Tendo chegado ao meu conhecimento
que o Senhor Vice Presidente da Câmara Municipal de Lamego, o meu prezado amigo
Eng.º José Pereira, pediu a suspensão do mandato para que foi eleito nas
últimas eleições autárquicas do Concelho de Lamego, ocorre-me dizer o seguinte:
1º – Confesso que estranhei
muitíssimo mais o facto do Eng.º José Pereira ter anuído à sua integração numa
lista liderada pelo atual Presidente da Câmara, do que estranho agora a sua
saída, ainda que provisória, do palco suicidário que se chama, ironicamente, “Viver
Lamego com alma e coração”;
2º – Como eu só me posso, e devo, apresentar a mim mesmo em qualquer comparativo que possa fazer, no que respeita
ao exercício de cargos políticos, acho que o Eng.º José Pereira fez mal em
suspender o mandato – deveria manter-se em funções e pugnar, por dentro, a
favor dos princípios e valores que eu sei que defende e pratica. Respeito a sua legítima decisão, mas discordo dela;
3º – Seja qual for a razão “oficial”
que possa apresentar para justificar tal suspensão, todos sabemos já qual é ela.
Espero e desejo que o Eng.º José Pereira seja consentâneo com a sua postura
pública, e com a ideia de homem impoluto que dele todos fazemos;
4º - O Município de Lamego, a
cidade e o concelho, degrada-se dia a dia, não só na materialidade das obras megalómanas
que não servem para nada, e muito menos servem os interesses legítimos dos
lamecenses, mas também e sobretudo, na moralidade (ou falta dela) dos atos e
procedimentos que nos arrastam a todos para a miséria das dívidas e para as
dúvidas da legalidade em tantos dos mesmos;
5º - Que os lamecenses de bem,
independentemente das suas convicções político partidárias, se não fiquem pelo
silêncio tacanho perante tamanho grito inconsolado, que a ninguém que tenha um mínimo de
sentido e noção do “bem público” pode deixar de ser ouvido, e a todos deve obrigar a percebê-lo nas suas mais profundas motivações.
O “fim de festa”, quando a festa esteve repleta de excessos e de abusos, só pode ser o que sempre foi – amargo e
doloroso!
Da minha parte, tenho a
consciência tranquila – alertei, antes,
para os perigos que iríamos correr; chamei a atenção, durante, para as asneiras que se estavam a cometer; continuo, agora, no lugar que os lamecenses
entenderam que deveria ser o meu, para ajudar no que puder a resolver os
problemas que outros criaram à nossa terra.
Exorto o Eng.º José Pereira, e
todos os que, como ele, se aperceberam já do logro em que todos caímos, a estar
presente na procura das soluções necessárias, e a lutar por elas, porque sobre os desmandos
cometidos, já não há nada a fazer…!
Agostinho Ribeiro