quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pensar demais, sem cuidar da verdade, pode não ser o melhor...

 
 
Ao pesquisar alguns elementos que me pudessem dizer respeito, na net, dei comigo a revisitar um blogue intitulado "Clube dos Pensadores", onde fui chamado à colação, a propósito dos processos de nomeação das chefias da Administração Pública.
Reli com pesar aquele infeliz comentário sobre a minha pessoa, produzido por um tal senhor Joaquim Jorge (que não conheço, nem ele me conhece), e verifico agora que nenhuma correção ou alteração foi feita ao que escreveu, pese embora eu ter explicado, no comentário que então fiz, que o lugar em causa não era, nem é, de nomeação – era, e é, um lugar de direção estritamente técnico e preenchido, em situações normais, mediante concurso público.
 
Assim, permito-me hoje tomar a liberdade de escrever o seguinte, porque na altura, e no calor da indignação, não o fiz completamente:
 
1º - Eu já era diretor do Museu de Lamego, de forma contínua e ininterrupta, nos 13 anos antes de José Sócrates chegar a Primeiro-Ministro de Portugal, pelo que considero insultuoso e vil ser integrado num hipotético “grupo de socialistas que conseguiram renovar a sua comissão de serviço”, antes dele ter saído do poder. Até porque, precisamente, quem na altura não me pretendeu renovar a comissão de serviço foi alguém que tinha sido nomeado no tempo da governação de José Sócrates;
 
2º - Eu não conheço o senhor Joaquim Jorge de lado nenhum, como, pelos vistos, ele não me conhece a mim. Daí, talvez, a facilidade que teve de se arrogar ao direito, soez, de poder tecer comentários menos probos em relação à minha pessoa, dando a entender que eu seria alguém, ilegítima ou imoralmente, apegado ao poder. Mas não pode nem deve fazê-lo, pela simples razão dessa consideração ignorante ser absolutamente falsa e toda a minha vida profissional e pública ser disso um inquestionável exemplo. Sugiro-lhe apenas que siga o meu modesto exemplo – não produzo juízos de valor, e muito menos depreciativos, sobre pessoas, ou atos por elas produzidos, que não conheço;
 
3º - Daqui resulta o direito que agora me assiste de sugerir ainda ao senhor Joaquim Jorge que, antes de tecer quaisquer comentários sobre pessoas que não conhece, faça o favor de se inteirar primeiro sobre a vida delas e sobre as circunstâncias reais e legais que pretende abordar. Já no que a mim me diz respeito, posso afirmar, sem quaisquer sombra de dúvidas, que sou, pelo menos, tão honesto, sério e defensor da ética e da moral públicas, e também da “higiene e postura na função pública”, como ele parece ali querer evidenciar que é, e que dou de barato que seja. Porque eu admito que haja pessoas que sejam tão sérias e honestas como eu sou, no exercício e por causa das funções públicas que desempenham ou desempenharam. Mas mais do que eu, não são de certeza absoluta!
 
4º - Já agora, e para ilustrar devidamente o que digo, informo que eu exercia o cargo de Administrador da Fundação Museu do Douro, por nomeação e em representação do Ministério da Cultura do Governo de Portugal, e sempre que os titulares políticos mudavam, eu colocava, também sempre, o meu lugar à disposição dos que se lhes seguiram. Mesmo quando se mantinha o Governo e mudava apenas o titular da pasta da cultura. E precisamente por causa das minhas discordâncias de fundo sobre o rumo que a política museológica nacional estava a tomar, demiti-me desse cargo, por entender que a minha manutenção no mesmo era incompatível com a tal seriedade e honestidade que, pelos vistos, ambos defendemos e eu pratico rigorosamente.
 
 Portanto, sei bem diferenciar o que é estar num lugar por direito e mérito estritamente profissionais e estar noutro por nomeação, em razão da confiança pessoal e política que lhe está associada!
 
 
Finalmente, o senhor Joaquim Jorge tem todo o direito de pensar e defender que as chefias intermédias (diretores de serviço e chefes de divisão) devam também elas ser preenchidas por nomeação política. Não tem é o direito de obrigar os outros a agirem em conformidade com o seu pensamento, enquanto as leis da República assim o não estabelecerem devidamente. Deturpar a verdade das coisas, como fez ao transmitir deliberadamente a “ideia” de que o lugar em causa era de nomeação política, quando a lei assim o não concebe (e quando, precisamente pelo contrário, estabelece que é por concurso público), é que não pode ser aceite por quem sai prejudicado, na sua imagem profissional e na sua honorabilidade pessoal, como é o meu caso.
 
Este meu novo esclarecimento surge pela releitura que fiz, agora ainda mais incomodado e indignado, a propósito do descaramento que teve ao tecer comentários completamente desapropriados sobre a minha pessoa, verificando que se não deu sequer ao trabalho de responder às considerações que então, e oportunamente, ali deixei lavradas.
 
Depois disto que aconteceu, há um ano e quatro meses, já eu fui readmitido como diretor do Museu de Lamego, para quase logo de seguida ser substituído de novo, num processo iníquo, vergonhoso e eticamente reprovável, fazendo já quase um ano que o Museu de Lamego é dirigido por um individuo nomeado, não tendo ainda sido aberto qualquer concurso público para preenchimento do lugar, como estabelece a lei que a todos nos rege. Ou, em alternativa e seguindo o pensamento legítimo do senhor Joaquim Jorge, alterando a lei e colocando a este nível apenas comissários políticos do Governo que estiver em funções, como não se faz em qualquer País civilizado e democrático.
Obrigado.
 
Agostinho Ribeiro

Ainda a tempo:

Joaquim Jorge entendeu dar-me uma resposta no seu blogue, nos termos que segue:

Nada temos contra o Sr. Agostinho Ribeiro, além de lermos no jornal Público , o qual , se bem me lembro nunca foi desmentido.

Porém a questão aqui abordada é o funcionamento na função pública e lugares de nomeação , nunca contra A , B ou C.

Cumprimentos,

JJ

O que, evidentemente, não poderia deixar de merecer um novo comentário da minha parte, pela evidência de uma resposta completamente desfasada do texto inicial. Obrigou-me, portanto, à seguinte resposta:

Lamento muito ter de o contraditar de novo, mas não posso deixar de o fazer, em função do que agora afirma e da forma como o faz.
Começo por referir que registo o uso do recurso estilístico do plural majestático sem, contudo, alcançar o seu sentido ou pertinência no caso vertente.
É que eu uso também, ainda que raramente, tal recurso, mas quando o faço, faço-o na qualidade de Vereador, pretendendo com tal recurso representar as perto de quatro mil pessoas que em mim votaram, e não mais que isso. Não sei quantas pessoas pretende aqui representar ao usar tal recurso estilístico, mas sempre lhe digo que gostaria de o saber...
Depois, não percebo a necessidade da existência de um qualquer desmentido no jornal onde leu a notícia, como elemento de validação de um outro entendimento que não o que aqui apresenta a todos os seus leitores. Não faz qualquer sentido esgrimir um desmentido sobre um ato que efetivamente ocorreu, sendo precisamente o ato, e não o seu contrário ou inexistência, que motivaram as suas considerações por mim entendidas como abusivas, no que se refere à minha pessoa.
Finalmente, se a questão abordada "é o funcionamento na função pública e lugares de nomeação", porque carga de água foi buscar um exemplo que não é de nomeação, mas sim de concurso público, que nada tem a ver com tachos ou compadrios e tem tudo a ver com méritos profissionais? Poderia ter ido buscar um exemplo consentâneo com essa realidade que pretendeu criticar e não o que decidiu usar, já que tal exemplo era exatamente contrário ao que pretendia demonstrar. Isto porque, se agora refere que não era contra A, B ou C, fica por explicar porque razão é que foi usar, precisamente, uma pessoa em concreto, chamada Agostinho Ribeiro? Poderia ter-se ficado pela tal abstração de um qualquer A, B ou C, mas a verdade é que o que se encontra no seu texto é um nome preciso, de uma pessoa concreta, referindo-se diretamente a uma situação real, que aconteceu efetivamente.
Já basta o que escreveu, falsamente, e as conclusões que tirou, abusivamente, sobre o meu caso pessoal, para que lhe possa agora conceder o beneplácito de ainda por cima tentar fazer de mim alguma espécie de néscio, que não sou.
Uma singela manifestação de alguma contrição, tanto bastaria para que eu me sentisse reparado nos danos que me causaram as suas ínvias considerações, mas constato que tal qualidade não faz parte da sua maneira de ser. Outras farão, certamente.
Cumprimentos,
Agostinho Ribeiro


Ao que Joaquim Jorge, retorquiu:


Clube dos Pensadores20/06/13, 10:04

Meu caro , a forma como se refere a mim e ao Clube é lamentável. Limitei-me a ler essa noticia no jornal Público e que eu saiba nunca foi desmentida...

Porém passado tanto tempo vem insurgir-se contra mim de uma forma inaudita e exagerada.

Por outro lado , não se preocupe com a minha opinião e escrita eu não sou ninguém . O seu caso é vereador , foi director de um Museu and so on...E provavelmente está preocupado com alguma coisa , pois deve concorrer a qualquer coisa nestas eleições autárquicas ou tem algo em vista.

O que escrevi mantenho pois a partir de um caso falo no geral... Não o conheço , nem sei quem é , nem pretendo prejudica-lo ou ocupar qualquer lugar.

Extratos do que disse e reitero:
(...)De uma vez por todas quando um novo governo toma posse , todos os lugares públicos da hierarquia deveriam colocar o seu lugar à disposição mostrando desapego ao poder e facilitando a vida a quem chega. É perfeitamente natural colocar-se nos lugares pessoas de confiança e com quem nos relacionamos, é humano e importante para haver uma boa relação de trabalho e pessoal(...)


Eu sou um simples cidadão que pensa , se me permite...

JOAQUIM JORGE
E eu respondi:


Este seu último comentário até teve o condão de me fazer sorrir, por me comprovar, se dúvidas houvesse, do quanto pode ser casuístico e irracional o discurso de alguém, quando pretende discorrer sobre o que, ou quem, manifestamente, não conhece. Passe bem, que não o incomodarei mais nos seus pensamentos.
Agostinho Ribeiro


Dando aqui por encerrada, da minha parte, esta desavença intelectual e conceptual.
Agostinho Ribeiro