quinta-feira, 18 de maio de 2006

Manifestações e outras considerações avulsas



Começo hoje a escrever neste jornal (Lamego Hoje), na tentativa de reflectir publicamente sobre alguns aspectos e problemas que nos preocupam, a Lamego e aos lamecenses, retomando uma prática que abandonei já há alguns anos, e que agora tentarei reparar.
De entre muitas razões que me levam a fazê-lo, relevo a constatação de que certas e determinadas afirmações, considerações públicas e mesmo, em alguns casos, ditos menos educados, virados contra a minha pessoa e contra as pessoas que protagonizaram, nas últimas eleições autárquicas, um projecto comum em que estive, e estou, envolvido, fazem-me assumir esta posição, na certeza de estar a contribuir para um esclarecimento público das posições que este grupo autárquico defende e que eu, evidentemente, também partilho pessoalmente.
É necessário dizer, sempre e sem descanso, a certos senhores que agora se querem fazer passar por exemplos de cidadania, que eles não serão os únicos a defenderem Lamego e os lamecenses, e que existem outras pessoas que deram, não apenas de ontem ou de há um ano a esta parte, mas desde sempre, provas de defenderem e trabalharem pelos interesses e bom nome de Lamego. E muitos deles nunca andaram à procura de tachos ou remunerações principescas, como parece ser o apanágio destes senhores que tão facilmente criticam os seus opositores mas que ainda nada de bom, em concreto, fizeram a favor desta terra.
Em primeiro lugar gostaria de expressar algumas questões de princípio, para que não restem dúvidas sobre o meu posicionamento em matérias de natureza política. Não é pelo facto de estarem sempre a “lembrar” o meu percurso político passado, que eu deixarei de dizer o que penso. Aliás, apenas recordo que estive 16 anos afastado da política activa e penso que tal afastamento, só por si, justifica um período de reflexão que me levou a assumir um posicionamento político que é o actual e não outro.
Percebo que, se o percurso tivesse sido outro, os que me fazem considerações menos próprias, típico de pessoas sem um mínimo de educação, estariam agora a fazer um discurso completamente inverso. Era-lhes conveniente. Dava-lhes jeito. Mas como não sou, há que deitar abaixo, ir tentando destruir paulatinamente a credibilidade dos outros, mesmo mentindo porque, segundo os inteligentes estrategas responsáveis por tudo isto, uma mentira dita mil vezes cedo será assumida colectivamente como sendo uma verdade. Mas como para mim as pessoas valem pelo que são e pelo que fazem, e não tanto pelo alinhamento partidário, é óbvio que entre o grupo em que estou inserido e o grupo onde estão os que me caluniam não haverá quaisquer dúvidas na opção feita por mim.
Nem preciso de me esforçar muito para tentar explicar, e muito menos provar, a bondade deste meu alinhamento. A realidade está aí, nua e crua, não sendo sequer necessário grandes comentários sobre o que se vem passando pelas bandas dos que pretendiam mudar para melhor este concelho de Lamego.
E começo por dizer, a propósito de uma recente manifestação havida em Lamego, que eu não partilho a argumentária esgrimida pelos seus protagonistas. É que eu não vou em manifestações de rua, quando ainda se não esgotaram todos os argumentos de uma boa e sã prática que é a das negociações.
Dá muito mais trabalho? Pois dá. É mais fácil berrar e dizer que o Governo é que tem a culpa? Pois é. Deste e dos governos que o antecederam, ou esquecemos já que esta é uma questão que já vem de governos anteriores?
Os actuais responsáveis, em vez de continuarem as boas práticas das negociações (tão importantes na boa e eficaz gestão contemporânea) preferem a facilidade das manifestações de rua, para depois se poderem desculpar com os outros. Não conseguem o que se pretende, mas sacodem a água do capote porque o odioso cairá em alguém, que não eles. Bravo!
E então se o odioso cair sobre os valores seguros, que não foram ouvidos nem achados sobre a tal manifestação que pretendia ser de “todos”, então será ouro sobre azul. Pois claro!
Pois é verdade… Eu não estive na manifestação. E não estarei em próximas manifestações do género. E escusam os propagandistas destas iniciativas, no jornal da coligação, de tecerem considerações jocosas e menos apropriadas sobre os valores seguros porque, comparados com eles, não duvidem que são mesmo mais valores e bem mais seguros.
Ou será que estes senhores pensam que todos nós somos cegos, surdos e mudos, e que em Lamego se pode fazer tudo o que lhes apetecer, apenas e tão-somente porque detêm actualmente o poder autárquico?
Vamos ver se conseguimos então dar um contributo mais democrático à forma de fazer política na nossa terra. É essa a minha intenção, com os artigos que passarei a escrever regularmente neste jornal.

P.S. – Percebo que o meu discurso na Sessão Solene do 25 de Abril não tenha sido bem aceite por alguns, que o consideraram despropositado. Entendo perfeitamente que falar em democracia, liberdade e igualdade (a tónica fundamental do meu discurso) tenha sido mal digerida por esses senhores, uma vez que já se começa a perceber que esses serão valores que não fazem parte do seu vocabulário quotidiano.
Mas em vez de se “atirarem” a mim com comentários de uma irrelevância confrangedora, porque não referiram a nada correcta ausência, nessa sessão, dos senhores Presidente e 1º Secretário da Mesa da Assembleia Municipal de Lamego? Talvez fosse um assunto mais interessante para a análise de quem pretende dignificar o órgão máximo do município lamecense.
Eu, por exemplo, penso que a sessão solene do 25 de Abril é a mais importante sessão simbólica de qualquer Assembleia Municipal, a exigir a presença dos seus mais altos dignitários.

Agostinho Ribeiro

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