Começo hoje a
escrever neste jornal (Lamego Hoje), na tentativa de reflectir publicamente sobre alguns
aspectos e problemas que nos preocupam, a Lamego e aos lamecenses, retomando
uma prática que abandonei já há alguns anos, e que agora tentarei reparar.
De entre muitas
razões que me levam a fazê-lo, relevo a constatação de que certas e
determinadas afirmações, considerações públicas e mesmo, em alguns casos, ditos
menos educados, virados contra a minha pessoa e contra as pessoas que
protagonizaram, nas últimas eleições autárquicas, um projecto comum em que
estive, e estou, envolvido, fazem-me assumir esta posição, na certeza de estar
a contribuir para um esclarecimento público das posições que este grupo autárquico
defende e que eu, evidentemente, também partilho pessoalmente.
É necessário
dizer, sempre e sem descanso, a certos senhores que agora se querem fazer
passar por exemplos de cidadania, que eles não serão os únicos a defenderem
Lamego e os lamecenses, e que existem outras pessoas que deram, não apenas de
ontem ou de há um ano a esta parte, mas desde sempre, provas de defenderem
e trabalharem pelos interesses e bom
nome de Lamego. E muitos deles nunca andaram à procura de tachos ou
remunerações principescas, como parece ser o apanágio destes senhores que tão
facilmente criticam os seus opositores mas que ainda nada de bom, em concreto,
fizeram a favor desta terra.
Em primeiro
lugar gostaria de expressar algumas questões de princípio, para que não restem
dúvidas sobre o meu posicionamento em matérias de natureza política. Não é pelo
facto de estarem sempre a “lembrar” o meu percurso político passado, que eu
deixarei de dizer o que penso. Aliás, apenas recordo que estive 16 anos
afastado da política activa e penso que tal afastamento, só por si, justifica
um período de reflexão que me levou a assumir um posicionamento político que é
o actual e não outro.
Percebo que, se
o percurso tivesse sido outro, os que me fazem considerações menos próprias,
típico de pessoas sem um mínimo de educação, estariam agora a fazer um discurso
completamente inverso. Era-lhes conveniente. Dava-lhes jeito. Mas como não sou,
há que deitar abaixo, ir tentando destruir paulatinamente a credibilidade dos
outros, mesmo mentindo porque, segundo os inteligentes estrategas responsáveis
por tudo isto, uma mentira dita mil vezes cedo será assumida colectivamente
como sendo uma verdade. Mas como para mim as pessoas valem pelo que são e pelo
que fazem, e não tanto pelo alinhamento partidário, é óbvio que entre o grupo
em que estou inserido e o grupo onde estão os que me caluniam não haverá
quaisquer dúvidas na opção feita por mim.
Nem preciso de
me esforçar muito para tentar explicar, e muito menos provar, a bondade deste
meu alinhamento. A realidade está aí, nua e crua, não sendo sequer necessário
grandes comentários sobre o que se vem passando pelas bandas dos que pretendiam
mudar para melhor este concelho de Lamego.
E começo por
dizer, a propósito de uma recente manifestação havida em Lamego, que eu não
partilho a argumentária esgrimida pelos seus protagonistas. É que eu não vou em
manifestações de rua, quando ainda se não esgotaram todos os argumentos de uma
boa e sã prática que é a das negociações.
Dá muito mais
trabalho? Pois dá. É mais fácil berrar e dizer que o Governo é que tem a culpa?
Pois é. Deste e dos governos que o antecederam, ou esquecemos já que esta é uma
questão que já vem de governos anteriores?
Os actuais
responsáveis, em vez de continuarem as boas práticas das negociações (tão
importantes na boa e eficaz gestão contemporânea) preferem a facilidade das
manifestações de rua, para depois se poderem desculpar com os outros. Não
conseguem o que se pretende, mas sacodem a água do capote porque o odioso cairá
em alguém, que não eles. Bravo!
E então se o
odioso cair sobre os valores seguros, que não foram ouvidos nem achados sobre a
tal manifestação que pretendia ser de “todos”, então será ouro sobre azul. Pois
claro!
Pois é verdade…
Eu não estive na manifestação. E não estarei em próximas manifestações do
género. E escusam os propagandistas destas iniciativas, no jornal da coligação,
de tecerem considerações jocosas e menos apropriadas sobre os valores seguros
porque, comparados com eles, não duvidem que são mesmo mais valores e bem mais
seguros.
Ou será que
estes senhores pensam que todos nós somos cegos, surdos e mudos, e que em
Lamego se pode fazer tudo o que lhes apetecer, apenas e tão-somente porque
detêm actualmente o poder autárquico?
Vamos ver se
conseguimos então dar um contributo mais democrático à forma de fazer política
na nossa terra. É essa a minha intenção, com os artigos que passarei a escrever
regularmente neste jornal.
P.S. – Percebo
que o meu discurso na Sessão Solene do 25 de Abril não tenha sido bem aceite
por alguns, que o consideraram despropositado. Entendo perfeitamente que falar
em democracia, liberdade e igualdade (a tónica fundamental do meu discurso)
tenha sido mal digerida por esses senhores, uma vez que já se começa a perceber
que esses serão valores que não fazem parte do seu vocabulário quotidiano.
Mas em vez de
se “atirarem” a mim com comentários de uma irrelevância confrangedora, porque
não referiram a nada correcta ausência, nessa sessão, dos senhores Presidente e
1º Secretário da Mesa da Assembleia Municipal de Lamego? Talvez fosse um
assunto mais interessante para a análise de quem pretende dignificar o órgão
máximo do município lamecense.
Eu, por
exemplo, penso que a sessão solene do 25 de Abril é a mais importante sessão simbólica
de qualquer Assembleia Municipal, a exigir a presença dos seus mais altos
dignitários.
Agostinho
Ribeiro
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