terça-feira, 8 de novembro de 2016

"Além de Grão Vasco. Do Douro ao Mondego: a Pintura entre o Renascimento e a Contrarreforma" *

Intervenção de boas vindas do Diretor do Museu Nacional Grão Vasco por ocasião da inauguração da exposição "Além de Grão Vasco. Do Douro ao Mondego: a Pintura entre o Renascimento e a Contrarreforma", na presença do Senhor Presidente da República.




Senhor Presidente da República
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa
Excelência

Permita-me iniciar esta breve intervenção com os nossos cumprimentos a Vossa Excelência, bem como a Sua Excelência o Senhor Ministro da Cultura do Governo de Portugal, Dr. Luís Filipe de Castro Mendes, e à Exma. Senhora Diretora Geral do Património Cultural, Arqª. Paula Araújo da Silva, ambos aqui também nos honrando com a sua presença, e a quem agradecemos a deferência protocolar de nos permitir dirigir hoje estas palavras de boas vindas, no ano em que comemoramos os cem anos de existência.

Um cumprimento especial é devido ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Almeida Henriques, em cujo Município e Cidade o agora secular Museu Nacional Grão Vasco assenta as suas raízes, tanto físicas, por estar localizado em pleno centro histórico da milenar cidade de Viseu, como simbólicas, pelo singular acervo que possui baseado na produção artística de excelência que em Viseu teve origem ou razão de existir, para benemérita fruição de todos nós.

Estendemos estes cumprimentos, que são também reconhecidos agradecimentos, a todos os Digníssimos Membros da Comissão de Honra e Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário do nosso Museu, aqui presentes; aos anteriores diretores do museu aqui presentes, Alberto Correia, Alcina Silva e Filipe Pimentel; a todos os que nos cederam obras de arte em exposição, Senhoras e Senhores proprietários de algumas dessas obras, e aos fiéis depositários doutras tantas, nomeadamente os referentes às Coleções Fernando Rocha, Maria José Távora e Nogueira Ferrão Vieira, Herdeiros de António Capucho e Joaquim António Boavida; e aos Senhores Reverendos Párocos das paróquias emprestadoras, Aldeia Viçosa, S. Martinho de Mouros, São João de Tarouca, Foz-Coa, Cavernães, Castelo de Penalva, Rosmaninhal e Ferreirim; a Suas Excelências Reverendíssimas os Senhores Bispos da Guarda, Lamego, Portalegre e Castelo Branco e Viseu, bem como aos Departamentos de Bens da Igreja das Dioceses da Guarda e Viseu; Santa Casa da Misericórdia de Lamego; Diretores Regionais de Cultura do Centro e Norte, Celeste Amaro e António Ponte, também presentes; a todos os colegas, diretoras e diretores dos Museus emprestadores, as queridas amigas Ana Alcoforado e Maria João Vasconcelos, do Machado de Castro e Soares dos Reis respetivamente, Lamego, Arte Sacra de Viseu, Francisco Tavares Proença Júnior e Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda; aos Excelentíssimos Senhores Presidentes das Câmaras Municipais dos Municípios que territorialmente abrangem a área temática selecionada, Arouca, Castelo Branco, Guarda, Idanha-a-Nova, Lamego, Penalva do Castelo, Tarouca, Vila Nova de Foz Coa e Viseu, bem como às Senhoras e Senhores Vereadores destes mesmos Municípios, e demais autarcas aqui presentes.
Minhas Senhoras e meus Senhores, comunicação social presente, a todos o nosso muito obrigado pela vossa presença.
Senhor Presidente da República
A 16 de janeiro deste ano, entendeu Vossa Excelência visitar o nosso Museu, atitude que muito nos agradou registar pelo profundo significado que tal ato representou, ao alcandorar um museu localizado no interior centro do País ao estatuto de equipamento cultural da maior relevância para a afirmação identitária nacional e, enquanto tal, merecedora da visita que então ocorreu. E logo garantiu que nos visitaria oficialmente ainda no decorrer das Comemorações do Centenário, por ser Sua profunda convicção que o papel deste museu não podia deixar de ser dignificado ao mais alto nível, em honra de todos os que por aqui deixaram a sua marca produtora de cultura: desde o maior pintor do renascimento português, o celebrizado Grão Vasco que dá o nome ao museu, passando por todos os mecenas, doadores, artistas e artesãos que enriqueceram com as suas generosas dádivas, saberes, criatividade e perícia técnica as fantásticas coleções que possuímos e expomos, até aos diretores e colaboradores desta instituição já secular que, ao longo de cem anos, começando em Almeida Moreira, primeiro diretor desta casa, contribuíram de forma competente e empenhada, para o engrandecimento, estudo, conservação e divulgação de um acervo cuja qualidade e importância artística e histórica acabou por resultar na requalificação do edifício e, mais recentemente, na sua designação como Museu Nacional. Este título, devemos sublinhar, muito orgulha a sociedade viseense, por não só colocar o Museu Grão Vasco no patamar que muito justamente merece, mas também por dar maior visibilidade à cidade e região de Viseu, ao integrar o excessivamente parco grupo de cidades portuguesas dotadas de museus com tal titularidade, nos mapas nacionais e internacionais que sinalizam os equipamentos museológicos de importância nacional – Lisboa, Porto, Coimbra e, agora também, a nossa cidade de Viseu.
Da exposição em si, e do Catálogo que a irá perpetuar, já o mais importante foi referido no decorrer da visita às incomparáveis obras de arte que constituem a seleção criteriosa dos seus Comissários, Joaquim Caetano e José Alberto Seabra Carvalho, a quem agradecemos a disponibilidade para o terem sido mas, sobretudo, a competência demonstrada na sua concretização, complementados que são com os excelentes contributos em Catálogo de Celina Bastos, Dalila Rodrigues, Joaquim Inácio Caetano, Luís Urbano Afonso e Vítor Serrão, cujos méritos científicos, académicos e técnicos são conhecidos, e reconhecidos, por todos nós.
Esta exposição é uma organização da Direção Geral do Património Cultural, de quem dependemos institucionalmente, e que consideramos exemplar por resultar da parceria estabelecida entre o Museu Nacional de Arte Antiga e o nosso Museu, com os resultados que estão à vista. Cumpre-nos pois, agradecer de forma muito especial ao colega e amigo diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, pela disponibilidade manifestada desde a primeira hora para concretizarmos este desejo programático do centenário, para além dos agradecimentos que agora reforçamos junto da Exma. Senhora Diretora Geral do Património Cultural e de Sua Excelência o Senhor Ministro da Cultura, enquanto entidades responsáveis e tutelares de ambos os museus.
Importa porém sublinhar que para estas comemorações do Centenário do Museu Nacional Grão Vasco foram já realizadas múltiplas ações e atividades ao longo do ano, em boa verdade tendo já começado no último trimestre de 2015, com o seu encerramento previsto apenas para o próximo ano, em mais de 50 projetos desenvolvidos através das parcerias estabelecidas com diferentes e muitos agentes locais, regionais e nacionais, relevando a parceria institucional com o Município de Viseu, por intermédio do permanente e esclarecido apoio do Senhor Presidente da Câmara Municipal, Dr. Almeida Henriques, a quem reforçamos presencialmente os nossos agradecimentos. Presença e apoio que, de resto, é assídua e constante, para honra e dignificação da entidade que representamos, extensíveis a toda a Vereação, com destaque à Senhora Vereadora do Pelouro da Cultura, Dr.ª Odete Paiva, e restantes órgãos autárquicos, fazendo com que o Museu em tudo postule uma inequívoca procura e afirmação de pluralismo temático e diversidade artística, porque um museu é hoje, ou deve ser hoje entendido como um espaço plural e de dinamização cultural assumido na plenitude possível das artes e dos seus criadores, passados e presentes. A que acrescentamos os nossos agradecimentos pelo imprescindível apoio do Grupo de Amigos do Museu Nacional Grão Vasco, Associação GAMUS, nos seus lídimos e sempre atentos representantes Dr.ª Ana Correia e Sr. Mauro Melo, também aqui presentes, ao Grupo Visabeira, nossos permanentes mecenas, na pessoa do seu Presidente, Senhor Engenheiro Fernando Nunes e Diretor da Visabeira Turismo, Dr. José Arimateia e à Lusitânia Seguros, Dr. Eduardo Farinha.


Como referimos na introdução ao catálogo, e passo a citar “Um museu contemporâneo […] deve arrojar-se ao desafio da procura de novos caminhos que saibam e se consigam equilibrar, balanceando-se entre os tempos históricos e artísticos onde o erudito e o popular possam conviver, o antigo e a contemporaneidade se cruzem, e as tradicionais funções museológicas coabitem com as diversas aspirações e expetativas dos novos públicos emergentes. […] Só assim saberão e poderão cumprir os seus mais elevados desígnios institucionais (museológicos, culturais, artísticos e de cidadania) sem prejuízo da validade e permanência das tradicionais funções que a estas instituições estão cometidas.” E é por isto mesmo que a par desta magnífica exposição de arte antiga portuguesa podemos apreciar neste preciso momento, e numa outra sala especialmente disponibilizada para o centenário, uma exposição de pintura contemporânea da autoria de uma artista viseense, com créditos firmados já a nível nacional e internacional, Maria de Barros Abreu, em claro testemunho da colocação em prática dos princípios que defendemos no âmbito da museologia contemporânea.
Aproveitando, portanto, este magnífico momento de nos podermos focalizar em assuntos da maior relevância para a construção da identidade nacional, como são as questões da cultura e do património artístico móvel, gostaríamos de sublinhar que é nossa convicção ser esta exposição “uma das mais relevantes realizações do centenário do nosso Museu, como contributo inquestionável que dá à História da Arte em Portugal, pela oportunidade única que generosamente nos concede ao reunir um notável conjunto de obras dos séculos XVI e XVII, em forma modelar como nunca antes tinha sido apresentada publicamente, para benefício dos estudiosos e fruição descomprometida de todos os amantes da cultura, da arte e do conhecimento” conforme referimos, aliás, no catálogo agora em lançamento.



Permitam-me Vossas Excelências lavrar aqui um agradecimento ao Millennium bcp, nos seus mais altos responsáveis Dr. Nuno Amado e Embaixador António Monteiro, e muito especialmente à Fundação Millennium bcp, na personalidade incomparável do seu Presidente, Dr. Fernando Nogueira, espírito superior de clarividência, adesão e apoio permanente às causas maiores da arte e da cultura nacionais, aqui presente na generosa qualidade de primeiro responsável pelo facto de ser esta Fundação Millennium bcp o Mecenas exclusivo das nossas Comemorações. Que exemplo notável este e que belo Portugal não teríamos mais próximo de nós, no campo das artes e da cultura, da salvaguarda, valorização e estudo do nosso património móvel e edificado, se algumas das empresas de maior significado e preponderância económica e financeira tivessem o vislumbre de lhe saber seguir os passos!
Às e aos colaboradores deste Museu que, como sempre temos vindo a referir insistentemente desde há muitos anos a esta parte, são poucos, muito poucos na verdade, mas excelentes no empenho e entrega à causa maior que nos motiva todos os dias, agradecemos o trabalho desenvolvido, permitindo-nos hoje nomear Graça Abreu, Paula Cardoso e Alcina Silva, pela especial dedicação a esta exposição em particular, mas nestas nossas colaboradoras agradecendo a todos os restantes membros desta equipe de trabalho que se não poupa a esforços continuados para que o Museu seja, em cada dia que passa, uma referência do património e da cultura viseense, à escala nacional e internacional.



Senhor Presidente da República
Excelência

Não poderíamos estar hoje a comemorar o centenário de forma melhor que esta. Isto porque inauguramos uma exposição que é um desafio à investigação histórica a propósito dos movimentos artísticos regionais e nacional, sugerindo caminhos até agora pouco explorados; e porque nesta exposição, de uma beleza estética inigualável, traduzida nas magníficas formas e sentidos das obras de arte selecionadas, temos o relevantíssimo contributo de honra que a presença de Vossa Excelência, Senhor Presidente da República, a todos confere e beneficia – ao Museu, especialmente, e a esta cidade e região de Viseu a quem este Museu deve a sua agora secular existência.
É, portanto, com indisfarçável orgulho e satisfação que hoje temos Vossa Excelência junto de nós, na visita inaugural que acabamos de fazer a esta exposição, seguramente a mais emblemática das que integram o nosso vasto e diversificado Programa das Comemorações e, nesta circunstância, alcandorada muito justamente ao benefício honorífico e simbólico da visita presidencial que agora decorre, magnificamente complementada com a apresentação pública do respetivo Catálogo, que no final iremos solenemente formalizar com a assinatura presidencial aposta ao exemplar que ficará guardado no nosso Arquivo Histórico, para memória futura.
Bem hajam todos pela Vossa presença.
Muito obrigado.
Agostinho Ribeiro

* Museu Nacional Grão Vasco - A Palavra ao Diretor | 07