade dos troços em falta para, assim, resolver o problema gravíssimo da circulação rodoviária de pesados no interior da cidade, dando maior fluidez ao trânsito de ligeiros;
d)      Onde a coligação PSD/CDS desperdiçou verbas em obras avulsas em poucas freguesias, o Partido Socialista teria avançado com um plano de intervenção concelhia, concertado com todas as freguesias do concelho, e não apenas com meia dúzia delas, porque sempre fomos, como somos, de opinião que as beneficiações devem ser justas, equilibradas e equitativamente repartidas pelo todo concelhio.
4º - E que benefícios efetivos trouxeram estes gastos perdulários a Lamego? Alguns terão trazido, certamente, mas não foram seguramente os mais importantes e decisivos para a melhoria da nossa qualidade de vida. Senão vejamos:
a)      As empresas sediadas em Lamego fecham portas todos os dias e a criação de riqueza decresce assustadoramente – menos 93% na criação de riqueza, hoje, que em 2005;
b)      A taxa de desemprego é das mais elevadas do País, com 27% de desemprego, muito acima da região onde estamos inseridos, em que a taxa se situa nos 19 %, e quase o dobro da média nacional, que se situa na ordem dos 16/17 %;
c)       O IMI que pagamos é o mais elevado que a lei permite;
d)      Os serviços municipais são cobrados aos munícipes por valores cujas taxas são das mais caras do País;
e)      O serviço de abastecimento público de água é também dos mais caros da região e do País.
Em suma, este mandato foi mau demais, pela pobreza de ideias estratégicas a montante das obras, sem nexo nem razões fundamentadas que as justificassem devidamente, como foi mau demais pelo exagero aviltante dos montantes envolvidos nesta autêntica “bebedeira” de gastos sem gosto, de desperdícios sem critério, de endividamento sem fundamentos válidos que nos fizessem perceber porque razão se gastou tanto, e tão mal, em obras sem sentido nem lógicas estruturadas num qualquer projeto com sentido e com visão de futuro!
III
Da Lamego Convida à Parceria Público Privada, versus Pavilhão Multiusos:
 
1º - A agravar tudo isto, continuamos a ter que lidar, sem dúvida alguma, com o disparate maior e completo que foi a constituição, no mandato anterior, da empresa Lamego Convida, agora a braços com um processo de extinção problemático e outro, não menos problemático, de resolução dos problemas técnico/jurídicos criados com a Parceria Público Privada Lamego Renova, e com o autêntico “elefante branco” que dá pelo nome de Pavilhão Multiusos de Lamego.
2º - Se no mandato anterior foram gastos perto de 3 milhões de euros nesta empresa municipal, a verdade é que nestes 4 anos do atual mandato, esses valores foram substancialmente aumentados, mais que duplicados, para se fixarem acima dos 7 milhões e meio de euros, que tanta falta fez ao município lamecense, para se fazer muito mais e melhor, se fossem geridos diretamente pela autarquia. Num cálculo por alto, é sustentável defender que com metade destas verbas se teria feito praticamente o mesmo que a empresa municipal fez, porquanto cerca dessa metade corresponde já, grosso modo, aos gastos com as remunerações do pessoal e dos administradores, num total global, ainda sem o exercício de 2013, de 3.771.779, 56 €.
Um disparate de gestão completo, como os números não deixam de evidenciar, e a obrigatoriedade de extinção da mesma, por força de lei, não deixa de validar!
3º - O problema decorrente desta completa irresponsabilidade, tanto por parte do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego, como por parte de todos, repito, todos os autarcas e responsáveis que deram e dão o seu apoio continuado a este absurdo gestionário, tem a ver com a prefiguração dos maus resultados, ainda não calculáveis na sua totalidade, decorrentes da cessão de direitos contratuais que a mesma empresa municipal pretende celebrar com a parceria público/privada Lamego Renova.
4º - Envolta na maior das discrições negociais, apercebemo-nos que se pretendeu, e ainda pretende, proceder a um contrato de arrendamento em que, para sermos simplistas, os privados tentam transferir, a todo o custo, para o município de Lamego, toda a responsabilidade pelos erros cometidos por ambos, encoberto agora num suposto contrato-promessa de cessão de posição contratual e de cessão de exploração, contrato esse que felizmente, e tanto quanto sabemos, foi chumbado pelo Tribunal de Contas, correndo um processo inspetivo a todos os atos gestionários daquelas duas empresas.
A verdade é que, depois de mais de 10 milhões de euros desperdiçados nesta empresa; depois de mais meio milhão de euros de dívida direta que a mesma possui; depois de cerca de 10 milhões de euros de encargos que decorrem das responsabilidades na participação social na empresa Lamego Renova (49%); e depois de um valor não quantificável neste momento, a título de encargos hipoteticamente não assumidos pelo Município de Lamego, como tem sublinhado o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego, estaremos numa situação global de endividamento público como não há memória na história de Lamego.
5º - Ficará também para a história de Lamego, a impunidade total e completa de uma inauguração que não foi inauguração, num Pavilhão que não tinha licença de utilização, com um torneio oficial que, mesmo assim, ali decorreu, perante a indiferença vergonhosa de todos os poderes públicos portugueses que ainda hoje, tanto quanto me posso aperceber, se mantêm silenciosos perante este completo desrespeito pelas leis da República Portuguesa!
IV
Conclusão
 
No final deste mandato autárquico, o concelho de Lamego está pior do que estava, porque:
a)      Está completamente endividado, tendo ultrapassado os limites gerais do endividamento bancário, nos termos da lei, situando-se hoje como um dos municípios com piores índices gestionários em Portugal;
b)      Está destruído no âmago do seu orgulho para com o passado e no respeito para com os seus ilustres antecessores, com a destruição criminosa do centro urbano da sua histórica cidade;
c)       Está ferido na sua dignidade e honorabilidade, pelas piores razões que o têm catapultado para o anedotário nacional, em vexames que se sucedem por associação ao seu ilustre nome;
d)      Está mais pobre do que estava, pela destruição sistemática que tem assistido ao seu tecido comercial e empresarial, por desinteresse dos responsáveis autárquicos perante os seus concidadãos;
e)      Está mais frágil, em termos sociais e económicos, porque o desemprego tem vindo a aumentar assustadoramente, como não acontece em mais lado algum do País, perante a impotência dos responsáveis municipais, que nada têm feito para alterar o atual estado de coisas;
f)       Está mais sectário e menos democrático, exercendo imorais pressões e atos persecutórios a cidadãos que se opõem às práticas públicas e ideologias partidárias do poder vigente;
g)      Está mais desequilibrado territorialmente, porque tem vindo a acentuar a diferença e a dicotomia entre a sede urbana do concelho e as suas freguesias rurais;
 
E beneficiados com esta política absolutamente desastrosa? Houve?
Certamente que sim, que os houve também, mais que não seja pela leitura que temos de fazer em função dos resultados eleitorais que acabaram de ocorrer em Lamego.
Só que eu, sinceramente, não consigo vislumbrar esses benefícios que tantos lamecenses parece que encontraram nesta gestão autárquica e só me ocorre pensar que esses que assim votaram, nem sequer se apercebem que votaram contra eles próprios.
Mas isto já é uma opinião pessoal, que aqui não posso deixar de expressar. Falível, como todas são…
Muito obrigado.
Agostinho Ribeiro
Vereador do Partido Socialista



Notas finais - Depois de alguns vitupérios e insultos pessoais que o senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego proferiu contra mim, durante e após a leitura que eu fiz desta declaração (e que eu espero que fiquem registados em ata), relevando o insulto, pessoal e inqualificável, de que eu sofria de insanidade, não se absteve de me chamar, por diversas vezes, mentiroso, por eu afirmar na declaração (entre outras coisas de não menos importância), que o IMI era cobrado pela taxa mais alta que a lei admite e pelo facto de eu referir que as dívidas a terceiros já iam, a 10 setembro de 2013, em mais de 5 milhões de euros.

Convém, então, referir onde me baseio para afirmar o que afirmei:

1º - Taxa do IMI:
Como se pode verificar pela leitura do mapa abaixo colocada, e retirada do próprio site da Câmara Municipal de Lamego, o IMI a liquidar e cobrar em 2013, para os prédios urbanos, nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 112º do CIMI, que pode ir de 0,5 a 0,8 está fixado em 0,8, ou seja, pela TAXA MÁXIMA que a lei permite por decisão política, da única e exclusiva responsabilidade da coligação PSD/CDS.
Já no que diz respeito aos prédios urbanos avaliados, nos termos da alínea c) do mesmo número e artigo, os menos onerosos e menos significativos por serem os mais antigos, está fixado pela taxa média permitida por lei.
No entanto, a taxa do IMI referente aos imóveis mais recentes, dos últimos 10 anos, e que são os que mais importam para a vida dos lamecenses, em volume de montantes associados, estão taxados pelo valor mais elevado, já que as avaliações, nos termos da alínea c) já referida, dizem respeito aos imóveis adquiridos antes de 2003.


 
 
 
2º - Dívidas a terceiros:
No que diz respeito à "mentira" por mim proferida, da dívida a terceiros se cifrar já em mais de 5 milhões de euros, tal montante decorre das informações financeiras prestadas pelo próprio senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego que, no Balancete de Terceiros com data de 10 de setembro de 2013, exibe verbas que ascendiam a 5.177.507,46 €. Não se consegue ler devidamente o montante no saldo "credor" de terceiros, apenas porque a digitalização que nos foi facultada não possui a resolução devida para a sua leitura correta.
 
 
 
 

E assim se demonstra uma vez mais, com toda a simplicidade e linearidade, quem é que está insano, e quem é que mente aos lamecenses!
Agostinho Ribeiro

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mais uma humilhação para Lamego...



Li com estupefação a informação que o meu amigo Acácio Pinto fez o favor de me enviar, a propósito do projeto de requalificação do Museu de Lamego.

A notícia pode ser visualizada no lugar:

 
Isto é profundamente lamentável para Lamego e para toda a região do Douro, porque:
1º - Se há alguma desproporção atual do projeto de requalificação do Museu de Lamego, que está concluído e pronto a ser executado, seria bem melhor que se mandasse reavaliar o projeto e não desistir, pura e simplesmente, dele!
2º - O projeto teve sempre o acompanhamento e o suporte competente das tutelas, dos técnicos e especialistas de museus, e gastaram-se centenas de milhares de euros na sua elaboração, por concurso público internacional. Todos os profissionais de museus envolvidos o acharam proporcional, porque conhecem e sabem bem do valor incalculável do acervo do Museu de Lamego, ao contrário dos que agora têm o poder de decidir a sua não concretização. Abandoná-lo é uma humilhação e um claro desprestígio para Lamego e para o Douro!
3º - O projeto estava estimado em 6 milhões de euros, que poderia e deveria ser revisto em baixa, o que daria, numa candidatura aos fundos comunitários, na pior das hipóteses, um esforço de contrapartida nacional de 600 mil euros a fasear em dois ou três anos. Qualquer coisa como 300 mil euros em dois anos… Para quem assiste a gastos de milhões de euros noutros investimentos no setor da cultura bem menos necessários que este…
A verdade é que o valor estimado da obra não é nada excessivo, e é completamente proporcional à importância primordial do seu acervo, referência patrimonial em termos nacionais e internacionais, já que possui mais Tesouros Nacionais que a maioria dos museus ditos nacionais, mais que o Museu Nacional de Soares dos Reis e tantos como os do Museu Grão Vasco, em Viseu. Mas para esses houve dinheiro para obras substantivas de requalificação museológica e museográfica. Para Lamego é que não há… Porquê?
Para nós, parece que vai haver apenas dinheiro para resolver o problema da cobertura… Mas o Museu de Lamego precisa e deveria exigir muito mais que a resolução dos problemas de cobertura… Para ser um verdadeiro Museu de referência nacional, como merece, não basta arranjar a cobertura. Por isso andei, com outros profissionais de museus, a trabalhar durante dez anos para uma requalificação digna do Museu de Lamego!
4º - Lamento muito que o senhor Secretário de Estado da Cultura, em vez de mandar reavaliar um importantíssimo projeto verdadeiramente exemplar na história da requalificação de museus, em Portugal, tenha seguido a opinião desavisada e incompetente do seu antecessor que, juntamente com o atual Presidente da Câmara Municipal de Lamego, entenderam ambos, como grandes especialistas que (não) são de museus, que a obra do Museu de Lamego era excessiva e… deveria ser abandonada!
5º - Mas também, com Presidentes de Câmara amigos da terra que dirigem, como este, quem precisa de inimigos? Pelos vistos, obras de vulto em Lamego (vulto financeiro, claro) só mesmo as que tiverem de passar pelo crivo municipal… As outras, mesmo que fundamentais, são desnecessárias e dispensáveis.
Para ele e os seus correligionários, o Museu de Lamego está muito bem como está, até porque agora até já dá para se fazerem umas ações de campanha eleitoral laranja na “espumanteria” do Museu de Lamego, ao bom estilo do caciquismo parolo. Para esses, melhor que isto não pode haver…! A qualidade mede-se pelo show-off de coisas avulsas e pela imoralidade do compadrio reinante. Mais nada!
Agostinho Ribeiro