domingo, 25 de janeiro de 2015

Museu Grão Vasco, de 2014 para 2015. *

 
 
Em 2014 o Museu Grão Vasco cresceu de uma forma que pensamos sustentada e, por isso mesmo, com fortes probabilidades de continuar nesta linha ascendente, no ano que agora se inicia. Este foi o ano de afirmação da nossa estratégia operativa, nos vetores fundamentais de atuação programática – criar redes e cumplicidades institucionais; valorizar o papel do museu, através de práticas inovadoras de intervenção cultural; abrir os espaços e os serviços a iniciativas conjuntas com os nossos parceiros e amigos, que connosco entenderam por bem interagir.
Em suma, criar conexões no sentido mais amplo e abrangente da temática que o ICOM – Conselho Internacional dos Museus – definiu para o ano que findou.
E porque somos um serviço público, impõe-se um breve balanço crítico, a que o imediatismo das redes sociais agora nos impele, e que nós aceitamos de bom grado, por entendermos que assim se cumpre, também por esta via, um dos maiores desígnios que aos museus se colocam na sociedade contemporânea – a prestação de contas, revista ela a forma mais genérica e sucinta, que aqui se apresenta, ou um modelo mais detalhado e construído com base nos parâmetros superiormente definidos, nos termos regulamentares.
 
I
2014 – Das conexões que se podem estabelecer e dos resultados que se podem obter.
 
A lógica programática, ao longo deste ano, foi a de reforçar e cimentar as parcerias já existentes, acrescentar outras, diversificar áreas temáticas de atuação, interpelar entidades e pessoas no sentido de connosco colaborarem, pedindo o melhor que elas possuem e sabem, em benefícios que nos pareceram evidentes (e significativos) ao acréscimo das vivências culturais da sociedade viseense. Para atingir tais objetivos, contratualizamos com elas acordos de colaboração (com a assinatura de vinte protocolos, em sessão solene, no Dia Internacional dos Museus), a que se acrescentarão outros, em cerimónias específicas para o efeito, mas que já se encontram devidamente firmados desde o ano transato; realizamos e colaboramos na realização de várias exposições temporárias, em ritmo constante de apresentação, algumas vezes mesmo em simultâneo (“Ícones Russos”; “A Doce e Ácida Incisão – A Gravura em Contexto”, da Fundação Caixa Geral de Depósitos; Instalações Sonoras no âmbito dos Jardins Efémeros/Invisible Places Sounding Cities – “Respiro”, de Pedro Tudela e Miguel Carvalhais; “The Work Quartet”, de Mikhail Karikis; “Echo Meditation”, de Hands on Sound -; “A Colecção do Museu do Falso de visita ao Museu Grão Vasco”; “Visibilia” e “Pintura Naturalista na Coleção Millennium bcp”, que agora se encerra). Estivemos também presentes na Feira de São Mateus.
 
Fomos palco, em cooperação e coorganização com outras entidades, de Encontros e Congressos de impacto regional e nacional “Para que Serve um Sítio Património da Humanidade”, do Município de Viseu; “Cultura, Inovação e Valorização dos Recursos Territoriais no Portugal 2020”, da Secretaria de Estado da Cultura, CIM Viseu Dão Lafões e Município de Viseu; e “Habitar [Património] Viseu – D. Miguel da Silva – a obra ao tempo”, organizado pela Projecto Património, Escola Superior de Educação de Viseu, Universidade Católica – Pólo das Beiras e Museu Grão Vasco).
Recebemos ainda várias atividades de distinta temática e tipologia, em que pontificaram múltiplos eventos e as muitas e diversas performances integradas nos projetos artísticos, como foi o caso de “Viseu a…”, do Festival VIRIATUS – Viriatuna, do VISAIUM, da Música da Poesia, do Festival da Música da Primavera, do Festival de Música 2014, organizado pelo PIAGET Viseu, do Concerto de Guitarra Internacional, da comemoração do Dia Europeu da Música com concerto de guitarra clássica, do colóquio "Fake’M: conversas em torno do falso", do “48 Short Media”, dos “Jardins Efémeros”, entre outros, traduzidas em concertos, dj-set’s, instalações vídeo, apresentação de livros, Comemoração do Dia Mundial da Poesia, Dia Europeu da Música, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, Noite e Dia Internacional dos Museus, estágios profissionais e académicos, visitas guiadas gerais e temáticas às exposições permanentes e temporárias.
 
As entidades associativas, de ensino secundário, profissional e superior, artísticas e de cultura viseense, como o GAMUS – Grupo de Amigos do Museu Grão Vasco, o Projecto Património, o Conservatório Regional de Música de Viseu ” Dr. Azeredo Perdigão”, GICAV – Grupo de Intervenção Cultural e Artística de Viseu; IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude – Viseu; o CESAE – Centro de Serviços e Apoio às Empresas; a Escola Profissional de Torredeita; a Escola Secundária de Canas de Senhorim, a Escola Profissional Mariana Seixas, a Escola Profitecla, a Santa Casa da Misericórdia de Viseu, o Cabido da Sé, a Polícia de Segurança Pública – Comando de Viseu, a Associação Comercial do Distrito de Viseu, a Ordem dos Advogados – delegação de Viseu, o Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu, o Jornal da Beira, a Fundação INATEL, o Comando distrital da GNR de Viseu, a AIRV – Associação Empresarial da Região de Viseu, o Estabelecimento Prisional de Viseu, o Grupo VISABEIRA, a FNAC Viseu, a Viseu Novo – SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana de Viseu, a Cáritas Diocesana de Viseu, o Arquivo Distrital de Viseu, a Associação Adamastor, o CEAR – Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, o TGV – Teatro Grão Vasco da Escola Básica Grão Vasco, a Escola Superior de Educação de Viseu, a Universidade Católica Portuguesa -  Pólo de Viseu, o Instituto Piaget de Viseu, o Teatro Viriato, a Confraria de Saberes e Sabores do Dão, o Grupo “Incógnitus”, o “Shortcutz Xpress Viseu”, e, claro, o Turismo do Centro, o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Viseu e o próprio Município de Viseu, foram os parceiros em evidência que nos permitiram a manutenção de um calendário de eventos ao longo do ano, de tal forma intenso e proveitoso, que não padeceu de hiatos significativos entre eles.
Não deixamos, evidentemente, de desenvolver todo o trabalho de âmbito museológico menos visível aos olhos da maioria dos cidadãos, trabalho esse criteriosamente distribuído pelos parcos, mas excelentes, recursos humanos que possuímos, nas áreas fundamentais da gestão do nosso inventário e coleções, serviços educativos, monitorização e controlo dos espaços expositivos, investigação, conservação, biblioteca, arquivo e centro de documentação.
 
II
Dois destaques, pela inovação.
 
Permitimo-nos dar agora particular realce a duas iniciativas próprias que muito têm contribuído para a afirmação do Museu, no plano divulgativo. Desde logo, o próprio facto de termos criado esta página do facebook, logo no início do ano, inserindo-nos assim numa estratégia de divulgação com recurso a esta importante rede social, opção que nos tem permitido majorar exponencialmente o alcance das nossas atividades, por chegarmos quase de imediato aos milhares de pessoas que fizeram o favor de ser nossas amigas e, por via disso, ficando automaticamente conhecedoras do que fazemos, quando o fazemos, e com quem o fazemos…
Aproveitando este precioso instrumento de divulgação que agora temos à disposição, entendemos que seria interessante enriquecer esta página com informação credível, mas não excessivamente hermética, sobre muitas obras de arte que o museu possui, mas para as quais raramente olhamos com detalhe e maior profundidade analítica, não dando a devida valia a um património museológico que existe, mas não é fruído por nós. Desta intenção nasceu uma das mais populares “rubricas” da nossa página “facebookiana”, designada por “MGV | Os Dias do Mês”. Trata-se de ilustrar a temática (ou o santo do calendário católico), com uma obra artística do Museu, descrevendo sumariamente a importância do tema (ou a história do santo) e dando informação útil à obra que o ilustra. Assim, conseguimos divulgar um conjunto notável de peças do nosso acervo que, de outra forma, se manteriam relativamente ausentes do nosso conhecimento, ao mesmo tempo que supomos criar incentivos acrescidos a visitarem, e revisitarem, o nosso museu. O alcance destas publicações tem sido verdadeiramente notável, muitas vezes acima dos mil visitantes por obra de arte, o que nos prova bem da recetividade e sucesso que esta iniciativa tem junto dos nossos amigos.
 
Ainda no âmbito dos projetos inovadores, já aqui demos conta do projeto “Virtual in situ”, como o apoio mecenático da Fundação Millennium BCP. Tratou-se de disponibilizar, em todas as salas de exposição permanente do museu, de unidades “touch screen” que reproduzem virtualmente as respetivas salas, com todas as obras expostas, permitindo a todos os visitantes que pretendam obter informação mais rica e detalhada, o possam fazer através de um simples “clique” na referida imagem, obtendo de imediato tal informação.
O recurso às novas tecnologias, suportada em conteúdos que cruzam a fiabilidade técnica e científica da informação à simplicidade vocabular dos textos, para melhor apreensão e interpretação dos mesmos vai ser ainda enriquecido com a disponibilidade de tablets (a preço simbólico), como complemento informativo, colocando também à disposição de todos os que tenham a respetiva aplicação no seu smartphone, o uso de códigos de barras bidimensionais, QR Code.
 
III
Ainda e sempre, os números.
 
Dos valores quantitativos, já aqui demos expressão sumária, na publicação do comentário “O MGV em números – 2014”, abaixo publicado. Mas convém ilustrar um pouco mais esses números, agora que estamos detentores da prestação geral dos Museus e Palácios da Direção Geral do Património Cultural, e que se pode analisar pela leitura da Nota à Imprensa, disponível em http://www.patrimoniocultural.pt/pt/imprensa/notas-de-imprensa/. Bastará, para o efeito, fazer o dowload do texto “Direção-Geral do Património Cultural ultrapassa os 3 milhões e meio de visitantes em 2014”, ali disponibilizado.
Para o Museu Grão Vasco, importa sublinhar que fomos, uma vez mais, o sexto museu que obteve mais visitantes durante o ano, depois dos quatro grandes museus nacionais (Arte Antiga, Coches, Azulejo e Arqueologia, todos localizados em Lisboa) e do singular e único Museu Monográfico de Conímbriga (com a especificidade tipológica que o distingue dos demais). Mas, se em valores absolutos nos situamos neste honroso lugar, em valores relativos e percentuais, podemos constatar que as nossas prestações são ainda mais felizes e conseguidas – fomos o quinto museu que mais subiu em número de visitantes, com mais 11.312, (depois de Arte Antiga, com mais 82.947; Arqueologia, com mais 22.927; Coches, com mais 17.799; e Azulejo, com mais 13.876 visitantes). Percentualmente, fomos o quarto museu que mais cresceu, com 16% (depois de Arte Antiga, 60%, Arqueologia, 29%, e Arte Popular, 24%).

Não menos importante foi o facto de termos registado um aumento de 22 % nas receitas de bilheteira e um aumento considerável de 46 % nas receitas da loja do museu. Esta constatação significa, portanto, que o aumento de visitantes foi mais consistente nas entradas pagas, do que nas entradas gratuitas, e que as políticas que têm vindo a ser definidas para as lojas dos museus, tanto local como nacional, têm dado bons resultados.
 
No cômputo geral, diríamos que nos colocamos mais de cinco vezes acima do crescimento médio dos Museus e Palácios (3% da média nacional, contra 16% do MGV), o que faz do Museu Grão Vasco um contribuinte líquido, francamente positivo, desse crescimento médio, e colocando Viseu no segundo lugar das cidades cujos museus registam os maiores volumes de visitantes, logo a seguir à capital. Esta constatação só nos pode e deve, a todos os viseenses, constituir motivo de orgulho e satisfação, para além do acréscimo de responsabilidade que inevitavelmente recai sobre nós, para o futuro.
 
IV
2015, o ano dos museus para uma sociedade sustentável.
 
Sendo esta a temática para o Dia Internacional dos Museus para 2015, definida pelo ICOM – Conselho Internacional dos Museus, preparámos um conjunto de iniciativas a decorrer na semana correspondente, incluindo a Noite e o Dia dos Museus, no conjunto da programação geral que temos já definida para este ano. Pensamos que será um ano de grandes acontecimentos para esta instituição museológica, estando agendada para breve uma conferência de imprensa, onde daremos conta dos projetos mais significativos que iremos realizar. Manteremos a linha programática definida no ano passado, com validade até 2016, por termos a perceção nítida das mais-valias que estamos a criar e desenvolver, no relacionamento cúmplice estabelecido com a sociedade viseense.
Muito obrigado.

Agostinho Ribeiro
 
* - Publicado na página facebook do Museu Grão Vasco, com o título "A Palavra ao Diretor | 04".