Abro hoje uma
excepção à decisão de me manter afastado do comentário político na comunicação
social escrita, para responder a alguns ataques que me fizeram a propósito da
minha posição sobre o processo do Hospital de Lamego, e que mereceu a minha
pública indignação.
Faço-o para
que nada fique por dizer, no que diz respeito ao entendimento que sempre tive
sobre esta matéria. Sempre! Desde a primeira hora e não em função ou fruto das
circunstâncias e interesses conjunturais de natureza político-partidária.
Começo por
referir que entendo perfeitamente que as minhas posições públicas incomodem
tanto a coligação actualmente no poder autárquico, como estão agora a
incomodar. E entendo isto porque já verifiquei que a verdade só não é incómoda
quando lhes dá jeito. Quando não lhes dá jeito, a verdade incomoda-os sempre
demasiado e há que fazer tudo para destruir quem tem o desassombro de a tornar
pública. Mas infelizmente fazem-no sempre da mesma maneira – com ataques
pessoais, em vez de esgrimirem uma qualquer contra argumentação séria e válida
que ajude à resolução dos problemas, em vez de os complicar ainda mais.
E depois
vão-se queixar ao Tribunal pelas respostas que recebem da minha parte. Típico
de quem pensa que o direito à honra e à consideração é um privilégio só deles,
não cuidando de o respeitar nos outros.
Já estou
habituado, portanto, a que deturpem conscientemente o que eu digo e escrevo,
por intermédio de antigos e novos testas de ferro, diligentemente prestativos
para atingirem o objectivo de angariar mais votos junto do eleitorado menos
atento à verdade das coisas, pouco ou nada se importando os seus autores com a
falta da mesma nas considerações que produzem.
Se dúvidas
havia (que as não havia), de que tudo isto não passa de uma estratégia de
pré-campanha eleitoral, a fobia dos ataques bem patentes na deturpação
consciente do que eu disse, está aí para o provar, com ameaças até de que se
não esquecerão da minha posição pública quando estivermos mais próximos do acto
eleitoral. Tudo isto prometido pelos responsáveis do movimento pretensamente
cívico, mas que a mim me parece ser mais um grupo de amigos desta coligação
político-partidária que outra coisa qualquer, sempre disponíveis para a
campanha dos juízos ligeiros e falsos contra os outros.
Ridículo, como
se todos nós não tivéssemos percebido que todo este espectáculo montado fora de
tempo; fora da oportunidade e interesse públicos; fora de qualquer lógica
justificativa que não seja a do acto eleitoral que se aproxima, não fosse já um
acto de pura campanha eleitoral.
Devo confessar
que, no âmbito da comunicação social lamecense, não faço a mínima ideia de quem
é esta nova testa de ferro que agora se nos apresenta no seu máximo esplendor
da petulância e da má criação, arvorada em iluminada defensora de Lamego e dos
lamecenses (mas curiosamente sempre contra os que têm já provas dadas há muitos
anos a favor de Lamego), porque não conheço tal pessoa, nem sei mesmo se existe
realmente. Mas percebe-se seguramente o que a motiva, sabe-se ao que vem e
consegue-se adivinhar com facilidade o que pretende. A cartilha é a mesma e
anda certamente na academia da maledicência onde outros de igual natureza
também militam.
A ignorância,
mesmo sendo atrevida, ainda se desculpa. Agora a má fé e a falta de
consideração mínimas pelas pessoas que estão em funções políticas sem quaisquer
outros interesses que não sejam os do bem público, promovidas por quem diz não
saber quem são as pessoas, mas não deixando de lançar atoardas contra elas, é
que já não fica bem por parte dos seus autores. Aconselhava vivamente esta
senhora a estudar um pouco mais sobre a história recente de Lamego, porque o
estudo e o conhecimento das coisas e das pessoas sobre as quais pretendemos
emitir opinião, mesmo que legitimamente não concordando com elas, é um ato de
elevação e cidadania que só fica bem a quem o pratica.
Quanto à
última sessão extraordinária da Assembleia Municipal, que tratou deste assunto,
devo recordar e precisar que o que me indignou não foi o conteúdo da matéria
que foi analisada, sobre a qual já me pronunciei por diversas vezes, mas sim a
forma como a mesma foi divulgada, com a benevolência e acordo tácito dos
responsáveis autárquicos.
Uma Assembleia
Municipal que, caso único na nossa história, é publicitada com carros de som,
idênticos na forma aos usados na propaganda eleitoral, com utilização de uma
tarja ao fundo da Avenida, e que depois passa para a fachada do Teatro Ribeiro
Conceição, onde decorreu a sessão, ao melhor estilo comicieiro que se pode
imaginar, só pode pretender lançar confusão ideológica sobre um assunto que,
por ser demasiado abrangente, sério e exigente, deveria ser tratado com o
cuidado, a discrição e a conjugação de esforços de todos, e jamais nos termos panfletários
como tem sido tratado.
Sempre pensei,
e advoguei nos locais próprios, que deveria haver muita mais prudência e tato
no tratamento desta questão, no que toca aos líderes políticos lamecenses,
sobretudo por parte de quem já teve responsabilidades governativas neste País,
esperando-se mais, mesmo muito mais, do que esta conivência estratégica para
com a propaganda fácil de um qualquer partido, agora assumida por razões
exclusivamente eleitoralistas.
A coligação
continua a entender que esta é a melhor forma de tratar o assunto, assumindo
tardiamente (e agora que a obra está quase concluída), que rejeitam
liminarmente esta tipologia de Hospital, quando antes do início da obra (e
ainda que não concordando com ela), decidiram aceitá-la com o argumento de que
era preferível ter alguma coisa, que não ter nada, testando o sistema
posteriormente.
Foi uma boa
opção tomada na altura, porque, se assim não fosse, ainda hoje estaríamos à
espera da tão desejada obra do Hospital de Lamego.
Mas agora,
ainda antes do sistema ser testado, e apenas para que se consiga que a maior
obra que alguma vez um Governo português fez em Lamego (e logo um governo do
PS), não tenha a visibilidade eleitoral que os possa prejudicar, há que
mobilizar as gentes de Lamego, num inqualificável acto de oportunismo político,
aproveitando-se da boa fé e da genuína preocupação de muitos lamecenses, para
fazerem um espectáculo da mais pura demagogia de que há memória na nossa terra.
Repito o que disse – não contribuo para este triste espectáculo!
Mas a verdade
é que os Governos anteriores, sobretudo os do PSD, bem prometeram ao longo de
muitos anos que iriam construir o Hospital de Lamego, mas só um é que o fez e
esse foi mesmo o Governo do Partido Socialista, sendo primeiro ministro o Eng.
José Sócrates. Foi este e mais nenhum!
Em conclusão,
direi que se era para agora fazerem a figura que estão a fazer, então teria
sido bem melhor que rejeitassem liminarmente este novo Hospital, e só
aceitassem o desenvolvimento do processo com a garantia do Hospital que
entendem ser o ideal. Mas deveriam ter feito isso antes das obras, e antes de
40 milhões de euros investidos na mesma!
Fizeram tudo
isto para angariarem mais alguns votos fáceis, que certamente conseguirão
obter, mas prestando um mau serviço à causa que dizem defender, porque o que
importa agora é que a obra se conclua, se teste no terreno a bondade e eficácia
do projecto e, como o Hospital está preparado para evoluir e crescer em função
das reais necessidades das populações que serve, após a sua abertura se
validará ou não a justeza do que tem sido dito e defendido por todos.
Para os meus
detractores que sofrem do mal da iliteracia ou, em alternativa, que estão
imbuídos da mais mesquinha e baixa má fé, repito o que disse anteriormente e
está bem expresso na minha declaração que deixei lavrada na acta da última
reunião camarária – mantenho, agora de forma redobrada, a minha profunda e
total indignação pela forma comicieira que caracterizou a publicitação daquela
Assembleia, prejudicando irremediavelmente a sua eficácia, sabendo eu, como
sempre soube e defendi, que a questão que tem sido debatida por todos nos deve
preocupar e merecer uma séria reflexão, com obrigatórios desenvolvimentos
futuros, mas só após a implementação da nova tipologia de Hospital de
Proximidade, conforme foi anteriormente acordado por todos.
Agostinho
Ribeiro