segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Da cegueira política lamecense, para a visão de uma alternativa credível!


 
I
 
 
No que respeita às autárquicas de 2013, para o nosso concelho de Lamego, a boa notícia é que existiram 2.625 lamecenses que deixaram de ser cegos e perceberam, finalmente, que a coligação PSD/CDS, liderada por Francisco Lopes, tem prejudicado fortemente os interesses mais genuínos e importantes do coletivo que somos todos nós, lamecenses.
Refiro-me, claro, à gestão ruinosa que foi desenvolvida nestes últimos anos, que já fez ultrapassar os limites legais do endividamento bancário municipal; à gestão que muitos de nós acha danosa, protagonizada por uma empresa municipal que apenas somou gastos absurdos para receitas irrisórias; e tudo isto para justificar e suportar obras megalómanas (o termo é mesmo megalómanas, e não ambiciosas, como estultamente referem os seus promotores) que não traduzem nenhum benefício efetivo para a comunidade que deveriam servir!
A outra boa notícia é que, desses 2.625 lamecenses já curados da cegueira ideológica que transportavam de há 4 anos a esta parte, pelo menos 2.016 não só perderam a confiança no gestor milagreiro que veio de fora para desgraçar as nossas contas públicas (com reflexo direto nos nossos bolsos, e de forma muito mais grave do que possamos pensar), como entenderam, e muito bem, que era hora de iniciar um processo de mudança, na tentativa de afastar quem tanto mal nos tem feito, ainda que tal desiderato alternativo não tenha sido ainda alcançado.
Tive o cuidado de ir lendo o que a coligação PSD/CDS, e os seus apoiantes mais diretos, iam dizendo nas redes sociais… Um verdadeiro absurdo de deslumbramento pré-histórico!
A petulância e a arrogância desmedidas, na convicção segura de que iam ser "outros 6-1”, talvez mesmo “7-0”, à medida de uma campanha eleitoral também ela megalómana, onde parecia não haver limites de recursos humanos e materiais, tal a panóplia de viaturas em campanha, de tarjas e outdoors, brindes e quejandos, a sucederem-se como se não houvesse crise nem austeridade em Portugal, chegando mesmo ao desplante insultuoso (sobretudo para os jovens, uma vez que os considera, objetivamente, desprovidos de inteligência) de dois vídeos com sugestões sexuais a propósito de um ato de cidadania que é o voto dos jovens que o fazem pela primeira vez; tudo isto apontando para a epifania feliz de um “esmagamento” dos adversários políticos, como se todos o lamecenses fossem marionetas nas mãos de quem se acha detentor de toda a verdade e de toda a razão quando, precisamente, não detém rigorosamente nem uma coisa nem outra…
II
A má notícia é que ainda persistem fortes sinais desta “doença” de falta de visão por causa de um clubismo partidário serôdio e bolorento, que não deveria fazer sentido no Portugal Democrático de hoje, traduzida na cegueira de ainda haver 8.548 lamecenses que seguramente tardam a perceber que o seu voto foi, precisamente, depositado por eles… contra eles próprios…!
Sim, quem votou na coligação PSD/CDS, em Lamego (é importante sublinhar isto, aqui e agora), votou contra si próprio, porque votou na continuação de uma política gestionária suicidária; votou em quem mais adensou e aumentou as despesas das pessoas, empresas e famílias lamecenses; votou em quem endividou, de uma forma já irreparável, o concelho de Lamego, colocando-o a níveis bem piores que a infeliz dívida pública da Grécia; votou em quem pretendeu e pretende afirmar a legítima ambição de crescimento e desenvolvimento de Lamego através de gastos sumptuosos em obras desnecessárias, que nada trazem de benefício efetivo para a nossa terra, e que nem sequer se preocupou em fundamentar e justificar devidamente, nos termos da lei, a sustentabilidade futura dos equipamentos públicos resultantes de tais obras.
III
Mas a melhor notícia de todas é, sem dúvida, a notícia da esperança! Esperança de que as coisas mudem no quadro já atual do novo figurino autárquico, onde talvez a coligação PSD/CDS demonstre agora mais respeito pela oposição do PS, e seja menos arrogante e mais correto no seu relacionamento político e institucional para com os autarcas que se não revêm nas suas posições e projetos políticos. Talvez deixem de intentar ações judiciais contra opositores que apenas dizem as verdades conhecidas por todos, ou até mesmo desistam de aprovar moções que insultam e rebaixam a própria democracia portuguesa, contra adversários políticos que apenas manifestam as suas opiniões publicamente, sobre atos e acontecimentos também eles públicos…
Porque do tão aclamado e desejado “6-1”, pode contar agora com um muito mais equilibrado e justo “4-3”; porque contra o despesismo excessivo de uma campanha ostensiva, embateu de frente contra uma parcimoniosa campanha, contida, humilde, persistente e empenhada, protagonizada por homens e mulheres livres e descomprometidos, que não precisam da política para viver, mas que sabem que o seu contributo à causa pública pode, e deve, ser um generoso contributo ao coletivo que todos devemos saber servir!
 
Parabéns, portanto, ao PS de Lamego e a toda a equipa de trabalho da campanha, com Manuel Ferreira e André Freire a liderarem uma candidatura que se pode traduzir, simbolicamente, numa luta desigual entre David e Golias… Com a diferença relevante de que o Golias também aqui perderia, se não tivesse a ampará-lo uma cada vez mais irreconhecível e ideologicamente desprestigiante muleta que dá pelo nome de CDS/PP!
É que se não tivessem concorrido em coligação, e fazendo uma projeção simplista de votos, o resultado seria 3-3-1, e as circunstâncias políticas atuais ditariam uma provável vitória do Partido Socialista.
Resumindo e concluindo, ele há vitórias que sabem a derrotas e derrotas com o gosto de saborosas vitórias… Por um futuro melhor para todos, e não um presente agradável apenas para alguns.
É o que eu penso, como lamecense e político empenhado no enobrecimento da gestão da coisa pública e no desenvolvimento real e sustentado do nosso concelho de Lamego!
Agostinho Ribeiro

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