sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Museu Grão Vasco, a partilhar é que a gente se entende. *



1 - A partilhar é que a gente se entende.

Passados que foram nove meses de 2014, e faltando apenas o último trimestre para o completar, pensamos ser este o momento certo para partilhar com todos os nossos amigos uma breve reflexão em torno das atividades desenvolvidas pelo MGV, pela relevância de algumas ações por nós desenvolvidas durante estes últimos meses, tanto autonomamente como em parceira com outras entidades, e pela importância de tudo quanto estamos a planear para o futuro próximo.
A tarefa não é fácil, tantas e tão diversas foram as atividades em que o Museu esteve envolvido, tornando-se difícil nomeá-las a todas, na tentativa de as tipificar segundo algum critério mais ou menos consistente que não seja o da nossa abertura ao exterior. Abertura que é por nós assumida, conscientemente, como estratégica para captação de parceiros e amigos (instituições e pessoas) que nos ajudem à prossecução dos nossos próprios fins missionários, do mesmo modo que agora lhes vamos criando todas as condições de realização dos seus projetos, quando para isso somos convidados. A razão mais invocada para justificar a escolha do nosso museu, fundamenta-se no facto de serem os nossos espaços os mais adequados e apelativos às realizações que pretendem concretizar, sob a égide institucional do Museu Grão Vasco, que assim empresta o seu prestígio de museu de referência para qualificar ainda mais tais ações de serviço público cultural.
Quem nos tem vindo a seguir aqui <https://www.facebook.com/pages/Museu-Gr%C3%A3o-Vasco/577283282362259?ref=hl>, na nossa página oficial do facebook, certamente já se deu conta da enorme quantidade de parcerias que assumimos ao longo destes primeiros seis meses do ano. Muito por força de termos fechado protocolos de colaboração com cerca de 20 entidades públicas e privadas viseenses, aquando das comemorações do Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio, e também porque temos ainda em carteira quase outras tantas entidades, pensando assinar os respetivos protocolos muito em breve. Dificilmente se encontrará melhor adequação do ato de assinatura de protocolos ao lema de 2014 do Dia Internacional dos Museus: “Museus, as coleções criam conexões”. Isto porque o ato de assinatura não constituiu uma mera formalidade sem conteúdo, mas antes serviu para aprofundar e estatuir as relações institucionais que já vinham a ser desenvolvidas entre todos e o museu, em prova inequívoca da importância que a sociedade viseense reconhece ao seu museu e da vitalidade que este tem demonstrado possuir na captação de um número cada vez maior de amigos e parceiros para o futuro.

2 – Nem só de estatísticas se vive.

Um dos mais graves equívocos que poderemos estar a viver atualmente prende-se com a perceção, redutora mas muito generalizada, de que apenas contam os “números” que as estatísticas nos vão fornecendo, sem cuidar devidamente dos valores qualitativos que deveriam estar sempre, e em todas as circunstâncias, em primeiro lugar na linha das nossas preocupações gestionárias. Uma iniciativa de alta qualidade jamais será inferior a dez de qualidade duvidosa, residindo a essência da questão em sabermos como é que a “qualidade” de uma qualquer iniciativa é medida. Quais são os padrões avaliativos que estão na base das nossas medições; que métodos adotamos para o fazermos sem correr o risco de sermos injustos na apreciação feita; que avaliações fazemos, cruzando as nossas apreciações com as apreciações dos outros, os diretos envolvidos e os diretos beneficiários…?
A qualidade dos eventos em que estivemos particularmente envolvidos, nas áreas da nossa atuação mais visíveis ao exterior, como sejam as exposições temporárias, os congressos, concertos, instalações, lançamento de livros, performances, atividades pedagógicas, visitas guiadas ao circuito permanente e temporário, permite-nos admitir o conforto do reconhecimento generalizado, por parte dos nossos parceiros e da opinião pública em geral, o que muito nos satisfaz. Mas o museu não se esgota no conjunto das ações que promove (ou colabora) diretamente para o exterior. Os estágios pedagógicos, o trabalho de investigação científica, o permanente esforço técnico de inventariação do acervo e das espécies bibliográficas e documentais, a sempre presente preocupação na monitorização e controle ambiental dos espaços museológicos, o apoio humano, técnico e científico, prestado a outras instituições e entidades públicas, são vertentes da nossa atuação menos percetíveis ao cidadão comum, mas tão ou mais importantes para o cumprimento integral das nossas obrigações fundamentais de preservação do património que está sob a nossa guarda.
Basta percorrer esta nossa página do facebook, onde vamos dando conta das nossas diversas ações e colaborações, para ficarmos sabedores da enorme quantidade e multiplicidade dos projetos realizados, aferindo ainda da grande recetividade que temos vindo a beneficiar por parte de todos os que nos têm brindado com a presença em tantos e tão diversos momentos da nossa vida institucional.
E se é verdade que nem só de estatísticas vivemos, não podemos deixar de sublinhar que o Museu Grão Vasco foi, no comparativo entre o primeiro semestre deste ano e do ano transato, (no universo dos Museus da Direção Geral do Património Cultural), o terceiro museu com maior aumento percentual do número de visitantes, e o segundo museu com maior aumento absoluto de visitantes. Esta realidade estatística dá-nos bem conta das boas prestações que estamos a ter, para benefício de todos, situação que só nos pode orgulhar.

3 – O desígnio da designação “Nacional”.

E é também por estas razões sumariamente apresentadas, que entendemos ter chegado a hora de requerer superiormente a designação “Nacional” para o nosso museu, tendo em conta a boa recetividade prévia que, oportunamente, percebemos junto da tutela, que o mesmo é dizer, junto do Senhor Secretário de Estado da Cultura e da Direção Geral do Património Cultural.
As razões históricas, artísticas, técnicas, científicas, territoriais e até mesmo estatísticas, justificam plenamente a pretensão, que não pode ser jamais entendida como uma veleidade sem fundamento, um capricho momentâneo ou uma leviandade imprudente. Pelo contrário, podemos asseverar que em todos os itens em que se pode basear a justificação e fundamento do estatuto de museu nacional, o nosso Museu Grão Vasco cumpre com distinção, permitindo-nos assim a clareza concetual de considerarmos injusta a ausência da designação que agora se pretende obter.
Sem querermos entrar pela via de uma linguagem mais tecnicista e elaborada, que não é a função deste apontamento, sempre diremos, e deixamos aqui nota para memória futura, que o Museu Grão Vasco é uma instituição de cultura (quase) secular; dotada de um acervo único no panorama artístico nacional; usando o nome de um pintor que é único e incontornável para a compreensão do pré-renascimento e renascimento em Portugal; e que foi o criador (individualmente considerado), do maior número de obras de arte classificados como bens de interesse público, vulgarmente designados por Tesouros Nacionais; possuindo, precisamente, um número significativo destes tesouros e, por via disso, colocando a cidade de Viseu como sendo a terceira com maior número de bens assim classificados e; finalmente, colocando Viseu como a segunda cidade que mais visitantes tem no seu museu (no universo dos museus da Direção Geral do Património Cultural), logo a seguir à capital!
Parece, portanto, muito pouco provável que exista, e possa ser esgrimido, algum argumento que contrarie a justiça da designação de Museu Nacional, pelo que acalentamos a indisfarçável esperança de o sermos brevemente.
Obrigado

Agostinho Ribeiro

* Texto retirado da página facebook do Museu Grão Vasco, intitulado A Palavra ao Diretor | 03.