1 - A partilhar é que a gente se
entende.
Passados que foram nove meses de
2014, e faltando apenas o último trimestre para o completar, pensamos ser este
o momento certo para partilhar com todos os nossos amigos uma breve reflexão em
torno das atividades desenvolvidas pelo MGV, pela relevância de algumas ações
por nós desenvolvidas durante estes últimos meses, tanto autonomamente como em
parceira com outras entidades, e pela importância de tudo quanto estamos a
planear para o futuro próximo.
A tarefa não é fácil, tantas e
tão diversas foram as atividades em que o Museu esteve envolvido, tornando-se
difícil nomeá-las a todas, na tentativa de as tipificar segundo algum critério
mais ou menos consistente que não seja o da nossa abertura ao exterior.
Abertura que é por nós assumida, conscientemente, como estratégica para
captação de parceiros e amigos (instituições e pessoas) que nos ajudem à
prossecução dos nossos próprios fins missionários, do mesmo modo que agora lhes
vamos criando todas as condições de realização dos seus projetos, quando para
isso somos convidados. A razão mais invocada para justificar a escolha do nosso
museu, fundamenta-se no facto de serem os nossos espaços os mais adequados e
apelativos às realizações que pretendem concretizar, sob a égide institucional
do Museu Grão Vasco, que assim empresta o seu prestígio de museu de referência
para qualificar ainda mais tais ações de serviço público cultural.
Quem nos tem vindo a seguir aqui <https://www.facebook.com/pages/Museu-Gr%C3%A3o-Vasco/577283282362259?ref=hl>,
na nossa página oficial do facebook, certamente já se deu conta da enorme
quantidade de parcerias que assumimos ao longo destes primeiros seis meses do
ano. Muito por força de termos fechado protocolos de colaboração com cerca de
20 entidades públicas e privadas viseenses, aquando das comemorações do Dia
Internacional dos Museus, a 18 de maio, e também porque temos ainda em carteira
quase outras tantas entidades, pensando assinar os respetivos protocolos muito
em breve. Dificilmente se encontrará melhor adequação do ato de assinatura de protocolos
ao lema de 2014 do Dia Internacional dos Museus: “Museus, as coleções criam
conexões”. Isto porque o ato de assinatura não constituiu uma mera formalidade
sem conteúdo, mas antes serviu para aprofundar e estatuir as relações
institucionais que já vinham a ser desenvolvidas entre todos e o museu, em
prova inequívoca da importância que a sociedade viseense reconhece ao seu museu
e da vitalidade que este tem demonstrado possuir na captação de um número cada
vez maior de amigos e parceiros para o futuro.
2 – Nem só de estatísticas se
vive.
Um dos mais graves equívocos que
poderemos estar a viver atualmente prende-se com a perceção, redutora mas muito
generalizada, de que apenas contam os “números” que as estatísticas nos vão
fornecendo, sem cuidar devidamente dos valores qualitativos que deveriam estar
sempre, e em todas as circunstâncias, em primeiro lugar na linha das nossas
preocupações gestionárias. Uma iniciativa de alta qualidade jamais será
inferior a dez de qualidade duvidosa, residindo a essência da questão em
sabermos como é que a “qualidade” de uma qualquer iniciativa é medida. Quais
são os padrões avaliativos que estão na base das nossas medições; que métodos
adotamos para o fazermos sem correr o risco de sermos injustos na apreciação
feita; que avaliações fazemos, cruzando as nossas apreciações com as
apreciações dos outros, os diretos envolvidos e os diretos beneficiários…?
A qualidade dos eventos em que
estivemos particularmente envolvidos, nas áreas da nossa atuação mais visíveis
ao exterior, como sejam as exposições temporárias, os congressos, concertos,
instalações, lançamento de livros, performances, atividades pedagógicas,
visitas guiadas ao circuito permanente e temporário, permite-nos admitir o
conforto do reconhecimento generalizado, por parte dos nossos parceiros e da
opinião pública em geral, o que muito nos satisfaz. Mas o museu não se esgota no
conjunto das ações que promove (ou colabora) diretamente para o exterior. Os estágios
pedagógicos, o trabalho de investigação científica, o permanente esforço
técnico de inventariação do acervo e das espécies bibliográficas e documentais,
a sempre presente preocupação na monitorização e controle ambiental dos espaços
museológicos, o apoio humano, técnico e científico, prestado a outras instituições
e entidades públicas, são vertentes da nossa atuação menos percetíveis ao
cidadão comum, mas tão ou mais importantes para o cumprimento integral das
nossas obrigações fundamentais de preservação do património que está sob a
nossa guarda.
Basta percorrer esta nossa página
do facebook, onde vamos dando conta das nossas diversas ações e colaborações,
para ficarmos sabedores da enorme quantidade e multiplicidade dos projetos
realizados, aferindo ainda da grande recetividade que temos vindo a beneficiar
por parte de todos os que nos têm brindado com a presença em tantos e tão
diversos momentos da nossa vida institucional.
E se é verdade que nem só de
estatísticas vivemos, não podemos deixar de sublinhar que o Museu Grão Vasco
foi, no comparativo entre o primeiro semestre deste ano e do ano transato, (no
universo dos Museus da Direção Geral do Património Cultural), o terceiro museu
com maior aumento percentual do número de visitantes, e o segundo museu com
maior aumento absoluto de visitantes. Esta realidade estatística dá-nos bem
conta das boas prestações que estamos a ter, para benefício de todos, situação
que só nos pode orgulhar.
3 – O desígnio da designação “Nacional”.
E é também por estas razões
sumariamente apresentadas, que entendemos ter chegado a hora de requerer
superiormente a designação “Nacional” para o nosso museu, tendo em conta a boa
recetividade prévia que, oportunamente, percebemos junto da tutela, que o mesmo
é dizer, junto do Senhor Secretário de Estado da Cultura e da Direção Geral do
Património Cultural.
As razões históricas, artísticas,
técnicas, científicas, territoriais e até mesmo estatísticas, justificam
plenamente a pretensão, que não pode ser jamais entendida como uma veleidade
sem fundamento, um capricho momentâneo ou uma leviandade imprudente. Pelo
contrário, podemos asseverar que em todos os itens em que se pode basear a
justificação e fundamento do estatuto de museu nacional, o nosso Museu Grão
Vasco cumpre com distinção, permitindo-nos assim a clareza concetual de
considerarmos injusta a ausência da designação que agora se pretende obter.
Sem querermos entrar pela via de
uma linguagem mais tecnicista e elaborada, que não é a função deste
apontamento, sempre diremos, e deixamos aqui nota para memória futura, que o
Museu Grão Vasco é uma instituição de cultura (quase) secular; dotada de um
acervo único no panorama artístico nacional; usando o nome de um pintor que é
único e incontornável para a compreensão do pré-renascimento e renascimento em
Portugal; e que foi o criador (individualmente considerado), do maior número de
obras de arte classificados como bens de interesse público, vulgarmente
designados por Tesouros Nacionais; possuindo, precisamente, um número
significativo destes tesouros e, por via disso, colocando a cidade de Viseu
como sendo a terceira com maior número de bens assim classificados e;
finalmente, colocando Viseu como a segunda cidade que mais visitantes tem no
seu museu (no universo dos museus da Direção Geral do Património Cultural),
logo a seguir à capital!
Parece, portanto, muito pouco
provável que exista, e possa ser esgrimido, algum argumento que contrarie a
justiça da designação de Museu Nacional, pelo que acalentamos a indisfarçável
esperança de o sermos brevemente.
Obrigado
Agostinho Ribeiro
* Texto retirado da página facebook do Museu Grão Vasco, intitulado A Palavra ao Diretor | 03.
* Texto retirado da página facebook do Museu Grão Vasco, intitulado A Palavra ao Diretor | 03.